Um dos maiores atrativos para os turistas que procuram São Luís durante as festas de Réveillon, assim como um dos pontos escolhidos pela própria população para receber 2019, as praias da capital e região metropolitana estão todas impróprias para o banho, de acordo com o último laudo de balneabilidade deste ano, divulgado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) na quinta-feira (27).
No dia 31 de dezembro, último dia de 2018, milhares de pessoas se dirigirão à orla da capital maranhense para receber o novo ano, ato que já é tradicional na cidade, uma vez que várias bandas se apresentarão e deverão fazer a festa de quem escolheu o espaço para fazer a contagem regressiva da virada e assistir à queima de fogos.
Mas quem estiver pensando em pular as sete ondas do mar, é melhor estar ciente da poluição que afeta todos os 21 pontos verificados pela Sema, a fim de garantir a qualidade da água, que sucedeu, durante todo o ano, a resultados negativos.
“Língua negra”
O litoral da Grande São Luís tem registros constantes de poluição, e o derramamento de esgoto escuro, denominado como “língua negra”, na Praia do Calhau, em 2015, teve grande repercussão e pôs em voga a questão do tratamento de esgoto da capital, que não atinge 5% no quesito saneamento básico, de acordo com informações da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) - operadora que realiza o tratamento de água e esgoto em quase todos os municípios do estado.
De acordo com o Instituto Trata Brasil, a capital maranhense ocupa a 76ª posição no ranking do saneamento, perdendo para estados de menores populações e espaços demográficos, ponto que questiona o motivo pelo qual o tratamento de esgoto ainda é tão ineficaz em São Luís.
Fatores e critérios de balneabilidade
Uma série de fatores influem na balneabilidade. Se esta fica em uma zona muito habitada e com muitos frequentadores, a tendência é que a qualidade de suas águas não seja tão boa. Épocas de chuva também costumam prejudicar a balneabilidade já que trazem dejetos para o mar. Outros fatores de destaque são a coleta de lixo e o tratamento de esgoto local, e a mudança das marés, que podem afetar negativamente as águas. Outro indicador, ao qual a Sema também considera para sua análise e resultado, é a presença de enterococos na água.
De acordo com o doutor em Saneamento Ambiental pela Universidade de São Paulo (USP), Lúcio Macedo, as condições do corpo hídrico do Parque da Lagoa da Jansen têm afetado, diretamente, na balneabilidade de toda a faixa litorânea de São Luís.
“O material que se encontra no fundo da Lagoa migra para a praia, que também passa a ficar poluída em função da grande poluição que existe nos sedimentos. Só para se ter uma ideia, o parâmetro estipulado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) é da ordem de 10 mg/l. Aqui nós temos cerca de 1.000 mg/l de sedimento de fundo. Outro ponto é a quantidade de coliformes. O limite estabelecido para balneabilidade, por exemplo, é de 1.000 cólis por 100 ml. Aqui nós temos cerca de 8.000 cólis por 100 ml, oito vezes maior que o recomendável”, destacou.
Ainda segundo o especialista, a única solução para a contenção da poluição que avança cada dia mais para o mar de São Luís e Região Metropolitana é a implantação de Estações de Tratamento Elevatória (ETE’s) e um Plano de Resíduos Sólidos consistentes.
Sobre a situação, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) informaou, em nota, que, por meio do Programa Mais Saneamento, vem implantando redes coletoras e interceptores de esgoto na capital - aproximadamente com 100 km já implantados - cuja obra segue em execução. A Companhia entregou a ETE Vinhais, uma das maiores das estações de tratamento de esgoto do Nordeste. As obras da ETE Anil, que deverá ser entregue em breve, seguem em fase avançada. Além disso, o Mais Saneamento também trabalha constantemente na retirada de pontos de esgoto de rios, como acontece com o Calhau, Pimenta e Claro. Por fim, a Caema esclarece que trata todo o volume de esgoto que chega às suas Estações de Tratamento em operação.
Quando uma praia é própria?
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Uma praia é considerada própria se não tiver registrado mais de mil coliformes fecais para cada 100 ml de água na semana de análise e nas quatro anteriores
Riscos para a saúde
- por ingestão de água: cólera, disenteria bacilar, febre tifoide, gastrenterite, diarreia infantil e leptospirose.
- através de contato direto com água: o principal exemplo é a esquistossomose.
Saiba Mais
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