Participante do VI Salão de Artes Visuais de São Luís, o grafiteiro Gil Leros foi beber na fonte da cultura popular para unir arte urbana e bumba meu boi. É dele o painel de seis metros de altura que traz a imagem do cantador Humberto de Maracanã – que concorre ao prêmio principal da mostra – pintado em uma ruína na parte externa da Galeria Trapiche Santo Ângelo (Praia Grande), local onde serão expostos, de 31 deste mês a 27 de maio, os trabalhos selecionados para o certame promovido pela Secretaria Municipal de Cultura por maio daquela galeria.
Embora o anúncio dos nomes dos vencedores do concurso seja feito apenas no dia da abertura do Salão, os trabalhos concorrentes já foram julgados por uma comissão indicada pela Secretaria Municipal de Cultura.
Este é o segundo painel em homenagem aos amos de boi assinado pelo grafiteiro e o primeiro em solo ludovicense. Gil Leros conta que o primeiro, de cerca de oito metros de altura, foi feito em São José do Rio Preto, São Paulo, durante um evento que reuniu grafiteiros de outros estados. Lá ele retratou o amo do boi de Santa Fé, Zé Olhinho.
As imagens integram o projeto “Poeta cantador”, que nasceu a partir do livro “Os senhores cantadores amos e poetas do bumba meu boi do Maranhão”, organizado pelo músico maranhense Papete, com fotografias de Márcio Vasconcelos. “Quando fui convidado para fazer o painel em São José do Rio Preto, não tinha muita ideia do que fazer. Foi quando ganhei o livro de Papete com fotos de Márcio [Vasconcelos], que me cedeu as imagens dos cantadores. O mural de São José deu uma repercussão muito boa, o que me incentivou a continuar com o projeto”, diz Gil Leros.
Critérios
A escolha por pintar Humberto de Maracanã, que com seu maracá comandou seu batalhão até janeiro de 2015, quando morreu, se deu por questões técnicas. “Como a gente tem uma carência de material aqui em São Luís, eu decido o cantador conforme os tons de pele dele e as tintas que tenho. Se tenho tons mais claros, opto por pintar um cantador de pele mais clara e vice-versa. O que define de fato é o material que eu tenho”, relata o grafiteiro.
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Sobre seu processo de criação, Gil Leros destaca que se dá de forma intuitiva, com exceção do rosto do cantador, que parte de uma fotografia. O restante dos elementos é pensada pelo artista na hora, de acordo com a situação que ele está vivendo, sem muita regra, algo mais orgânico. “Esse trabalho sem retas e quase nada de pontas é bem característico do trabalho que ando fazendo, parte muito da estética da pichação da própria cidade, já que cada cidade tem sua própria estética. Aqui isso não é diferente. Temos muitas curvaturas, arcos, é sinuosa, cada letra se liga de forma sinuosa e isto está ligada à própria sinuosidade da cidade, das ruas, vias, arcos, casarões, altos e baixos”, opina Gil Leros.
O artista conta que pretende dar continuidade ao projeto “Poeta cantador”, pintando, em especial, aqueles que figuram no livro. Mas ainda não há previsão. “Até mesmo pelas proporções, que precisa de um espaço grande. Mas quero tentar fazer outro ainda este ano, mas ainda não sei dizer”, salienta o grafiteiro
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O VI Salão de Artes Visuais de São Luís é composto este ano por 30 obras selecionadas por um júri técnico convidado graças a mudanças no edital – a ampliação do número de obras concorrentes (de 20 para 30) e o critério de participação de artistas desclassificados em salões de anos anteriores. Os artistas participantes concorrerão à premiação máxima no valor de R$ 15 mil, de acordo com a classificação do Júri de Seleção. A mostra competitiva tem como objetivo incentivar a criação e a difusão da atual produção artística, valorizando o trabalho dos artistas da cidade e promovendo a formação e reflexão sobre temas contemporâneos.
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