Se existe uma festa onde há tradição esta é o encontro de grupos de bumba meu boi de matraca, todo dia 30 de junho, na Avenida São Marçal, no João Paulo. Este ano será a 87ª edição do evento, que junta entre 25 a 30 batalhões, de todo o Estado, em uma profusão de batidas que vai das 6 horas da manhã até 1 hora da manhã do dia seguinte.
Segundo os organizadores, este ano, o circuito vai ter dois palcos, 100 banheiros e sistema de som com cinco locutores, que se revezarão a cada 6h nos microfones.
Comércio
Além da participação dos grupos ser espontânea, a presença de vendedores ambulantes no percurso da avenida também não é monetizada, isso quer dizer que o instituto São Marçal não cobra de ninguém para colocar uma barraca ou vender qualquer coisa no dia do encontro. Mas, às vezes, surge algum esperto marcando lotes nas praças e cobrando dinheiro dos ambulantes.
Toda a parte da logística para fazer a festa funcionar também já foi acordada com os órgãos responsáveis. A Polícia Militar deve encaminhar em torno de 500 homens para a avenida para garantir a segurança durante o dia inteiro. A Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes já sinalizou com o fechamento da Avenida São Marçal, e alguns trechos secundários, o Corpo de Bombeiros irá atuar com pelo menos uma ambulância, além das secretarias de Saúde, que também levarão veículos para emergências. Existe a previsão até da montagem de um hospital de campanha, dentro das dependências do 24º Batalhão de Infantaria Leve. O batalhão, inclusive, ficará responsável, como faz todos os anos, pela produção e distribuição do caldo de feijão. Ao todo, cerca de 800 pessoas estarão trabalhando no evento.
Na parte da decoração, faltando uma semana para o grande encontro, a Avenida São Marçal ainda não está a contento para os organizadores da festa. O presidente do Instituto São Marçal, Raimundo Morais, afirmou que o ideal era que o trecho da via já estivesse completamente tomado pelo espírito da comemoração em honra a São Marçal e ao boei-ro, já que dia 30 de junho também é dia nacional do Bumba Meu Boi, mas a falta de recursos impede que os enfeites sejam colocados. O resultado é que, este ano, serão utilizadas as mesmas flâmulas usadas em 2013, mas que serão postas apenas no sábado, para que elas possam ser retiradas na terça-feira, guardadas e, quem sabe, reutilizadas ano que vem. “A gente faz a festa pelo prazer da festa, pela cultura”, argumentou.
Tradição de São Pedro pede ajuda para realizar festa
São Pedro é um dos santos mais festejados do período. O único que tem feriado, procissão marítima e, depois de São Marçal, o maior encontro de grupos de Bumba Meu Boi do país. Contudo, a festa para o santo, que começou na sexta-feira, não tem o mesmo brilho que outros arraiais da cidade, tidos como grandes, a não ser no dia 29. Fora isso, a organização tem que ir à luta para conseguir algum tipo de incentivo. “A gente já enviou ofício, conversou, mas eles (do poder público) dizem que o nosso arraial é pequeno e que só os grandes é que vão ter algum tipo de incentivo”, conta Regina Soeiro, coordenadora do Conselho Comunitário da Igreja de São Pedro.
Regina critica a visão dos governantes, pois, apesar de ser um arraial pequeno, o festejo no Largo de São Pedro é um dos mais antigos da cidade e o encontro de bois é uma tradição que remonta mais de 70 anos. Sem falar na procissão marítima, que reúne centenas de embarcações, e que este ano sairá às 08h, do dia 29, da Rampa Campos Melo.
Já às 16h30, do mesmo dia, será dada largada à procissão terrestre, que vai percorrer as ruas de São Pantaleão, Passeio, Largo do Cemitério da Saudade e se encerrará com a missa campal no Largo de São Pedro. “Estamos em cima da festa, que será realizada na graça de Deus e sempre na preocupação de oferecer o melhor aos fiéis”, explicou Regina.
Mais
São Marçal é o santo que fecha o mês de junho. Desde 1928, diversos grupos de bumba meu boi encontram-se no bairro João Paulo para prestar homenagens e pedir bênçãos e proteção ao padroeiro. A estimativa é de que pelo menos 300 mil pessoas passem pela festa, tendo um público fixo de 80 mil boieiros. Os batalhões pesados da Maioba, Maracanã, Iguaíba e São José de Ribamar devem liderar as homenagens.
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