Análise

Dino: não há maioria para aprovar impeachment de Bolsonaro

Governador do Maranhão fez análise à revista Carta Capital, durante live realizada na última terça-feira, 16; parlamentares alinhados com o gestor preferiram o silêncio sobre o assunto; outros defenderam visão do comunista

Thiago Bastos/ Da Editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Flávio Dino diz que não há maioria no Congresso Nacional para aprovar impeachment de Bolsonaro (Flávio Dino)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), em uma live promovida na terça-feira (16) pela revista Carta Capital, disse que não há maioria para a votação de um processo de impeachment no Congresso Nacional contra o presidente da República, Jair Bolsonaro.

De acordo com o gestor estadual, apesar de – segundo Dino – o cometimento de atos “ilícitos” por Bolsonaro, não há legitimidade política para a análise do tema. “Juridicamente, não há dúvida que há espaço [para o impeachment]. Mas tem outros temperos, ditados pelo fato de o processo de impeachment não ser puramente jurídico, mas antologicamente político”, afirmou.

Para Dino, não há 50% de mobilização favorável ao processo. “Você tem que analisar a situação concreta, no palco onde isso se desenrola, ou seja, no Congresso. Nós não temos 2/3 para votar o impeachment. Nem metade”, afirmou o governador.

Indiretamente, Flávio Dino – ao analisar o cenário político no Congresso – se refere ao recente acordo divulgado por setoristas feito entre o Executivo federal e os partidos que compõem o núcleo político denominado de “centrão”.

Partidos como o DEM, PTB, PL e outros, que gozam de representatividade na Câmara e no Senado poderiam barrar o procedimento, caso os pedidos recebidos pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), fossem analisados.

Ciente disso, na mesma entrevista, Dino conclamou os partidos de centro-esquerda para uma espécie de projeto em prol do país. A diminuição no tom do apelo em prol do impeachment é um recuo estratégico do governador, que não esconde de aliados a pretensão de se lançar à corrida do Planalto em 2022.

Enquanto que em março deste ano, Flávio Dino (a emissoras locais), foi um dos primeiros representantes políticos do país a defender a saída do presidente Bolsonaro, três meses depois, o comunista apela para a ausência de representatividade no Legislativo como causa de impedimento do processo.

Aliados

Aliados do governador que já defenderam abertamente o impeachment de Bolsonaro preferiram neste momento o silêncio. Um deles foi o deputado federal Bira do Pindaré (PSB). Em abril deste ano, o parlamentar maranhense assinou um pedido coletivo de abertura de processo contra o chefe do Executivo. Outro que também não se manifestou, apesar de procurado por O Estado, foi o senador da República, Weverton Rocha (PDT).

O deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) é outro parlamentar que cita, quando pode, o presidente nas redes sociais. Apesar das constantes falas e críticas, Jerry preferiu não defender abertamente a visão dinista de ausência de condição política para o impeachment.

Mais

Críticas

Enquanto aliados não se posicionam nem a favor e nem contra a análise de Dino, parlamentares do núcleo contrário ao governador maranhense criticaram a postura.

Segundo o deputado federal Hildo Rocha (MD), o pedido de impeachment não apresenta fundamentação.

“O que move os proponentes a apresentarem os pedidos de impeachment é o desejo de atrapalhar o governo. Hoje dentro do Congresso Nacional o desejo da maioria é de apoiar a vontade soberana do povo brasileiro que elegeu Jair Bolsonaro”, afirmou Hildo Rocha.

Senadora pede investigações

A senadora maranhense, Eliziane Gama (Cidadania), e uma das aliadas do governador Flávio Dino (PCdoB) no Congresso disse a O Estado que não vê espaço político para impeachment do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, ela é favorável à apuração pelo Legislativo das denúncias contra o gestor federal.

Segundo Eliziane, o processo contra o presidente seria danoso para o país.

“Nosso foco hoje tem que ser encontrar alternativas para mitigar os efeitos dessa pandemia na vida das pessoas e também na classe empresarial, considerando a certa recessão que viveremos nos próximos anos”, disse a senadora.

Para ela, não se pode gerar nova crise política. “Acredito que o Congresso Nacional tem que investigar as denúncias que foram apresentadas, fazer CPI e cumprir com seu papel”, finalizou.

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