SÃO LUÍS - A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) celebra 54 anos de fundação em meio a uma das maiores crises sanitárias da história do Brasil. Segundo o reitor da instituição, Natalino Salgado Filho, foi preciso agir rápido para enfrentar a crise desencadeada pelo novo coronavírus. No início de março, quando o problema foi intensificado, a UFMA foi uma das primeiras universidades públicas do Brasil e a primeira do Maranhão a levar ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão a proposta de suspensão do calendário acadêmico.
“Nós fizemos isso ancorados na minha formação de médico e, também, na observação ampla do cenário que estávamos atravessando, tanto local quanto nacional. A suspensão foi aprovada por meio da Resolução Consepe 1978. Antes disso, aprovamos a criação do Comitê Operativo de Emergência de Crise, órgão consultivo para apoiar tecnicamente as ações da gestão superior durante a pandemia. Nesse ínterim, trabalhamos com muito afinco para pensar soluções em caráter emergencial em todos os âmbitos, fosse administrativos ou acadêmicos”, frisa o reitor.
Esforços
O calendário acadêmico foi paralisado e as aulas presenciais foram temporariamente suspensas. Ao mesmo tempo, grandes esforços foram concentrados em pensar metodologias remotas de ensino-aprendizagem para diminuir a retenção e a evasão dos discentes por dificuldades de acompanhar os conteúdos.
No campo da formação docente para a nova conjuntura, foram feitos grandes investimentos na formação e treinamento dos professores para desenvolver suas atividades por meio das tecnologias da informação e comunicação. Além dessas medidas, o trabalho administrativo remoto foi instituído visando proteger nossos servidores técnico-administrativos.
“Desde então, estamos acompanhando as ações em esfera nacional, capitaneadas pelo Ministério da Educação e Cultura, sempre na intenção de, ao mesmo tempo, proteger a nossa comunidade, que hoje é de quase 35 mil pessoas, e continuar as atividades de ensino, pesquisa e extensão. A UFMA, em todo este tempo de pandemia, não parou um dia sequer. Pelo contrário, estamos em regime de força-tarefa, sempre resolutos em responder com compromisso e prevenção os anseios da universidade em meio ao cenário pandêmico”, informa Natalino Salgado.
A UFMA desenvolveu e desenvolve ações em todas as suas áreas de atuação, com destaque para iniciativas no campo da pesquisa, ensino, extensão e inovação, sobretudo na área da tecnologia da informação e comunicação, fortalecendo a plataforma de cursos a distância e aumentando sua capacidade tecnológica.
“Nós compreendemos que muitas alternativas ante aos desafios colocados pela pandemia, como a virtualização de muitas atividades, vieram para ficar. Em relação ao combate à Covid-19, abrimos 40 leitos de UTI e 98 de enfermaria no Hospital Universitário Presidente Dutra. Produzimos álcool em gel pelos laboratórios de Química que foi utilizado pelo HU, distribuído para a comunidade e entidades filantrópicas de São Luís e do interior Estado e enviado para os outros campi da instituição”, detalhe o reitor.
Pesquisas
No âmbito da pesquisa e produção do conhecimento, estão em curso mais de 30 pesquisas em diferentes áreas, que abordam direta ou indiretamente a pandemia da Covid-19 e estão sendo financiados por agências de fomento nacionais e estadual. São vários estudos realizados pelos cursos de Medicina, Farmácia, Física e Biologia, a exemplo da construção de bioindicadores e produção de biosensores, por exemplo. Destaca-se, também, a formatação de conteúdos técnicos e científicos para o grande público, por meio de reportagens jornalísticas, programas de rádios e webinários, debates, garantindo o esclarecimento seguro da população.
“Estimulamos a criação de vários projetos para o envolvimento comunitário, como o ‘Máscaras Pela Vida’, desenvolvido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, que consistiu em apoiar costureiras da área Itaqui-Bacanga na produção de máscaras, que eram compradas por empresas daquela área e distribuídas de graça para a população do entorno da universidade. Esse projeto já produziu 16 mil máscaras e contou com a parceria de cinco empresas, beneficiando costureiras da Associação Comunitária Vila Verde. Nesta mesma linha, a UFMA desenvolveu uma série de lives com artistas maranhenses, como o projeto ‘Lives pela Vida’, no qual participaram Zeca Baleiro, Alcione e Boi da Maioba”, diz Natalino Salgado.
Ensino remoto
A universidade oferece formação para seus professores nas ferramentas de ensino remoto e criou um portal para oferecer esses treinamentos que se tornaram uma referência nacional: o “EAD Para Você”, desenvolvimento pela Diretoria de Tecnologias na Educação. Merece destaque o setor de Gestão de Pessoas, que criou normativas e protocolos tanto para o trabalho remoto quanto para as atividades presenciais, que retornaram com todos os cuidados em setembro.
