Driblando a crise: rendeiras usam as redes sociais para expandir mercado
Com a queda no faturamento que, em alguns casos, chegou a 80%, algumas trabalhadoras encontraram na tecnologia midiática uma forma barata e eficaz de ampliar o leque de consumidores e até aprender mais
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Foi a partir da iniciativa das mulheres rendeiras e suas marcas do sertão cearense que a atividade passou a ter um elemento muito visto na paisagem do agreste. No município da Raposa, as rendeiras têm total predileção pela utilização de espinhos extraídos do pé de mandacaru (cujo nome científico é Cereus jamacaru).
De acordo com as próprias rendeiras, os espinhos são de fundamental importância para a fabricação da peça a partir do bilro. Os espinhos são usados para prender a renda na execução e “malabarismo” das rendeiras. À medida que o tecido vai sendo confeccionado, mais espinhos são fixados na almofada seguindo uma espécie de diagrama perfurado.
Apesar de sua predileção entre as rendeiras da Raposa, existe uma restrição com relação à utilização dos espinhos de mandacaru na “Renda de Bilro”. Quando se faz necessário a rendeira realizar uma renda “fina”, sendo necessária a utilização de linhas mais delicadas, os espinhos precisam ser substituídos por alfinetes metálicos que possuem seções mais finas.
A tecnologia não substitui a habilidade das rendeiras
De acordo com as próprias rendeiras, são os bilros que sustentam as linhas que são rendadas. Para uma peça, a rendeira pode usar mais de 300 bilros, mas só quatro são trançados ao mesmo tempo. Diante de uma almofada, em que são fincados espinhos de mandacaru para fixar o papelão com os desenhos, a renda surge.
Chama a atenção ainda o tempo necessário para a produção de uma ou de peças específicas. Para uma toalha, ainda que com dimensões menores, é preciso quase uma semana de trabalho. Já para uma colcha de casal, são necessários três meses de dedicação.
Famílias de pescadores do Ceará que migraram para Raposa levaram o artesanato para a cidade.
Saiba mais sobre a Raposa
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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que Raposa é um município que compõe a Região Metropolitana de São Luís, no Norte Maranhense.
As principais atividades de subsistência das famílias eram, e continuam sendo, a pesca artesanal e a produção de rendas, saberes que seguem sendo passados para as gerações mais novas.
A vila viveu por algum tempo em isolamento, pela dificuldade de acesso, tornando-se o que alguns pesquisadores chamam de “ilha linguística”.
O modo de falar dos moradores apresenta várias palavras e expressões que não podem ser encontradas nos dicionários brasileiros. Com a construção do primeiro acesso rodoviário em 1964 e seu asfaltamento em 1977, Raposa expandiu seu quantitativo de moradores e ganhou notoriedade na Ilha.
Atualmente, o município se estende por 64,4 km² e conta com 30 761 habitantes de acordo com o último Censo. A densidade demográfica é de 478 habitantes por km² no território do município.
Sobre a Associação
A Associação das Rendeiras de Raposa foi fundada em 1988, sendo a primeira iniciativa de organização das mulheres do município para a produção de renda. Atualmente, de acordo com a direção da entidade, a Associação conta com 50 artesãs cadastradas e as integrantes se dividem na organização da cadeia produtiva das peças de vestuário, distribuição e comercialização dos produtos. Além disso, se preocupam com a difusão e o ensino da tradição de fazer renda às jovens da comunidade.
A entidade é atualmente presidida por Marilene Marques Moreira, uma defensora das rendeiras. “Com muita dificuldade e sem qualquer apoio do poder público local, vamos sobrevivendo. Realmente, esta pandemia foi prejudicial, mas com competência e ajuda da tecnologia, nos recuperaremos”, afirmou.
Além da venda local e por plataformas digitais, os produtos da Associação são também revendidos em pontos, como o Ceprama e o Sebrae.
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