Especial O Estado

População está insatisfeita com estado do Patrimônio Histórico e Cultural

Na primeira edição da enquete de O Estado, a população de São Luís opinou sobre o assunto; patrimônios apreciados, investimentos e responsabilidade foram quesitos avaliados

Igor Linhares e Monalisa Benavenuto/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Enquete de O Estado ouviu a população (Enquete)

Em um novo projeto, O Estado vai até você, leitor, ouvir sua opinião acerca dos assuntos mais diversos que fazem parte do cotidiano de São Luís. Na primeira edição, o tema é Patrimônio Histórico e Cultural da capital, sobre o qual 116 pessoas, entre jovens, adultos e idosos, homens e mulheres, responderam à enquete disponibilizada nas redes sociais durante 15 dias. Nesta reportagem, você confere o resultado do questionamento, acompanhado por considerações de pesquisadores e do poder público sobre o tema abordado. Internautas também se manifestaram, subjetivamente, diante o assunto.

A Ilha de Upaon-Açu, dos encantos e dos amores, é internacionalmente conhecida por sua riqueza cultural. São Luís é detentora do maior conjunto arquitetônico de origem portuguesa da América Latina, espalhado em uma área de 62 hectares, repleta por mais de três mil casarões históricos e outras 500 construções como praças, igrejas e monumentos. No entanto, as condições em que se encontram os imóveis são de quase ruína e também motivaram críticas dos votantes. Muitos contestam as ações de conservação dos prédios, tanto pelo poder público, quanto da própria população. “Devemos cuidar mais, não quero apenas a conservação de coisas materiais, estamos também falando da história do nosso estado”, afirmou um dos participantes.

Patrimônios apreciados
A beleza e a importância histórica deste acervo foram reconhecidas em 1997, pela Organização das Nações Unidas para a Educação e Cultura (Unesco), que concedeu à cidade o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, e segue sendo consagrada como o segmento mais apreciado dentre os encantos da Ilha, conforme o resultado da enquete, em que 75% dos participantes - 87 pessoas - deram preferência ao Patrimônio Material de São Luís e ressaltaram a importância de manter de pé a história contada pelas edificações. “Existe história na arquitetura, nas manifestações da identidade maranhense, que precisam ser conhecidas por outras gerações. Por isso a preservação dos casarões de São Luís se torna indispensável”, contribuiu o internauta.

Já o Patrimônio Natural, composto por praias, rios, lagoas, mangues, dunas e demais espaços integrados ao meio ambiente, foi o segundo mais bem votado pelos participantes da enquete. Por se tratar de uma ilha, São Luís é banhada e cercada por águas salgadas, que compõem praias, desde as mais movimentadas àquelas menos frequentadas. No total, 68 pessoas optaram pelo Patrimônio Natural, resultando em 58,6% dos votos, reforçando o potencial ludovicense para o turismo ecológico.

Mas a “Atenas Brasileira”, berço de poetas, regada a reggae e ritmada pelos sons do tambor de crioula, bumba meu boi e Divino Espírito Santo, entre tantas manifestações, também é reconhecida por sua riqueza cultural. E o que falar da culinária? Influenciada por africanos, europeus e indígenas que nesta terra habitaram, tornou-se diversificada e, ao mesmo tempo, única, capaz de seduzir a quem vive e passa por aqui. Todos estes componentes integram o Patrimônio Imaterial presente na capital maranhense, que é destaque mundial e não poderia ser ignorado pelos participantes da enquete: 63 deles (54,3% dos votos) afirmaram apreciar o segmento. “Rico e importante, tanto para o povo maranhense quanto para os demais brasileiros. É preciso manter vivo esse patrimônio”, elencou outro participante.

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Por último, mas não menos importante, o Patrimônio Vivo, composto por pessoas e grupos que detêm conhecimento ou técnica necessária para a produção e preservação de aspectos da cultura popular e tradicional, recebeu 25,9% dos votos, escolhido por 30 participantes da enquete. Organizadores de brincadeiras, escritores, pesquisadores e estudiosos da cultura popular, assim como artistas.

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Avaliação de investimentos
Os participantes foram convidados a avaliar, com nota de 1 a 5, os investimentos realizados pela gestão pública, estadual e municipal, referentes ao Patrimônio Histórico e Cultural de São Luís. Dos resultados obtidos, a enquete evidenciou que 32,8% dos internautas classificaram a destinação de verbas com nota 3, ou seja, “regular”. 29, 3% votaram na nota 2, equivalente a “ruim”, enquanto outros 21,6% classificaram os investimentos como “péssimos”, com nota 1. As notas 4 e 5, que representam avaliação positiva, receberam, respectivamente, 11,1% e 5,2% dos votos, enfatizando a insatisfação dos participantes quanto aos repasses de verbas para conservação do patrimônio de São Luís.

Responsabilidade
O Estado
questionou a opinião dos internautas quanto à responsabilidade de cuidar, preservar e valorizar o Patrimônio Histórico e Cultural de São Luís. 91,5% deles consideraram que o comprometimento deve partir tanto do poder público, quanto da população. Outros 4,2% avaliaram que a responsabilidade deve ser apenas do poder público e 4,3%, da população. O resultado se refletiu ainda nas pontuações feitas pelos participantes, que afirmaram que o patrimônio “seria bem melhor se a população cuidasse e, principalmente, se o poder público investisse”.

ENTENDA

O Centro Histórico de São Luís foi escolhido em 1997 como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. O anúncio foi feito na cidade italiana de Nápoles. A Convenção do Patrimônio Mundial da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) tombou, além do centro histórico da capital maranhense, outros quatro monumentos latino -americanos, à época.
São Luís tem cerca de 4 mil imóveis tombados como patrimônio histórico da União (desde 1955) e do Governo do Estado (desde 1986). São casarões coloniais dos séculos XVIII e XIX, exemplares da arquitetura portuguesa. Foram erguidos com pedras de cantaria (espécie de mármore), barro e cal. Expõem em sua fachada exemplos de azulejos portugueses. Atualmente, o Centro Histórico abriga residências e comércio. Segundo grandes nomes da arquitetura mundial, é o maior conjunto de prédios tombados de todo o país. Apesar de determinada por leis estaduais, a conservação dos prédios é difícil, principalmente em razão dos elevados custos. A área tombada pela Unesco contabiliza 220 hectares e é o núcleo mais antigo da expansão urbana de São Luís. A planta foi projetada em 1615, pelo engenheiro Francisco Frias de Mesquita.
Na década de 1980, o governo maranhense reformou cerca de 200 casarões na Praia Grande, no chamado Projeto Reviver.

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