Segundo dia

Homenagens marcam enredos das escolas no Rio

A primeira escola a se apresentar, a São Clemente, homenageou Fernando Pamplona.

Vinícius Lisboa/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h45
(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

RIO DE JANEIRO - A cidade do Rio de Janeiro, o coreógrafo Fernando Pamplona, que morreu em 2013, e o país da Guiné Equatorial foram os grandes homenageados no segundo dia desfile das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca, que terminou no fim da madrugada desta terça-feira (17), no Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

A primeira escola a se apresentar, a São Clemente, homenageou Fernando Pamplona, um dos grandes nomes do carnaval do Rio, com o enredo A incrível história do homem que só tinha medo de Matinta Perera, da tocandira e da onça pé de boi. A escola de Botafogo mostrou no Sambódromo caveiras, bruxas e animais nada amigáveis, representando os medos da infância do carioca, que se mudou para o Acre ainda pequeno.

Depois de monstros mitológicos da Amazônia, as figuras assustadoras viraram brincadeira, com a entrada do carro alegórico Ensaiando na Quadra, que retratou um trecho da autobiografia de Pamplona, que, além de coreógrafo, foi carnavalesco. No Salgueiro, ele praticamente inovou, a partir dos anos 1960, o desfile das escolas de samba. Nessa época, Pamplona teve como assistentes Joãozinho Trinta, Maria Augusta e Renato Lage – que mais tarde se destacam como carnavalescos, influenciados pelo trabalho de Pamplona.

Os carnavais de Pamplona estrearam em desfiles com o enredo Quilombo dos Palmares, em 1960, no Salgueiro. Outro personagem retratado por Pamplona, destacado pela São Clemente, foi Xica da Silva, escrava que se casou com um contratador de diamantes e entrou para a alta sociedade.

Depois de destacar diversos desfiles do carnavalesco no Salgueiro, a escola encerrou sua apresentação com uma alegoria em que o mestre do carnaval curte a folia no céu. Para a carnavalesca da São Clemente, Rosa Magalhães, que desenvolveu o enredo sobre Fernando Pamplona, o sentimento traz satisfação: "Foi uma sensação muito boa. Antes, estava até preocupada em fazer um desfile à altura do Fernando Pamplona, mas estou feliz com o resultado."

O aguardado desfile da Portela, a segunda escola a entrar na avenida, homenageou os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro. A agremiação de Madureira começou sua apresentação com muita ousadia: além de drones que simularam bolas de futebol quando a azul e branco mostrou o Estádio Mario Filho, o Maracanã, quatro paraquedistas saltaram de um helicóptero e desceram em plena Marquês de Sapucai, logo adiante da comissão de frente e do carro abre-alas.

A equipe reunida pelo paraquedista Gui Pádua se preparou durante sete meses e chegou a fazer um salto secreto no Sambódromo quatro dias antes do desfile no Sambódromo. "Dos 17 mil saltos que eu fiz na vida, este foi o mais especial", disse. "Não era um salto perigoso, mas era um salto de muita responsabilidade. São 120 mil pessoas embaixo", completou.

O carro abre-alas da escola de Madureira foi outra surpresa. A tradicional águia da agremiação entrou na Sapucaí deitada, levantou-se, abriu as asas e se transformou em um grande Cristo Redentor alado, de 26 metros. Na saída, já na área de dispersão, o gigantesco carro foi separado em duas partes para manobrar e deixar a Marquês de Sapucaí. "Na minha humilde opinião, esta será a escultura que vai marcar este carnaval", disse o vice-presidente da Portela, Marcos Falcon.

Há 45 anos sem ganhar um carnaval, a azul e branco de Madureira foi saudada com gritos de "É campeã" ainda na concentração, na Avenida Presidente Vargas. Para tentar quebrar esse jejum, a escola veio cheia de símbolos do Rio, como as palmeiras do Jardim Botânico, as praias, os Arcos da Lapa e o Maracanã. O compositor e cantor Paulinho da Viola, tradicional portelense, desfilou em uma das alegorias e gostou do que viu. "A Portela veio muito animada e com um samba muito vibrante", disse.

A Beija-Flor foi a terceira escola a desfilar, já na madrugada desta terça-feira (17). A escola de Nilópolis esbanjou sua tradicional riqueza de detalhes em um desfile sobre a Guiné Equatorial, lançando um olhar mais específico sobre a África.

Uma série de símbolos da cultura do país africano foi mostrada na Marquês de Sapucaí, como os griôs, anciãos da África Ocidental que tinham a responsabilidade de estudar e reproduzir os saberes do povo. A colonização europeia e a escravidão foram outros temas abordados pela escola, que encerrou o desfile destacando os laços culturais entre a Guiné Equatorial e o Brasil. O diretor da Comissão de Carnaval da escola, Laíla, ao final resumiu o que foi o desfile da Beja-Flor: "Cumprimos nosso papel. A escola não teve correria e conseguimos terminar em um bom tempo".

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