São Luís - A pandemia do novo coronavírus está provocando muito mais do que alterações na rotina dos estabelecimentos comerciais e instituições públicas, que sofreram restrições após decretos do Governo do Estado. Uma situação verificada por O Estado é que os venezuelanos, que comumente ficavam nas principais avenidas da região metropolitana de São Luís, desapareceram desses locais. Até em pontos nos quais os estrangeiros pediam esmola em grupos, eles não são mais vistos.
Esse fato chama a atenção, porque os imigrantes eram flagrados em vários locais como andarilhos, solicitando ajuda financeira, sobretudo em semáforos. Em alguns momentos, as mulheres utilizavam crianças para abordar os condutores. Essa situação estava acontecendo desde abril do ano passado, quando os primeiros grupos desembarcaram na região metropolitana. Mas, desde que a pandemia da Covid-19 ganhou força na Grande Ilha, esses estrangeiros foram desaparecendo dos tradicionais pontos onde pediam esmolas.
Em toda a Avenida Daniel de La Touche, incluindo trechos da Cohama e Parque Shalom, O Estado não observou nenhum venezuelano no meio-fio ou nas calçadas, como era frequente antes da pandemia. A mesma realidade foi verificada na extensão das avenidas Jerônimo de Albuquerque, dos Franceses, Getúlio Vargas e Marechal Castelo Branco. Nesses locais, nem mesmo moradores em situação de rua foram encontrados.
Placas
A tradicional cena dos venezuelanos carregando placas de papelão com mensagens sobre pedido de comida, nesse sentido, está cada vez mais rara na capital maranhense. Mesmo sob sol escaldante, esses latino-americanos se movimentavam nas proximidades de semáforos para conseguir algum dinheiro, a fim de comprar alimentos e água.
Procurado por O Estado, o Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), informou que viabiliza cestas básicas, material de higiene e limpeza para as populações migrantes indígenas venezuelanas. Como a política de Refugiados e Migrantes do Estado possui parcerias com órgãos de âmbito federal, estadual, municipal e organizações internacionais, por meio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), conseguimos viabilizar materiais informativos (alguns em Warao e outros em espanhol) para melhor orientar a população migrante.
Entre as orientações, o material aborda as recomendações de saúde para evitar o contágio e propagação do novo coronavírus e também de como solicitar o auxílio emergencial oferecido pelo Governo Federal. Também são monitorados os grupos de identificados, para os encaminhamentos devidos, tais como secretarias de saúde e assistências municipais.
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A chegada
Os imigrantes chegaram a São Luís em abril deste ano, em uma tentativa de escapar da crise na Venezuela, que sofre com a falta de remédios, de comida, de água e serviços essenciais. No início, eram 55. Em julho, esse número aumentou para 69. Em agosto, havia pelo menos 155 venezuelanos na Grande Ilha. Os estrangeiros desembarcaram no Maranhão para ganhar a vida, uma vez que, no país de origem, isso não está sendo possível, sobretudo para os mais pobres.
Ainda em maio, os estrangeiros foram levados a abrigos na capital. Os primeiros grupos foram encaminhados a uma casa na Cohab-Anil pela Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihop), em parceria com a Secretaria Municipal de Criança e Assistência Social (Semcas). Uma das dificuldades enfrentadas pelos órgãos públicos envolvidos na situação dos venezuelanos é o idioma deles, que é o waraos, mesmo nome da etnia indígena ao qual pertencem no país vizinho ao Brasil.
Desde abril de 2019, os venezuelanos receberam assistência da Sedihop e Semcas, com oferta de serviços relacionados à documentação e inclusão em programas de auxílio ao público carente.
Coronavírus no Maranhão
Apontado como provável causa do desaparecimento dos venezuelanos de São Luís, o novo coronavírus já infectou 8.144 pessoas no Maranhão, com registro de 399 mortes, de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela SES na noite de domingo, 10. Mais de 5 mil contaminados estão em isolamento domiciliar, enquanto 675 estão internados em enfermaria. Outros 304 estão em situação mais grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
São Luís é a cidade maranhense com mais pessoas infectadas, totalizando 4.616. A SES relata que há 669 casos confirmados de contaminação entre profissionais de saúde. Desse total, 609 já se recuperaram e 12 morreram.
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