Salvatagem

Retirada de óleo de navio encalhado deve começar nesta terça-feira

De acordo com a Polaris, proprietária do cargueiro encalhado, a retirada do óleo depende da chegada de uma das embarcações de apoio, que foi mobilizada para este procedimento

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Navio deve readquirir capacidade de flutuar após a operação e será levado a estaleiro para conserto (navio salvatagem)

A operação para retirada das 3.400 toneladas de óleo do navio sul-coreano Stellar Banner deve ser iniciada nesta terça-feira, 10, de acordo com previsão da Marinha do Brasil, representada pela Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA). A embarcação está encalhada desde o dia 24 de fevereiro, depois que saiu do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, em São Luís, para levar quase 300 mil toneladas de minério de ferro à Ásia. O procedimento é considerado complexo, devido às variáveis envolvidas, como correntes marítimas e variações da maré.

Segundo o comandante do 4º Distrito Naval, o vice-almirante Newton Costa Neto, a expectativa é que a operação comece hoje, mas cada passo está sendo analisado, para que tudo ocorra sem problemas. O objetivo da verificação é checar se as garantias estão sendo cumpridas. O oficial explicou que os navios necessários para a retirada do óleo estão disponíveis, mas as embarcações ainda iriam chegar a São Luís, uma vez que são encontradas com muita dificuldade no Brasil.

“Os contratos são difíceis, pois são navios com alta tecnologia feitos especificamente para esse tipo de dano ambiental ou para a retirada do óleo, como é esse tipo, que são óleos especiais. Outros estão sendo mobilizados porque são muitos tipos de navio para se confrontar as diversas necessidades”, pontuou o comandante naval. De acordo com o vice-almirante, o procedimento é complexo, não apenas devido ao tamanho do navio sul-coreano, de propriedade da Polaris Shipping, como, também, por outros fatores, como quantidade de minério de ferro e óleo que estão no MV Stellar Banner.

Com a retirada de parte do minério de ferro, o navio deve adquirir a capacidade de flutuação, o que permitirá o desencalhamento na Baía de São Marcos. Do banco de areia, onde está com a quilha enterrada, o Stellar Banner dever ser encaminhado a um estaleiro, para que seja consertado, tendo em vista que sofreu uma avaria na proa, que afetou uma área de aproximadamente 25 metros no casco.

Duração da operação

Procurada pelo Jornal O Estado, a Polaris Shipping, proprietária do MV Stellar Banner, explicou que o Plano de Salvatagem já foi apresentado e está previsto para começar logo. Porém, tudo depende da aprovação da Marinha do Brasil. Ademais, de acordo com informações da empresa, outro fator considerado fundamental para o início da operação de retirada do óleo é a chegada de uma das embarcações de apoio, que foi mobilizada para este procedimento.

Ainda segundo a empresa Polaris, a operação de retirada de óleo deve levar cerca de 10 dias, se as condições climáticas assim permitirem.

Desastre ambiental

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A possibilidade de um desastre ambiental, com relação ao óleo e minério de ferro do navio sul-coreano, não é descartada. Em virtude disso, simulações de cenários com relação a essa situação podem acontecer. Para a utilização dessa técnica, uma modelagem computacional foi solicitada, em caso de incidente na embarcação, para a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O objetivo desse procedimento é elaborar planos táticos, como forma de estabelecer ações de resposta a eventuais impactos de poluição no mar.

“Tal modelagem é importantíssima para a simulação de cenários em caso de sinistro”, frisou a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) em nota.

Área afetada

Segundo o chefe de Estado-Maior do Comando do 4º Distrito Naval, Robson Neves Fernandes, a área onde afetada pela avaria na proa é de aproximadamente 25 metros, mas isso não significa que é um buraco desse tamanho, como ressaltou. Esse problema está no lado direito, conhecido em termos náuticos como boreste ou estibordo. Acima dessa parte, fica o porão de carga, onde está o minério de ferro, outra preocupação dos órgãos envolvidos devido ao risco de entrar em contato com a água do mar, o que deve contaminar o mar.

Segundo o capitão de Mar e Guerra, a área afetada foi detectada nas operações de mergulho pela equipe, que é composta por seis profissionais. Essas pessoas estão sendo auxiliadas por robôs subaquáticos. “Os mergulhadores iniciaram as atividades no dia 1º deste mês. São mergulhos com segurança, para delinear o que ocasionou a avaria, a colisão. Vamos apurar o que de fato aconteceu, para que a água adentrasse no navio. Mas ainda não sabemos a quantidade de água. A equipe de salvatagem encaminhou um relatório sobre a extensão do incidente”, expressou o comandante.

O incidente

De acordo com informações da Vale, os 20 tripulantes do navio MV Stellar Banner foram evacuados, por medida de precaução, na noite do dia 24 de fevereiro, data do incidente. O comandante da tripulação adotou a manobra de encalhe a cerca de 100 quilômetros da costa de São Luís, segundo relatado pela mineradora. A embarcação foi construída em 2016 e está sendo operada pela empresa sul-coreana Polaris. O suporte técnico-operacional está sendo realizado por meio de rebocadores e navios da Petrobras.

Segundo a Capitania dos Portos do Maranhão, a embarcação transportava minério de ferro. O problema na avaria ocorreu nas proximidades da boia n° 1, no cantal da Baía de São Marcos, a uma distância de 32 milhas do Farol de Santana. O incidente foi registrado por volta das 21h30 daquele dia. Equipes de mergulho da Marinha do Brasil estão fazendo os trabalhos de inspeção, para que sejam identificados os danos no casco e compartimentos alagados.

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