O amigo de juventude Fran Teixeira Lima foi ao encontro do Pai, cumprindo o destino de todos nós, uns primeiro e outros, depois.
Em Caxias convivemos desde os tempos de ginásio, nas aulas e nas nossas casas, principalmente jogando futebol de botões; em São Luís, entre os anos de 1950/1952, eu estudando no Centro Caixeiral e morando no Hotel de dona Lourdes Vale, e ele no Liceu, morando em Palácio nos tempos em que o governador era Eugênio Barros.
O Fran era filho de dona Olga e ‘seu’ Teixeira, e tinha um irmão, o Telmo; moravam na rua Aarão Reis, bem próximo da casa onde eu nasci.
Vivia com a família o Cícero, um jovem ‘secretário’ muito bem educado; quando os irmãos, Fran e Telmo, demoravam na casa de alguém, como na nossa, entretidos nos jogos de botão (meu time era o Corinthians, com o botão-goleador Baltazar), ele era portador de recados, mas fazia questão de caprichar na mensagem: “doutor Fran (ou Telmo), dona Olga mandar dizer que já está na hora do almoço”.
Uma vez, em plena aula, no Ginásio - não sei bem e nunca soube a razão -, os colegas atiçaram uma briga entre o Fran e eu; irados, saímos da sala e fomos à refrega na área de esportes, com enorme grupo de assistentes.
Foram muitos socos e renhida luta corporal a rolar pelo gramado; apartados - depois de um tempo razoável - pelos mesmos atiçadores, os dois ‘valentes’ ficaram com as tradicionais marcas avermelhadas no rosto, prova da intensidade dos golpes. Continuamos amigos como se nada tivesse acontecido.
Já estudando e morando em São Luís, eu na rua Cândido Ribeiro e ele, na avenida Pedro II, corria o ano de 1952; o bairro do Filipinho, recém inaugurado, era a novidade da cidade e todos queriam andar por lá.
No dia em que completei 18 anos, alguns colegas lembraram e desejaram comemorar, no novo ‘point’; o Fran, que morava em Palácio, ofereceu-se para conseguir um transporte. E assim foi feito.
Animados pelo ambiente, não tardaram os discursos que se sucediam em louvor à minha pessoa e, como soe acontecer em Caxias, as expressões ‘apoiado’ e ‘não apoiado’, pronunciadas conforme os elogios e as restrições; quando chegou a vez do Fran, ele desejou-me, entre louvores à nossa amizade, mais treze anos de vida!
Aquele suave augúrio, presságio em cima de um número cabalístico (?!), deixou-me apreensivo e logo fiz as contas: chegarei aos 31 anos, pelo menos. A verdade é que só fiquei tranquilo depois de ter ultrapassado essa ‘meta’ definida pelo Fran.
O fato do Fran morar em Palácio, contudo, fez com que em estivesse por lá, com certa frequência, aos domingos, em visitas após a Missa das nove horas, na Igreja da Sé.
Os maranhenses estavam ‘em guerra’ contra a posse do governador eleito Eugênio Barros, que ficou como refém das dependências dos Leões; em uma dessas visitas, ao transitar pelos corredores, avistei o Governador com farta barba avermelhada, aparência inusitada para quem nunca cultivou o que hoje é moda!
Depois que ele deixou o governo e mudou-se para o Rio de Janeiro, eleito Senador, hospedou-se com a família, por um tempo, no tradicional Hotel Flórida, no Catete; em companhia do meu pai ainda o visitei no apartamento da rua Anita Garibaldi, em Copacabana.
Esta crônica, portanto, é uma homenagem ao Fran, pela feliz convivência daqueles tempos remotos, porque depois nunca mais o vi.
Antônio Augusto Ribeiro Brandão
Economista, membro da ACL, do IWA e do ELOS Literários, fundador e membro Honorário da ALL
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