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Condutores usam redes sociais para fugir de blitz da Lei Seca

Pela internet, eles trocam informações sobre fiscalização nas ruas; prática não é considerada crime, mas Polícia Militar alerta dos riscos e tenta surpreender motoristas

Jock Dean/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h51
Em aplicativo, pessoas avisam sobre blitze que estão acontecendo (Print)

Desde 2008, quando a Lei Seca ficou mais rígida, a Polícia Militar (PM) faz operações em São Luís para tentar pegar quem insiste nessa mistura perigosa: bebida e direção. Mas quem continua bebendo e dirigindo faz de tudo para fugir das fiscalizações e até usa a internet para isso. Pelas redes sociais ou por meio de aplicativos de celular, as pessoas informam onde há bloqueios e os motoristas mais rápidos conseguem desviar o caminho. No entanto, a PM garante que isso não compromete a fiscalização.

Tarde da noite, a pessoa está em um bar, pensando em voltar para casa pelo caminho de sempre e recebe a seguinte mensagem: “Boa noite, guerreiros, só para avisar que está tendo blitz pesada beirando o muro da Uema. Saíram três guinchos cheios de motos e carros”. Com essa informação, o condutor, sabendo que pode ter o veículo apreendido e a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, muda sua rota para não passar pela blitz. A Polícia Militar alerta para os riscos dessa prática, mas frisa que, durante a execução das operações, os pontos onde ocorrem as blitze são modificados para surpreender condutores.

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Essa mensagem é real e foi repassada por meio de um aplicativo de mensagens instantâneas para celular. Essa é uma prática que se tornou comum após a popularização desse tipo de ferramenta. “Apesar disso, tem um lado positivo nes­sa prática, pois as pessoas ficam sabendo que a polícia está nas ruas fazendo blitz. Com isso, vão surgir dois tipos de motoristas: o que desvia da blitz e aquele que evita dirigir após beber”, disse o major Augusto Magalhães, comandante da Companhia de Polícia Militar Rodoviária Independente (CPRv Ind) da PM, que é responsável pela blitz da Lei Seca.

Sem crime
O major Augusto Magalhães informou que repassar esse tipo de informação via aplicativos de smart­phones não é crime. “Não existe nada na legislação brasileira sobre esse tema e essa prática, mas sim uma ética e moral. Afinal, quem faz isso acaba indiretamente contribuindo para o cometimento de um crime, que é a embriaguez ao volante”, comentou.

O comandante da CPRv Ind destacou os riscos de repassar esse tipo de informação. “O condutor que tem o hábito de beber e dirigir e muda sua rota após ser avisado de uma blitz pode causar um acidente que pode, inclusive, vitimar a própria pessoa que avisou ou um familiar”, afirmou. Ainda segundo o comandante, o objetivo da polícia não é multar o motorista, mas coibir que ele beba e dirija e acabe causando um acidente de trânsito que pode ter consequências graves inclusive para si.

E, se durante toda a noite os internautas são rápidos com as mensagens, a polícia também é ágil para mudar os pontos de fiscalização. Na tentativa de surpreender os motoristas, em poucos minutos, a polícia muda de lugar. “Repassar esse tipo de informação atrapalha, mas não chega a colocar em cheque a operação policial de cumprimento à Lei Seca, pois a polícia não atua onde não tem necessidade. Quando percebemos que a operação não está surtindo efeito, nós mudamos de lo­cal e, ao longo da noite, tentamos impedir que os condutores dirijam após beber”, informou.

SAIBA MAIS
Lei Seca

Conforme a Lei Seca é considerado um ato criminal quando o motorista for flagrado dirigindo com índice de álcool no sangue superior ao permitido pelo Código Brasileiro de Trânsito (CTB) que é 0,34 miligrama de álcool por litro de ar expelido ou seis decigramas por litro de sangue. Nesse caso, a pena é de detenção de seis meses a três anos, multa no valor de R$ 1915,40, perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), suspensão temporária da carteira de motorista ou proibição permanente de obter a habilitação. O valor da multas é dobrado caso o motorista tenha cometido a mesma infração nos 12 meses anteriores.

Se o bafômetro registrar um índice igual ou superior a 0,05 miligrama de álcool por litro de ar, mas abaixo do 0,34 permitido pelo código de trânsito, o condutor é punido apenas com multa. No exame de sangue, o motorista será multado por qualquer concentração de álcool e pode ser preso se tiver mais de seis decigramas de álcool por litro de sangue.

NÚMEROS
188 condutores
já foram autuados por alcoolemia de 1º a 17 de janeiro deste ano em São Luís
R$ 1915,40 é o valor da multa para quem bebe e dirije

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