Relatório aponta transferências da FMF para familiares de Antônio Américo e dívidas milionárias

SÃO LUÍS - A interventora da Federação Maranhense de Futebol (FMF), Susan Lucena, e sua equipe divulgaram o segundo relatório parcial sobre a situação financeira da entidade, que segue sob intervenção judicial desde 5 de agosto, após o afastamento do presidente Antônio Américo e de toda a antiga diretoria.

VEJA MAIS 

Ministério Público pede análise imediata de pedidos na Justiça em caso de intervenção na FMF

Flávio Dino dá prazo para manifestação da CBF e impede eleições na FMF

O documento revela que Antônio Américo transferiu recursos das contas da FMF para familiares e que a federação acumula dívidas superiores a R$ 2 milhões com a União e o FGTS, além de pendências com a Receita Federal, Fazenda Nacional, IPTU e condomínio. O relatório também identificou conflito de interesses em contratos e prestações de serviços internos da entidade.

Transferências e passivos identificados

De acordo com o relatório da junta interventora, quase R$ 2 milhões (R$ 1.705.243,33) foram sacados em espécie das contas da FMF, e R$ 345.828,20 foram transferidos diretamente para contas de Antônio Américo e de familiares.

O levantamento aponta um passivo fiscal de R$ 2.177.694,27, incluindo:

Dívidas com a União e FGTS: R$ 2,1 milhões;

Débito com a Receita Federal: R$ 60.994,33;

Dívida com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional: R$ 1.434.347,33;

20 execuções fiscais referentes a débitos de IPTU;

Débito de condomínio: R$ 19.709,60, relativo à sede da FMF no Palácio dos Esportes, no Centro de São Luís.

Cronograma e ações da junta interventora

A equipe de intervenção também apresentou um cronograma de reforma estatutária e previsão de novas eleições para a diretoria da FMF. De acordo com a documentação, após a conclusão da auditoria, a eleição estava programada para o dia 3 de novembro de 2025.

Entretanto, o processo encontra-se paralisado após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o congelamento das ações da interventoria, suspendendo o recadastramento de ligas e clubes. Com isso, não há previsão para a realização de eleições na entidade.

Manifestação de Antônio Américo

Procurado pela reportagem, o presidente afastado Antônio Américo enviou a seguinte nota:

“A única questão que vou me manifestar é sobre as transferências que foram feitas de forma transparente e clara, são absolutamente legais, tenho como provar, mas somente o farei em juízo. Quanto aos saques, posso afirmar que não fiz nenhum.”

A junta interventora também destacou indícios de confusão patrimonial entre a Federação Maranhense de Futebol (FMF) e o Instituto Maranhense de Futebol (IMF), identificados após o cruzamento de movimentações financeiras entre as duas entidades. O relatório aponta ainda a existência de pagamentos considerados suspeitos, realizados sem comprovação de serviços prestados ou documentação que justificasse as despesas.

Entenda o caso

O Ministério Público do Maranhão (MPMA) ingressou com uma Ação Civil Pública (ACP) contra a Federação Maranhense de Futebol (FMF) e o Instituto Maranhense de Futebol (IMF), alegando irregularidades na gestão, falta de transparência e possível desvio de finalidade institucional.

Segundo o MP, 17 dirigentes foram denunciados, entre eles:

Antônio Américo Lobato Gonçalves, presidente afastado da FMF;

Sílvio Arley Brito Fonseca, presidente do IMF.

A ação, que tramita na Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, tem valor de causa fixado em R$ 2 milhões e resultou no afastamento de todos os dirigentes e na nomeação da junta interventora, atualmente responsável pela administração provisória da federação.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.