Homenagem

Alvíssaras a José Sarney

Arlete Nogueira da Cruz

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
(sarney)

José Sarney é importante personalidade brasileira como político e como escritor desde a segunda metade do século XX até este 24 de abril de 2020, quando completa 90 anos de idade. Nome particularmente especial, poucos maranhenses se destacaram e se destacarão, como ele, a nível nacional e internacional, no desempenho longo, inteiramente entregue à política e à arte literária, áreas importantes entre as atividades humanas, chegando a ser presidente do Brasil e membro da Academia Brasileira de Letras.

Governador do Maranhão entre 1965 e 1969, instaurou condições que desencadearam uma rápida transformação econômica, social e educacional maranhense. Presidente do Brasil, num instante de difícil transição política, soube conduzir-se com extrema habilidade e uma educada convivência entre seus pares.

Ao lado do político, de altíssimo prestígio, destaco o intelectual – romancista, contista, poeta e jornalista –, de insofismáveis qualidades. Na área cultural, quando presidente do Brasil, é importante destacar, criou a favor dos artistas brasileiros a Lei Sarney, chamada depois injustamente de Lei Rouanet.

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Os dois grandes romances de José Sarney, O dono do Mar e Saraminda, lendo-os, deram-me grande sensação de encantamento na certeza de que estava diante de um competente romancista. Havia algo em comum entre estes livros: o estilo próprio e aliciante, o profundo e rico conhecimento do cenário – por meio de legítimos elementos paisagísticos e vocabulares –, o domínio de uma estrutura romanesca, que me surpreendeu, e a admirável fabulação que entremeava a narrativa.

Que belos temas José Sarney achou para trabalhar literariamente! Estou pensando no seu romance O dono do mar. Concordo que é rara a presença de romances do mar na literatura brasileira, como comentou Franklin de Oliveira. Isto é, quase uma falta desses romances em relação à grande vivência humana junto à vida marítima do nosso extenso litoral. Lembrando-me da grandeza de atributos existentes em O dono do mar, dou a José Sarney, nestes seus 90 anos de vida, os parabéns devidos ao amigo, estendendo-os aqui ao escritor pela especial forma com a qual seu romance marca notável presença sua na literatura brasileira. O outro romance, Saraminda, – que, de maneira galante e delicada, presta bela homenagem ao Amapá, lugar que soube prestigiá-lo –, traz, como trouxe O dono do mar, a verdade e o mistério de uma paisagem incomum e desconhecida, até então esteticamente inexplorada.

Nestes noventa anos de José Sarney, envio-lhe, sei que Nauro o faria também, estas alvíssaras pela amizade de sempre e por este sincero reconhecimento de grande estadista e excelente escritor brasileiro.

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