Artigo

Covid -19: a guerra dos valores

Aldy Mello, Ex-reitor da UFMA e do CEUMA, membro fundador da ALL e membro efetivo do IHGM

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

Os articulistas das principais revistas do país começaram a falar do pós-Covid-19 e as mudanças duradouras que podem ocorrer. Durante as duas guerras mundiais, no século XX, quando os paises lutavam pelo poder e a riqueza, uns contra os outros, nações contra nações, criando, assim, um modelo de guerra destruidor e cruel, com vencedores e perdedores, modelo que a nossa imaginação concebia e bastava um atrito internacional para imaginarmos uma terceira guerra mundial como as duas primeiras, agora com modernos mísseis balísticos e o uso indiscriminado dos artefatos produzidos pelas armas nucleares, no feitio da Coreia do Norte e do Irã.

O planeta foi pego de surpresa por um vírus, capaz de minimizar os arsenais mais poderosos do mundo, atingindo paises ricos e pobres, ceifando vidas de gente pobre e de gente rica. Uma guerra ainda sem ganhadores e perdedores, deixando o mundo inteiro perplexo, porque a briga não é pelo poder, é pela vida.

Essa pode ter sido a guerra dos valores, pois o mundo estava mudando muito rápido e acelerado, e o homem esquecia facilmente as funções do cérebro que ativam os centros de manutenção da vida, permitindo-lhe substituir valores como a justiça pela injustiça, o amor pelo ódio, além da prática da ganância, da avareza e da inveja.

Embora o conhecimento tenha sido a peça propulsora do progresso humano, a nossa vida não deixou de ser comandada pelos sentimentos que vão e vêm em nossos pensamentos, passando pelas nossas emoções até chegarem as nossas ações. Foi assim que esquecemos a ética e consequentemente os valores que orientam as ações humanas.

O homem moderno é atraído por um tipo de transformação em que sua personalidade define-se mais pela fantasia do que pela realidade do ser humano, buscando o aplauso, o mérito e a honra de seus feitos. O peso das mudanças cai sobre a sociedade, em todos os seus aspectos, trazendo novos valores e hábitos que se tornam regras infalíveis para o convívio social, atingindo diretamente a nossa vida social e privada.

O século XXI trouxe consigo a evolução da ciência, fruto da inteligência dos homens, das engenharias criadas por eles, da forma de ver e fazer as coisas. Nascia uma nova ordem social e Thomas More, em 1535, já pensava nessa nova ordem social, onde se pudessem evitar as injustiças. Era a sua utopia: um Estado que evitasse as injustiças sociais, um lugar de igualdade.

Esse vírus mexeu com a humanidade, derrubou continentes como a Europa até a neutra e a charmosa Suíça, as lideranças mundiais como os Estados Unidos, a China e o Japão, atingindo também os povos de outros hemisférios. É o vírus da morte que diz aos povos e nações que o mundo não foi feito para a luxuria, para cobiça e para mercados como o de petróleo, nem tão pouco para o desfrute de milionários. Por que alguns têm mansões e outros nem palafita? Alguns têm latifúndios e outros nem um pedaço de terra para plantar e sobreviver? Será que a desigualdade é tão vantajosa assim?

Esperamos que a Covid -19 tenha ensinado a humanidade a ser mais capaz de merecer o mundo que lhe foi entregue. Que a sociedade seja contaminada com a justiça, a igualdade das pessoas. Não baste apenas ter medo de pegar o vírus. A cultura do medo, espalhada por toda parte, leva-nos ao medo de sermos descobertos, ao medo de perdemos a vida. Como quer o filósofo Barach Espinoza, precisamos de sabedoria para resgatar os valores perdidos ou esquecidos. Embora saibamos que nenhuma pandemia extinguiu as desigualdades, precisamos, sim, de um mundo onde os refugiados sejam bem tratados e as desigualdades desapareçam. Assim não precisamos usar máscaras.

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