O novo relatório da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), acerca das condições de balneabilidade da orla da Ilha, mostra que todas as praias da Região Metropolitana de São Luís analisadas estão impróprias para banho, em todos os trechos observados pelo Laboratório de Análises Ambientais (LAA). O alerta de contaminação nesses locais é grande. Isso significa que os banhistas precisam tomar cuidado com a saúde e evitar entrar no mar.
O laudo da Sema se refere à ação de monitoramento realizada no período de 30 de dezembro de 2019 a 27 de janeiro deste ano. Este foi o último boletim concernente às condições de balneabilidade divulgado pela Secretaria. Foram analisadas amostras de 21 pontos distribuídos nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Água, Praia do Meio e Araçagi.
Após verificação laboratorial, os técnicos concluíram que todas estão impróprias para banho.
Esse monitoramento, como a Sema frisou, obedece aos padrões fixados na Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de nº 274/00.
Influências das chuvas
A Sema destacou que a ocorrência de chuvas influencia negativamente na qualidade das águas das praias, considerando que acontece maior carreamento de matéria orgânica oriunda da lavagem das vias públicas para os rios e, consequentemente, para os mares. “Portanto, na ocorrência de chuvas, recomenda-se evitar a recreação nas 24h que as sucederem”, salientou a secretaria.
No início deste mês, O Estado publicou reportagem tratando sobre o lançamento de resíduos, que são arrastados em direção ao mar durante as chuvas. Na Praia do Caolho, a situação estava mais grave. Os comerciantes disseram que os próprios pedestres jogam o lixo no chão, sobretudo durante as festas nas proximidades. A sujeira estava cobrindo a faixa de areia.
Nas proximidades de onde estão ocorrendo as obras para implantação do sistema de tráfego do Transporte Rápido por Ônibus (BRT), ao lado da reestruturação da Avenida Litorânea, uma fileira de lixo se estendia pelo local, tornando a paisagem poluída por conta dos resíduos que estavam espalhados. Na areia, havia papelão, isopor, litros de refrigerante, garrafas de cerveja, camisinhas, pedaços de roupas, copos plásticos, cocos, restos de comida, galhos de árvores e frascos de energéticos.
Tudo isso estava misturado às pedras que já existem na praia. De acordo com pessoas que trabalham na região, o lixo é oriundo do Rio Pimenta, cujo curso d’água estava cinza devido à sujeira. O problema também foi notado na Praia do Olho d’Água, onde o lixo foi arrastado pela força da chuva.
Risco à saúde
Quando uma praia é considerada imprópria para banho, significa que, temporariamente, possui um nível elevado de bactérias fecais, que estão presentes em fezes humanas e de animais, assim como também em solos, plantas ou quaisquer efluentes contendo matéria orgânica. Semanalmente, isso é verificado pelas secretarias estaduais do Meio Ambiente. Os valores não podem ser superiores a 100 enterococus, que é um gênero de bactéria, por 100 mililitros.
O Conama define que as águas doces, salobras e salinas destinadas à balneabilidade (recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias própria e imprópria. As consideradas próprias poderão ser subdivididas em várias categorias, como a “Excelente”, que ocorre quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas, em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais.
“Os trechos das praias e dos balneários serão interditados se o órgão de controle ambiental, em quaisquer das suas instâncias (municipal, estadual ou federal), constatar que a má qualidade das águas de recreação de contato primário justifica a medida”, destaca o Conama na Resolução nº 274/00. Ainda de acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente, a amostragem será feita, preferencialmente, nos dias de maior afluência do público às praias ou balneários, a critério do órgão de controle ambiental competente.
Quem desobedece as placas de sinalização e entra na água do mar, em trecho considerado impróprio, fica exposto a diversos micro-organismos patogênicos, como vírus, bactérias, fungos e protozoários. O banhista pode contrair doenças como gastroenterite, hepatite A, cólera e febre tifoide. Dentre os sintomas, a pessoa pode evacuar (geralmente, de forma líquida) de forma descontrolada, sentir enjoos e ser atacada por febre.
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