Chuvas aumentam o perigo de deslizamento na área Itaqui-Bacanga
Mais uma lona foi colocada em encosta na Vila Dom Luís; moradores contaram que, na chuva forte que atingiu a cidade no dia 30 de janeiro, um pedaço do solo cedeu; no Sá Viana, até jacarés já surgiram no aguaceiro
O mês de janeiro ultrapassou a média histórica de precipitação pluviométrica, conforme anunciado pelo Laboratório de Meteorologia (Labmet), do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema). Com as chuvas intensas, a possibilidade de deslizamentos nas áreas de riscos só aumenta. Na área Itaqui-Bacanga, em São Luís, a situação é mais vulnerável na Vila Dom Luís. No Sá Viana, o problema é uma rua que se transformou em um “rio”.
A Rua da Mangueira, na Vila Dom Luís, apresenta risco de deslizamento logo no início da via. Uma grande lona azul foi colocada em cima da encosta, para evitar que a água da chuva penetrasse no solo. De acordo com informações dos moradores, a preocupação sempre é maior no período chuvoso. No entanto, até mesmo em época de muito calor, quem mora na área teme que o terreno ceda e provoque uma tragédia.
Os moradores não quiseram se identificar, mas disseram que já solicitaram ajuda do Poder Público, para que alguma providência seja tomada. Além da lona azul, outra foi colocada também na entrada da rua. Caso aquele terreno desmorone, uma casa será atingida, e outra, que fica no alto, consequentemente desabará. Conforme as pessoas que residem ali, durante a chuva que atingiu São Luís na última quinta-feira, 30, uma parte do solo cedeu, mas foi apenas um pedaço.
“Estava chovendo muito e dando muitos raios. O pessoal viu pedras caindo ladeira abaixo. Por isso que colocaram essa outra lona. Quem mora ali perto pode ser atingido se cair de vez”, expressou uma idosa, que reside na Rua da Mangueira há três décadas.
Rua alagada
Do outro lado da Avenida dos Portugueses, no Sá Viana, a Rua da Alegria se transformou em um “rio”. A via está quase toda alagada. Logo no início, a água aparentemente é limpa. Mas, seguindo mais adiante, adquire uma tonalidade esverdeada. Segundo informado pelos moradores, o problema afeta a localidade há aproximadamente 10 anos. Mesmo quando hão chove, fica repleta de água, que transborda sem parar.
Um rapaz disse ao O Estado que mais de cinco jacarés já foram capturados no meio da água. Recentemente, um filhote do réptil apareceu no “rio”. Ele contou que a água vem de uma lagoa localizada nas proximidades da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e desce pelas tubulações até chegar à Rua da Mangueira. “Fica jorrando o dia inteiro. Às vezes, para, mas é raro. A gente tem que andar pela calçada. Já teve criança que se machucou ao caminhar nesse alagamento”, declarou.
Ainda conforme o morador, diversas espécies de peixes, como tilápia e curimatã, aparecem de vez em quando na água. Quando chove, a rua fica alagada, em uma altura que até invade casas.
Áreas de risco
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil já mapeou 60 pontos como áreas de risco a deslizamentos, alagamentos, inundações e desabamentos na capital maranhense. Na Vila Lobão, pelo menos em dois pontos as características do solo podem resultar em escorregamento do terreno. A situação é mais grave ainda no Bom Jesus, que fica no Polo Coroadinho, onde uma casa está sendo levantada em cima de uma encosta.
Na parte de cima de uma área de risco, na Vila Lobão, passa a Rua São Raimundo, onde moradores se reuniram e fizeram uma estrutura de cimento, para coibir a possibilidade de deslizamento. Do alto, se alguém caminhar desatento, pode até cair. No solo úmido, há muito lixo, entre sacolas, isopor, galhos de árvores, litros de refrigerante e resto de comida. Galinhas e gatos percorrem o barro para tentar localizar algo que possa ser ingerido.
Na descida, fica a Rua Fé em Deus, cujas casas podem ser atingidas em caso de deslizamento. Uma moradora, que não quis se identificar, disse que os populares fizeram uma “vaquinha” e colocaram a cobertura de cimento há aproximadamente cinco meses. De acordo com ela, aconteceu um desmoronamento de terra naquele trecho em 2011, mas após esse episódio nunca mais ocorreu.
Próximo de lá, na Rua São Francisco de Assis, no fim da via, existe um ponto íngreme, com muitas plantas, que também pode deslizar. No Bom Jesus, na região do Polo Coroadinho, o problema está concentrado na Rua do Arame, onde uma encosta é motivo de preocupação de quem reside ali perto. No alto do terreno, uma família está erguendo uma casa, apesar do risco de um deslizamento, como já aconteceu no local, segundo os moradores. O pilar dessa residência está em um solo úmido e barrento.
Os habitantes dessa casa apenas disseram a O Estado que já cobraram a construção de uma escada na descida do terreno. Um morador falou que, há 10 anos, um imóvel que estava sendo levantado no mesmo ponto daquele desabou durante uma forte chuva. “E há pouco tempo caiu um pedaço dessa atual casa. Aqui ao lado, tinha até bananeira. Mas tudo foi abaixo quando a terra caiu”, relembrou ele.
Segundo moradores, quando chove, segundo os populares, uma “cachoeira” se forma no local, levando muito lixo em direção às casas que ficam embaixo da área. Essa descida da água pode agravar mais ainda o risco de deslizamento.
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SALINAS DO SACAVÉM
Outra área vulnerável é a Salinas do Sacavém, no Polo Coroadinho. O terreno íngreme pode desmoronar a qualquer momento. Apesar dos riscos, pessoas também estão construindo casas embaixo desses locais, onde as voçorocas, como são conhecidas geograficamente, estão passando por um processo erosivo. Para aquele ponto, a Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís já emitiu uma determinação para que obras emergenciais sejam realizadas naquele trecho de risco.
Saiba Mais
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