Sampaio Corrêa e Corinthians correm o risco de não jogar no Castelão

O jogo pode ser transferido para o estádio Albertão (PI).

Jornal O Estado do MA

Atualizada em 27/03/2022 às 14h54

SÃO LUÍS - O jogo Sampaio x Corinthians Paulista, dia 2 de fevereiro próximo, pela Copa do Brasil, está seriamente ameaçado de não ser realizado em São Luís, no no Estádio Castelão, como a princípio a direção do vice-campeão maranhense estava pretendendo. Tudo indica que o Sampaio tenha que levar o jogo para o Albertão, em Teresina, ou negociar com o Corinthians para jogar em São Paulo, ou ainda pedir à CBF que mude seu adversário e coloque um time de menor expressão para poder jogar em São Luís.

É que ontem os dirigentes do Sampaio foram surpreendidos com a informação que não apenas o setor 1 daquele estádio está interditado, mas que outros setores, também por medida de segurança, poderão ficar com a capacidade reduzida. Segundo a Secretaria de Estadual de Esportes, a capacidade de público do Castelão, que foi reduzida de 75.749 para 33.257 pessoas, com os problemas estruturais do setor 1 e de outros setores, em março do ano passado, poderá cair ainda mais e ficar em torno de 22 a 25 mil torcedores.

Tudo dependerá de um novo laudo que foi encomendado pelo secretário Alim Maluf Filho, titular da Sesp, à empresa Tecnosonda, especializada em medição desse tipo de construção. A Tecnosonda, com sede na Bahia, é a mesma empresa que trouxe da Austrália, em março de 2004, um dos únicos três sofisticados aparelhos que existem no mundo, para fazer um Raio-X completo do Estádio Castelão e referendou o relatório que já havia sido feito pelos engenheiros da então Gesp, do Corpo de Bombeiros, Crea e Defesa Civil, acionados pela Gerência de Esportes, naquela oportunidade.

Como há mais de um ano nada foi feito em termos de recuperação dos problemas de estrutura do Castelão, a Sesp teme que esse novo laudo acuse o comprometimento de outros setores, o que obrigaria o secretário Alim Maluf Filho a reduzir para entre 22 e 25 mil pessoas, a capacidade de público do estádio para os jogos da temporada 2005.

REUNIÕES

Durante o dia de ontem, aconteceram duas reuniões. Pela manhã, Alim Maluf comunicou ao diretor de futebol do Sampaio, José Alberto de Moraes Rego, o Geografia, sobre a possibilidade de ser obrigado a diminuir a capacidade do Castelão para menos de 33 mil torcedores, se o laudo dos técnicos assim recomendar.

No horário da tarde, o secretário recebeu em seu gabinete o presidente da FMF, Alberto Ferreira, e o vice-presidente do Sampaio, Francisco Ramos, o Chicão, quando confirmou sua preocupação com os problemas estruturais do Estádio Castelão.

A reunião contou ainda com as presenças dos engenheiros João Alberto Feques, da Sesp, e Eliseu Passos, da Simfra, e do perito João Antônio Ferreira Lobato, que é ligado à Tecnosonda. Os técnicos reafirmaram o comprometimento das estruturas do Castelão e recomendaram ao secretário Alim Maluf que peça um relatório definitivo à Tecnosonda sobre a capacidade segura de público, hoje, do Estádio Castelão.

RELATÓRIO DE INSPEÇÃO

A inspeção realizada na estrutura do Estádio Castelão objetivou o reconhecimento local da obra, a verificação do estado real de conservação dos elementos estruturais envolvidos e a coleta de dados preliminares sobre as prováveis origens das anormalidades observadas.

A atividade de vistoria consistiu na visita de profissional especializado à unidade citada, objetivando, com o emprego de meios locais de acesso a verificação de anomalias visíveis, a partir dos pontos de observação.