“Nossa área de Gestão e Transparência estabeleceu processos internos, atendeu às demandas dos órgãos de controle, para não atravancar o funcionamento da universidade. Há uma quantidade enorme de ações que a UFMA fez, das grandes às pequenas, para enfrentar esta crise e oferecer resultados positivos à população maranhense”, informa o reitor.
Segundo ele, essas ações ajudaram a fortalecer as muitas parcerias interinstitucionais com outros entes do setor público, privado, entidades de classe e a sociedade civil em geral, capitaneadas pelo “Programa Institucional UFMA no Combate à Covid-19”, em parceria com a Fundação Sousândrade e Josué Montello. Dentre as iniciativas, está a cooperação com vários setores do Governo Federal, principalmente Ministério da Saúde e da Educação, além de órgãos estaduais e municipais, Tribunal Regional do Trabalho e Associação de Médicos do Maranhão, que resultaram na aquisição de equipamentos, produtos e EPIs.
Calendário especial
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Numa ação coordenada pela Pró-Reitoria de Ensino, as atividades de ensino, a priori, em março, foram suspensas, mas retomadas em junho, dentro de um calendário especial remoto, experimental e facultativo, para que os professores pudessem se adaptar a este formato. Depois, no dia 14 de setembro, foi iniciado o período remoto e híbrido relativo ao semestre 2020.1, que terminará em 19 de dezembro. E, também, foi aprovado o calendário para 2020.2, que vai de fevereiro a abril. As aulas dos cursos de pós-graduação também foram para o formato remoto, com cada programa preparando suas ações para se adaptar. Também no ensino, foram criadas normativas para permitir colações de grau remotas, defesas de TCCs, flexibilizar estágios curriculares, para não prejudicar alunos nem reter ninguém.
“A pesquisa também teve que se adaptar. Os laboratórios foram fechados e aquelas pesquisas de campo tiveram que ser suspensas, como tudo, aliás, que precisava do presencial. Mas, sistematicamente, as atividades estão sendo retomadas. Os programas de Mestrado e Doutorado estão fazendo seleções e agora mesmo a Ageufma está recebendo os relatórios finais do PIBIC 2019-2020, ao tempo que finalizamos o processo de concessão de bolsas de iniciação científica para 2020-2021. E quanto à extensão, ela mostrou sua capacidade de, no período mais difícil do isolamento, ser criativa e criar eventos virtuais para mitigar o isolamento de professores, técnicos e alunos, como o projeto ‘Do Nosso Jeito’. E, também, de ajudar a comunidade, como o ‘Máscaras Pela Vida’. Agora mesmo, em plena pandemia, estamos finalizando o Festival Guarnicê de Cinema, com um formato diferente daquele a que a comunidade estava acostumada. Um formato totalmente remoto. Criamos uma plataforma de streaming própria para exibir os filmes do festival, fizemos uma abertura no formato cine drive-in, e a extensão também se adaptou a esses tempos”, diz.
Depois que suspendeu o calendário, A UFMA fez uma grande pesquisa na comunidade, envolvendo professores, técnicos e alunos. A pesquisa tinha como meta, principalmente, coletar informações sobre a realidade da comunidade quanto à conectividade. E, pela pesquisa, descobriu-se que uma parcela dos alunos não tinha condições de ter aulas online. Foi aí que a Reitoria procurou o MEC e demandou ao Ministério da Educação apoio financeiro e técnico para promover a maior ação coordenada de inclusão digital da universidade, fornecendo aos discentes vulneráveis que foram identificados na pesquisa sobre o perfil social da comunidade acadêmica, mil tablets e 5 mil chips com pacotes de dados.
“Para tanto, a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil atuou de forma bastante rápida e com o apoio do MEC, por meio da RNP. Fomos à primeira universidade brasileira a receber os chips de dados do programa ‘Alunos Conectados’, que estão sendo distribuídos aos estudantes. Além da política de inclusão digital, a universidade disponibilizou recursos próprios para auxiliar na conectividade da parcela mais vulnerável dos estudantes”, explica o reitor.
A preocupação com a formação universal dos estudantes e o seu bem-estar também se refletiu no apoio aos estudantes que residem nas residências universitárias, com suporte para retorno as suas casas no início da pandemia. E com essas e outras medidas, como o investimento nas tecnologias digitais, criação do portal EAD Para Você, convênios e parcerias com a RNP, Google e apoio à inclusão digital, a instituição maranhense conseguiu reduzir a uma parcela mínima o problema da conectividade e oferecer o semestre remoto de forma segura e inclusiva.
Na pesquisa, foi detectado que uma quantia considerável dos docentes não tinha conhecimento para lidar com as ferramentas de ensino remoto. E foi isso que norteou a criação do “Portal EAD Para Você”, que ofereceu centenas de eventos desde abril até agora. Cursos de capacitação, webinários, treinamentos, uma plataforma de confecção de ebooks e diversos outros recursos foram postos à disposição dos professores, técnicos administrativos e estudantes. O portal acabou virando uma referência em tecnologia de ensino a distância para outras universidades, dada a sua tecnologia implantada, que foi um trabalho duro da Diretoria de Tecnologias na Educação e da Superintendência de Tecnologia da Informação.
