Cinema

Religião e feminismo abordados em longa-metragem

Destaque no Festival de Berlim, filme coloca em evidência o papel das mulheres nas sociedades religiosas e patriarcais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Cena do filme "Deus é mulher e seu nome é Petúnia” (Petúnia)

São Paulo - Desenvolvido a partir de uma história real, “Deus é mulher e seu nome é Petúnia”, da diretora Teona Strugar Mitevska, estreia em circuito comercial no Brasil em 26 de dezembro, com distribuição da pandora filmes. O filme fez sua estreia mundial na competição oficial do último Festival de Berlim, participou da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e será exibido no Festival do Rio, que começa em 9 de dezembro.

Todos os anos, em 19 de janeiro, há um ritual tradicional para comemorar o feriado da Epifania (batismo de Cristo) nas regiões Cristãs Ortodoxas do Leste Europeu. Uma cruz de madeira é arremessada no rio e quem for capaz de pegá-la, terá boa sorte e prosperidade garantidas para o ano. Em 2014, na cidade de Stip, Macedônia, uma mulher pegou essa cruz. O problema? Apenas homens poderiam participar do rito. Foi então que surgiu a concepção de “Deus é mulher e seu nome é Petúnia”.

“Tentaram tirar a cruz dela, mas ela não cedeu. No dia seguinte, deu uma entrevista à rádio local encorajando mais mulheres a mergulharem atrás da cruz nos anos seguintes. Ela foi rotulada pela população como uma mulher louca e problemática. Para mim e minha produtora Labina Mitevska essas reações expõem o reflexo natural de um conformismo social; elas também revelam a misoginia que é sustentada pelas normas patriarcais profundamente encrustadas em nossa sociedade. Isso foi frustrante e enlouquecedor. A história de Petúnia surgiu dessa frustração”, conta a diretora.

Na trama, Petúnia age como a mulher da história real de 2014: mergulha no rio e agarra a cruz. E logo que sai da água já é atacada pelos homens que não a reconhecem como a vencedora do ritual. Ela tem que enfrentar a revolta da cidade, as acusações da polícia por ter infringido uma regra e a igreja que exige a cruz de volta, afinal nunca na história uma mulher havia agarrado o objeto – nem ao menos tentado.

Teona explica que “Petúnia é um símbolo de modernidade, lutando contra não apenas uma, mas duas instituições: a Igreja e o Estado”, porém apesar de ser impotente diante de ambas, ela felizmente tem na educação uma tábua de salvação. “Eu não tenho a solução sobre como balancear tradição e modernidade e nem qual seria o espaço para a tradição no futuro, mas o que eu questiono é como a tradição pode ser modulada para tratar as mulheres de uma maneira mais igualitária?”.

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