MUNDO - Reunir a família, trocar presentes e celebrar o Natal faz parte da tradição de milhões de brasileiros. Mas, por trás do personagem mais famoso dessa época do ano, o Papai Noel, existe uma história longa, cheia de simbolismos, lendas e transformações culturais que atravessam séculos e continentes.
Segundo a CNN Brasil, a figura do “bom velhinho” não surgiu de uma única fonte. Pelo contrário: ela é resultado da fusão de diferentes personagens históricos, religiosos e mitológicos, que ganharam novas formas ao longo do tempo até chegar ao imaginário popular atual.
Muitos nomes além de Papai Noel
Dependendo do país e da tradição, o Papai Noel pode ser chamado de Santa Claus, Father Christmas, São Nicolau, Santa Klaus ou Sinterklaas. Apesar das diferenças de nome e representação, todos se referem, em essência, ao mesmo personagem.
Em entrevista à CNN Brasil, o historiador, escritor e museólogo Manoel Monteiro explica que a imagem atual do Papai Noel nasceu de um processo histórico complexo.
“A imagem do Papai Noel que conhecemos hoje combina elementos de diferentes tradições, incluindo crenças nórdicas e a figura de São Nicolau. Essa fusão cultural explica a riqueza de significados associados a ele”, afirma.
Quem foi São Nicolau?
A base histórica mais conhecida do Papai Noel é São Nicolau, bispo grego do século IV, que viveu na região da atual Turquia. Sua fama se espalhou durante o Império Romano e alcançou regiões da Europa, do Oriente Médio e do norte da África.
Conhecido por sua generosidade, São Nicolau se tornou um santo venerado por ajudar pessoas pobres, especialmente crianças. De acordo com documentos da Biblioteca do Vaticano, seu nome pode ter diferentes origens etimológicas, ligadas a ideias como “vitória do povo”, “elogio vitorioso” ou até “brancura do povo”.
A lenda que inspirou os presentes de Natal
Entre os milagres atribuídos a São Nicolau, um dos mais famosos pode ter dado origem à tradição de deixar presentes para as crianças. Segundo registros históricos, Nicolau teria ajudado um vizinho pobre jogando sacos de moedas de ouro pela janela, durante a noite, para salvar as filhas do homem da miséria.
Essa narrativa ajudou a consolidar o costume de deixar botas ou recipientes para que São Nicolau os enchesse de presentes, prática que, com o tempo, evoluiu para a tradição natalina conhecida hoje.
Father Christmas, Santa Klaus e Sinterklaas
Na Inglaterra, surgiu o Father Christmas, personagem ligado a celebrações pagãs do solstício de inverno e associado à fartura, à fertilidade e à passagem do ano velho para o novo. Já o Santa Klaus, versão alemã, tem forte influência da mitologia nórdica, especialmente da figura de Odin, deus associado à sabedoria e às longas jornadas.
Na Holanda, o destaque é o Sinterklaas, popularizado pelo escritor Washington Irving no século XIX. A celebração acontece no dia 5 de dezembro e apresenta semelhanças e diferenças em relação ao Papai Noel tradicional.
Do verde ao vermelho
Ilustrações antigas mostram o Papai Noel vestindo roupas verdes, cor associada à vida e à renovação. A imagem do personagem com roupas vermelhas começou a se popularizar a partir de 1860, com ilustrações do cartunista Thomas Nast.
Segundo Manoel Monteiro, campanhas publicitárias da Coca-Cola, a partir da década de 1930, ajudaram a fixar definitivamente o Papai Noel de roupa vermelha no imaginário popular, embora fatores religiosos também tenham contribuído para essa mudança.
Simbolismo religioso e espírito natalino
O vermelho passou a ser associado ao Natal também por seu simbolismo cristão, ligado ao amor, à paixão e ao sangue de Cristo.
“O Natal, para os cristãos, está profundamente ligado ao nascimento de Jesus Cristo, com celebrações religiosas, músicas e rituais específicos”, explica Monteiro.
Seja vestido de verde ou vermelho, o Papai Noel atravessou séculos e culturas até se tornar um símbolo universal de generosidade, união e esperança, valores que seguem centrais no Natal celebrado hoje, inclusive no Brasil
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