Dedicação

Um anjo bom da medicina

O jovem médico Allan Fontenele Estrela, cearense radicado no Maranhão, é um desses profissionais que fazem a diferença nas unidades de saúde

Evandro Jr. / O Estado do Maranhão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h33
Médico Allan Estrela em raro registro, já que ele diz não se prender a consultório

SÃO LUÍS - Sensibilizado com a dor e sofrimento de uma família, um médico a leva para sua casa para que tenha onde ficar durante o tratamento de saúde de uma criança de dois anos. Ele inicia uma corrente do bem em prol do filho de pais analfabetos e sem dinheiro no bolso, fazendo surgir uma luz no fim do túnel com a boa vontade de quem faz a diferença. Apesar do esforço, após 25 dias de muita luta o final não foi feliz e a morte encerrou o sofrimento da criança.

A história acima é real e aconteceu em São Luís. O anjo bom chama-se Allan Fontenele Estrela, médico cearense radicado no Maranhão e que, atualmente, atende em unidades de pronto-atendimento, como a do Vinhais, e atua na área de Estratégia Saúde da Família (ESF). O clínico-geral é daqueles profissionais que se envolvem com os pacientes e incorporam suas histórias. Como o coração é grande, sempre se mostra disposto a resolver o problema do paciente.
“Era uma família muito humilde, que veio do interior em busca de atendimento para o filho pequeno. Não tinha sequer onde ficar. Foi quando percebi que precisava fazer alguma coisa e mobilizei meus pais, irmãos, demais familiares e amigos. Foi um momento inesquecível”, recorda Allan Estrela. “Quando fazemos aquilo que amamos, o retorno e reconhecimento são gratuitos”.

Allan Estrela com crianças atendidas por ele no interior
Lidamos com serviços cheios, recursos esgotados, hospitais sucateados e muitos pacientes ainda colocam a culpa em nós”
Diferença
A sensibilidade fez a diferença na escolha da profissão. Allan Estrela, formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), está na área certa e sente-se realizado. Apesar da rotina estressante, cansativa, intensa, ele consegue passar uma energia altamente positiva para os pacientes, sempre com um largo sorriso no rosto. E isto o faz de exemplo para muitos. Semanalmente, cumpre plantões em serviços de urgência e emergência, clínica médica e atendimento ambulatorial, convivendo com todos os tipos de pacientes e casos. Quando veste o jaleco, veste-se também de esperança para muitos que já a perderam.
O médico trabalhou por dois anos em Marajá do Sena, município maranhense com o segundo menor IDH. Essa experiência, segundo ele, foi valiosa para a carreira escolhida.
“Não é fácil ser médico hoje em dia. A demanda é alta e muitos profissionais ainda se dividem entre os hospitais e o consultório. As pessoas imaginam que a medicina é uma profissão que só oferece status e uma conta corrente recheada, mas isto não é verdade. Estresse emocional, alimentação rápida e restrita, noites mal dormidas, trabalho em datas e ocasiões especiais, além da pressão por parte de pacientes e familiares e a autocobrança são fatores onipresentes”, revela.

Sou realizado naquilo que escolhi como ofício. Tento fazer o melhor por aqueles que passam por meus olhos, por meus ouvidos e por minhas mãos”

No último Carnaval, ele trocou o abadá pelo uniforme branco. Mas sua folia é salvar vidas. E, além da bagagem teórico-prática, coloca altas doses de humanidade em cada atendimento que faz. “Ver o outro como ser humano e não tão somente a doença, ser paciente diante da angústia das famílias e sempre tentar ser resolutivo, são atitudes fundamentais”, considera.

Totalmente envolvido com a profissão, o médico gosta de levantar a bandeira do Sistema Único de Saúde (SUS) e luta para oferecer uma saúde pública de qualidade a quem mais precisa. Para tal, recicla-se e dedica um dia da semana para aulas preparatórias visando à especialização. “Quem trabalha com a vida do outro precisa sempre se atualizar e oferecer o que há de melhor e inovador”, frisa, contando que, recentemente, esteve em Florianópolis, participando do Congresso Brasileiro de Epidemiologia.
Filho de Mário e Dilza Fontenelle e irmão de Ana Raíza e Netinho, o melhor amigo é Didi. “São meus alicerces e minha força motriz. São maravilhosos e permanecem nos bastidores me auxiliando, vibrando e compartilhando da minha alegria em ser médico”, conta.

Sou feliz por não deixar perder a essência de me prestar ao bem, valorizar a dor e a angústia alheia e me colocar no lugar do outro, sempre”

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