Os trabalhos possibilitam a inspeção visual da parte superior das arquibancadas, da quase totalidade da parte inferior das arquibancadas do setor 1 (arquibancadas elevadas), coberturas e os níveis que compõem o setor 1, setor 4 e o setor 7.

Em função da dificuldade de acesso existente, não foi possível se observar a parte inferior das arquibancadas elevadas dos setores 2 e 6 e que estão próximas aos fossos do setor 1 (região de concordância do terrapleno entre as cotas da arquibancada e piso dois vestiários).

Os elementos coletados constituíram subsídios para identificar as causas prováveis dos problemas constatados e subsidiar as análises observadas sobre a necessidade de intervenções no sentido do saneamento das patologias e recuperação dos elementos estruturais anômalos.

PRINCIPAIS PROBLEMAS OBSERVADOS

Na inspeção realizada na estrutura de concreto armado em questão, foi possível a identificação de patologias e anomalias nos diversos elementos estruturais que compõem o estádio, observadas com incidência sistemática e generalizada tais como:

- Deterioração do concreto superficial das faces interiores de vigas, com expulsão do cobrimento, face a expansão de secções de barras da armadura positiva em processo de corrosão eletroquímica.

- Regiões com intensa carbonatação e fissuração foram visualizadas na parte inferior das arquibancadas compostas por peças pré-moldadas monolotizadas através de concretagem complementar.

- Falta de recobrimento que quase todos os elementos estruturais que formam a arquibancada elevada, inclusive com exposição das armaduras.

- Exposição de barras corroídas foram visualizadas na parte superior das arquibancadas e indícios de futuros desplacamentos nos trechos de ligação entre as peças pré-moldadas que compõem a arquibancada.

- Inexistência ou deterioração de juntas de dilatação em todo o estádio acarretando infiltração nas área cobertas principalmente no setor 1 bem como nas arquibancadas construídas sobre o terrapleno causando carreamento do solo pelas próprias aberturas.

- Desplacamento nas interfaces pilar/viga cobertura inclusive com exposição das armaduras.

AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL

A degradação estrutural, por por corrosão de armaduras, consiste num processo de deterioração progressivo que afeta a capacidade resistente da estrutura, pois influi diretamente na durabilidade de seus elementos, através do comprometimento progressivo das seções das barras da armadura, dimuindo sobremaneira sua vida útil.

Entende-se por vida útil o tempo durante o qual uma determinada estrutura conserva todas as características funcionais e de resistência, para a utilização para a qual foi concebida, sem a necessidade de reparação.

No caso em tela, em função do estado de comprometimento da estrutura das arquibancadas, e de elementos estruturais encontrado nos diversos setores, evidenciado na Inspeção de Reconhecimento, estima-se que a estrutura esteja caminhando para uma situação insegura.

Conforme exposto acima, o estado de comprometimento da estrutura em questão indica a necessidade de implementação de ações no sentido da recuperação dos elementos estruturais anômalos, como também a adoção de técnicas para proteção dos componentes estruturais, de forma a evitar a reincidência da patologia instalada.

Analisando melhor, pode-se depreender que o momento ótimo, do ponto de vista técnico-econômico, para a reparação de uma estrutura correspondente ao surgimento dos primeiros indícios de anormalidades correlacionadas com a patologia. É intuitivo também imaginar que a postergação das intervenções de caráter corretivo, a partir deste ponto, acarretará como conseqüência maiores custos para sua viabilização, tendo em vista o inevitável recrudescimento da deterioração estrutural.

Esta afirmação é justificada não só pelo incremento da abrangência da patologia sobre a estrutura, demandando aumentos de consumos de materiais e serviços necessários à sua reparação, como também com relação a uma maior complexidade da metodologia executiva de recuperação. Face ao exposto, recomendamos a pronta recuperação das peças estruturais, de modo a restaurar a vida residual útil da estrutura, permitindo que a unidade desempenhe com segurança a função à qual foi concebida.

O relatório é assinado por técnicos da Tecnosonda, enviado à Secretaria Estadual de Esportes.

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