São Luís - Após uma semana do assassinato do líder indígena e guardião da floresta, Paulo Paulino Guajajara, o Lobo Mau; e do madeireiro Márcio Greykue Moreira Pereira, como também da tentativa de homicídio sofrida por Laércio Sousa Silva, o Laércio Guajajara, a polícia ainda não havia efetuado a prisão dos suspeitos. Esse ato bárbaro ocorreu no último dia 1º, na terra indígena Araribóia, entre as cidades de Amarante do Maranhão e Bom Jesus das Selvas. A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH) informou que de janeiro de 2016 até a primeira semana deste mês 13 índios foram mortos em decorrência do conflito com madeireiros no estado e os criminosos não foram punidos.
Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), os autores da emboscada já foram identificados pela polícia, mas os nomes não foram revelados. A investigação está avançada, segue em sigilo e foi solicitado deslocamento de agentes da Força Nacional para ocupação da região.
O coordenador regional da Funai, Guaraci Mendes, declarou que o clima na reserva Araribóia continua tenso e três lideranças indígena tiveram que ser retiradas dessa localidade em companhia de seus familiares. No momento, elas estão sob proteção da polícia em locais sigilosos.
Ele ainda informou que, no Maranhão, pelo menos, há 20 índios de diferentes etnias, que vivem, sob a proteção do Estado. Inclusive, Paulo Paulino estava inserido no Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos. “Visitei a aldeia onde reside o pai de Paulino Guajajara. Neste local, o clima continua de medo e luto”, disse Guaraci Mendes.
Investigação
O trabalho investigativo está sendo realizado pelas Policiais Civil e Federal. O delegado Guilherme Campelo, que é superintendente da Polícia Civil do Interior (SPCI), informou que, por determinação da cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP), foi aberta uma portaria designando a equipe da Delegacia Regional de Imperatriz, sob a coordenação do delegado Edson Martins, para investigar esse ato bárbaro.
O delegado afirmou que várias testemunhas já foram ouvidas na delegacia, como também estão no aguardo do resultado dos exames periciais. Um deles no local do crime que foi feito pelos peritos do Instituto de Criminalística como também dos exames de balística e cadavérico.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, por meio de rede social, disse que a Polícia Federal também estava sendo designada para investigar o caso. Inclusive, ainda na sexta-feira, 8, havia uma equipe da Polícia Federal na região do conflito trabalhando na investigação. A polícia tem o prazo de um mês para encaminhar o inquérito para o Poder Judiciário.
Assassinatos
Antônio Pedrosa, que é assessor jurídico e membro da SMDH, declarou para o G1 MA que 13 indígenas já foram assassinados durante os últimos três anos motivado por conflitos com madeiros no Maranhão e os suspeitos não foram punidos. A maioria desses casos já foram arquivados os processos.
Ele declarou que, até o momento, em nenhum caso foi identificado quem cometeu o crime ou foi levado a julgamento. Esse tipo de violência normalmente é praticado em lugares ermos, sem testemunha, principalmente, no interior da floresta, que não deixa de dificultar o trabalho investigativo. “A polícia deveria priorizar esse tipo de caso”, afirmou Antônio Pedrosa.
Guardiões da floresta
Os Guardiões da Floresta atuam em várias localidades do Maranhão, principalmente, na terra Araribóia, onde vivem cerca de 12 mil índios. Eles possuem a missão de identificar e vigiar as trilhas abertas pelos madeireiros ilegais como também atuam no combate às queimadas.
O grupo é dividido por etnia e cada grupo define o número de guardiões para cada região que vai atuar dentro da floresta amazônica. Na Reserva Alto Turiaçu, no noroeste do Maranhão, os índios Ka’apor também usam tecnologia, como câmeras ocultas e GPS, para vigiar a selva. Os rastreadores indicam a rota dos caminhões, desde a origem até o destino.
As lideranças das etnias Ka’apor, Guajajaras e Awá-Guajás afirmam que estão sendo alvo de ameaças de madeireiros que estão instalados dentro da área indígena. No início deste ano, eles enviaram um vídeo às autoridades denunciando as ameaças que vinham sofrendo de forma diária.
Fique por Dentro
Assassinatos de indígenas ocorridos de janeiro de 2016 a primeira semana deste mês no estado
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José Dias de Oliveira Lopes: morto com sinais de estrangulamento, no ano de 2016, na terra indígena Bacurizinho, em Grajaú
Hugo Pompeu Guajajara: corpo encontrado com sinais de mutilações, no ano de 2016, na terra indígena Cana Brava, em Barra do Corda
Aponuyre Guajajara: morto a tiros, no ano de 2016, na terra Araribóia, na cidade de Amarante
Genésio Guajajara: assassinato a tiros e pauladas, no ano de 2016, terra Araribóia, em Amarante
Isaías Guajajara: assassinado a golpes de faca, no ano de 2016, terra Araribóia, em Amarante
Assis Guajajara: morto a pauladas, no ano de 2016, terra Araribóia, em Amarante
José Queirpos Guajajara: corpo apresentava queimaduras, no ano de 2016, terra de Bacurizinho, em Grajaú
Divino Guajajara: assassinado a golpes de faca, no ano de 2016, terra de Bacurizinho, em Grajaú
Lopes de Sousa Guajajara: corpo mutilado, no ano de 2016, terra Morro Branco, Grajaú
José Colírio Oliveira Guajajara: assassinado a tiros, no ano de 2016, terra Cana Brava, Barra do Corda
Fernando Gamela: morto a tiros, no ano de 2016, terra Gamela, em Viana
Sayrah Ka’apor: morto a facadas, no ano de 2017, terra Alto do Turiaçu, Centro Novo do Maranhão
Paulo Paulino Guajajara: morto a tiros, no ano de 2019, terra Araribóia, em Bom Jesus das Selvas
Número
13 índios já foram mortos em decorrência de conflito com madeireiros no estado de janeiro de 2016 até a primeira semana deste mês
Saiba Mais
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