O foguete e o vira-lata
Precisamos ter visão crítica e ainda há muito o que melhorar em nosso país, mas não podemos desprezar o que existe de bom.
Os olhos estavam voltados para o céu e as expectativas eram altas nestes últimos dias de 2025. Durante a noite, os curiosos reuniram-se na praia da Ilha de São Luís, não para admirar as estrelas ou a lua cheia, mas por causa da decolagem programada do foguete sul-coreano HANBIT-Nano.
O foguete que carregava satélites e experimentos científicos decolou do Centro Espacial de Alcântara, iluminou o horizonte por alguns minutos, encantando aqueles que sonham com outras galáxias, mas apresentou anomalias e terminou explodindo.
O fato é que o referido foguete foi o primeiro a realizar um voo comercial lançado do Brasil. Esse acontecimento por si só é digno de louvor e merece ser comemorado. Se muitos dos objetivos cotidianos não são alcançados na primeira tentativa, algo de tamanha magnitude e complexidade também não seria. Exige investimento, pesquisa e resiliência. A InnoSpace já anunciou que vai realizar novos lançamentos comerciais no próximo semestre.
Contudo, além do foguete, o latido dos vira-latas também nos chamou atenção. Aqui não me refiro aos simpáticos seres de quatro patas que perambulam pelas ruas em busca de alimento e um pouco de carinho. Falo da espécie tão comum em nossa sociedade, composta por indivíduos que menosprezam as suas raízes e a sua própria terra sem qualquer razão.
O complexo do vira-latismo foi diagnosticado por Nelson Rodrigues no ano de 1950, quando a seleção brasileira de futebol foi derrotada pela uruguaia na final da Copa do Mundo. Disse Nelson Rodrigues: “Por complexo de vira-lata entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima.”
Não me causou qualquer surpresa quando verifiquei em diversos meios de comunicação e nas redes sociais, notícias que depreciavam o lançamento da Base Espacial de Alcântara. Enquanto algumas assumiram o tom mais sarcástico, outras seguiram uma linha de derrotismo absoluto. Como maranhense, às vezes tenho a impressão de que os sintomas do vira-latismo são ainda mais graves por essas bandas.
Indo além do foguete, temos motivos de sobra para valorizarmos a nossa terra. Se fosse aqui citá-los, esse breve texto se transformaria em um livro. Recordemos da frase do Papa Francisco, que ficou tão impressionado com as belezas, diversidades culturais e riquezas naturais do Brasil, que chegou a mencionar: “Deus é brasileiro”.
Penso que precisamos ter visão crítica e ainda há muito o que melhorar em nosso país, mas não podemos desprezar o que existe de bom. Aqui vou terminando, antes que acabe sendo mordido nesse final de ano!
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