SÃO PAULO - "Ou você brinca o Carnaval ou ganha o campeonato". A frase do técnico Vanderlei Luxemburgo resume bem a visão do Santos e da maior parte dos clubes no feriado profano. Com o calendário apertado, quase todos os Estaduais têm jogos marcados neste sábado e na quarta-feira de cinzas. Portanto, para a maioria, folia apenas no domingo e com moderação.
"Vamos ter um período de jogos em seqüência e os jogadores vão ter que cancelar o Carnaval. São profissionais e precisam se sacrificar para vencer", sentencia o comandante santista. Os atletas da Vila Belmiro estão concentrados desde a última sexta no CT Rei Pelé e só deixam o local na quarta-feira, quando enfrentam o São Caetano.
No Palmeiras, Emerson Leão dará descanso a seus jogadores no domingo. Amantes do desfile das escolas de samba cariocas, o mangueirense Enílton e o salgueirense Edmundo estarão na Marquês de Sapucaí, mas sabem as regras ditadas pelo comandante: "Os atletas estão liberados, só não pode exagerar".
O discurso é o mesmo em todos os clubes, que não se preocupam em incluir cláusulas específicas sobre "abusos" nos contratos ou promover palestras referentes ao assunto. Preferem apostar na responsabilidade de seus contratados e esperam que eles se reapresentem em boas condições.
"Aqui o Carnaval será de trabalho. O time folga no domingo, mas está todo mundo absolutamente consciente de que estamos em duas competições importantes e precisamos nos concentrar. Não há necessidade de palestra ou coisa parecida porque temos uma programação a ser seguida pelos jogadores", diz o vice-presidente de futebol do Flamengo, Kléber Leite.
No São Paulo, é pequena a importância dada ao primeiro grande feriado do ano. "Não precisamos falar com os jogadores sobre o que eles precisam fazer ou não. O Carnaval é um feriado comum, como outro qualquer, e eles já são instruídos diariamente sobre como se comportar nas folgas. O técnico deve tocar no assunto no sábado e acredito que não teremos problemas", explica Marco Aurélio Cunha, superintendente de futebol do clube.
A postura é semelhante até mesmo na Bahia, terra associada ao Carnaval durante 365 dias por ano. Ao contrário de outros Estaduais, o Baiano não tem partidas programadas para este final de semana, mas a rotina será tão pesada quanto a dos times da região Sudeste.
"Os jogadores vão trabalhar de manhã e de tarde durante o feriado, tem sido assim todos os anos", avisa o presidente do Vitória, Ademar Lemos, que completa: "Eles sabem que não podem beber ou exagerar, caso contrário não agüentam o ritmo dos treinos no dia seguinte". Resta saber se a estratégia surtirá o efeito desejado.
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