violência contra a mulher

Seis casos de feminicídio foram registrados este ano no estado

Segundo a delegada Wanda Moura, do Departamento de Feminicídio, a Lei Maria da Penha tem contribuído para encorajar as mulheres a denunciar

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Aos poucos, as mulheres passaram a compreender a necessidade de denunciar seus agressores (feminicídio)

São Luís - Seis casos de feminicídio foram registrados até esta quarta-feira, 10, no Maranhão, segundo a delegada Wanda Moura, chefe do Departamento de Feminicídio, órgão ligado à Superintendência de Homicídio e Proteção a Pessoas do Estado do Maranhão (SHPP-MA). No ano passado, o número chegou a 60, com 518 prisões e 4.071 Medidas Protetivas de Urgência (MPU). Os estupros somaram 72 em 2020. O esforço dos órgãos diretamente ligados a essa problemática é grande e busca reduzir as estatísticas, que só aumentam a cada dia.

De acordo com Wanda Moura, aos poucos as mulheres passam a compreender a necessidade de denunciar os agressores, e a sociedade como um todo, fato que se deve, sobremaneira, ao advento da Lei Maria da Penha. A lei está contribuindo para encorajar as mulheres a denunciarem. Apesar de tudo, ainda há casos em que elas preferem se calar.

“Com a promulgação da Lei Maria da Penha, casos de violência contra a mulher passaram a ter visibilidade, uma vez que esses crimes sempre foram tidos como fruto de relações familiares e que teriam de ficar restritos a esse ambiente. Por essa razão, eles não chegavam às delegacias. Mas tudo isso foi sendo descortinado e os casos passaram a ser investigados, pois se passou a compreender que não se tratavam apenas de brigas de marido e mulher, mas crimes que precisavam da atenção estatal, para que a mulher conseguisse se livrar dessas relações tóxicas”, diz a delegada.

Denúncias
Wanda Moura explica que os casos de violência contra a mulher no Maranhão e no Brasil, no geral, aumentam a cada dia, uma prova de que elas estão denunciando, com mais frequência, a violência sofrida durante anos de convivência com os maridos ou companheiros, quebrando o silêncio do sofrimento e procurando as delegacias em busca de ajuda.

“Esse tipo de violência sempre existiu, mas de maneira camuflada. A lei, por si só, não garante que a mulher tenha uma vida livre de violência, mas ajuda muito, na medida em que aparelha o estado e dá estrutura para que consigamos ajudar essa mulher a romper com esse ciclo da violência. O problema é cultural e faz parte da sociedade machista, onde as relações entre homens e mulheres são de poder: ele pode mais do que ela. Onde há desigualdade de poder, infelizmente, há violência. Nós precisamos construir relações igualitárias entre homens e mulheres para que possamos reduzir esses casos”, frisa.

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No ano passado, com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e as medidas de distanciamento social, houve um aumento do número de casos durante o mês de maio, período em que foi decretado o “lockdown” nos quatro municípios da região metropolitana de São Luís. Este ano, a medida não foi anunciada, apesar do pedido de três defensores públicos. Este ano, no entanto, independente do “lockdown”, os casos já começaram a aparecer, inclusive no interior do estado, como é o caso de Pinheiro, onde um caso foi registrado no dia 1º de janeiro, conforme Karla Danielle, delegada da Mulher de Pinheiro.

SAIBA MAIS

No dia 24 de fevereiro, Lucas Ribeiro Porto, acusado de ter estuprado e assassinado a publicitária Mariana Menezes de Araújo Costa Pinto, em 2016, ir[a a júri popular. Após ser preso, confessou o crime, que teria sido motivado por uma atração que ele sentia pela vítima. Ele responderá pelos crimes de estupro, homicídio e feminicídio. O assassinato aconteceu no dia 13 de novembro de 2016, no apartamento da vítima, no bairro Turu. Segundo a polícia, Mariana Costa estava dormindo em seu quarto quando foi atacada pelo acusado.

Casos em 2020

BOs - 5.979
MPUS - 4.071
Prisões - 518
Lesão 999
Importunação sexual- 55
Descumprimento de MPU - 201
Divulgação de imagens íntimas - 19
Estupro - 72

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