Orçamento
Conforme Natalino Salgado, o corte no orçamento tem o impacto direto, principalmente nas ações que a universidade precisa fazer e que dependem de capital, como obras, implantação de programas e projetos, expansão estrutural, dentre outras, sobretudo pelo fato de ele ter assumido a universidade com problemas de várias ordens, como obras que permaneceram paradas durante os últimos quatro anos, o parque tecnológico defasado, a estrutura física sucateada e necessitando de reparos urgentes, defasagem em relação aos recursos humanos em vários cursos e setores administrativos.
“Mas nós enfrentamos esse problema captando recursos de outras fontes, como a realização de convênios. Também obtivemos o apoio da bancada maranhense na Câmara e no Senado, que reconhece a importância da universidade para o desenvolvimento do estado e sempre destina recursos de emendas parlamentares para as nossas instituições de ensino superior, tanto para a UFMA quanto para a UEMA e o IFMA. Por exemplo, recebemos do senador Roberto Rocha, ainda no início da nossa gestão, cerca de 2 milhões de reais para a compra de livros para todos os campi. Recebemos do Ministério da Saúde, por meio da articulação do deputado Eduardo Braide e do senador Roberto Rocha, dez novos respiradores para o Hospital Universitário. Além disso, muitos convênios de cooperação estão sendo celebrados com agências governamentais, como a Funasa, CODEVASF, MEC, Ministério da Saúde e iniciativa privada.
A UFMA conseguiu avançar em áreas estratégicas e de infraestrutura, mesmo em meio à pandemia. Quando assumiu, Natalino Salgado encontrou a universidade com uma grande quantidade de obras paradas. E, aos poucos, coloca essas obras em execução, de novo. “Por exemplo, já aprovamos o reinício do terceiro bloco do curso de Medicina de Imperatriz, finalizamos as obras que permitiram aos cursos de Balsas mudar para a sua sede própria e também estamos, em novembro, reiniciando as obras para finalizar a Biblioteca Central: obras que ficaram quatro anos em completo abandono. Fizemos, mesmo no período da pandemia, obras nos campi do interior, com reformas, limpeza e pequenas construções”, detalha.
Sustentabilidade
Natalino Salgado informa que a instituição está implantando um projeto de grande importância para a sustentabilidade ambiental de energia solar fotovoltaica na capital e Imperatriz. “Nós fizemos uma série de reformas no prédio do curso de Odontologia para adaptar a estrutura para o ensino remoto e corrigir problemas de muitos anos. A universidade é muito grande. São nove campi no interior do Estado e mais muitos prédios aqui na capital, inclusive no Centro Histórico, com muitas edificações tombadas pelo IPHAN. Estamos retomando as obras de restauro da antiga Fábrica Progresso, onde funcionou o Sioge e abrigará o Museu de Arqueologia da UFMA. Além disso, estamos retomando o projeto de requalificação do Palácio das Lágrimas, onde já funcionou o Curso de Farmácia”, diz.
Além do cuidado com o patrimônio da UFMA, a atual gestão fez uma das mais importantes reformas administrativas da história da instituição, com o foco na modernização, transparência e implantando um planejamento que favoreça a agilidade e eficácia nas ações de governança. No último resultado do ENAD, divulgado esta semana, a UFMA teve cinco cursos avaliados com nota máxima e oito com nota 4. O resultado é fruto do um trabalho iniciado nas gestões anteriores, de fortalecimento do ensino de graduação, com forte investimento na qualificação docente, infraestrutura acadêmica e reforma curricular.
Conforme Natalino Salgado, está em curso um movimento para a criação de uma nova universidade federal, que reuniria os campi de Grajaú, Balsas e Imperatriz. Trata-se de uma demanda antiga da região do sudoeste do Maranhão. As primeiras tentativas de criar uma universidade independente datam dos anos 1990.
“Aprovamos, no mês passado, no CONSUN, moção de apoio à nova universidade. A moção é importante porque é a declaração da UFMA de que ela está de acordo com a divisão e dará o seu apoio, que é fundamental para a eficácia deste processo. Uma nova universidade para o Maranhão é mais do que bem-vinda. O Maranhão é um dos oito estados do Brasil que possui uma única universidade federal. No Nordeste, somente três estados têm uma única federal e o Maranhão é um deles, ao lado de Sergipe e Alagoas. E, na verdade, nosso estado merece mais universidades federais. A região Sudoeste, onde estão os campi de Imperatriz, Balsas e Grajaú, têm 15 cursos de graduação, cinco programas de mestrado e um de doutorado e uma realidade que já tem características para ser universidade”, finaliza.
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