COLUNA
Rodrigo Bomfim
Rodrigo Bomfim é jornalista de política do Grupo Mirante.
"Maquiagem" no Food Park...

Braide tenta apresentar condenação da Prefeitura como obra de iniciativa dele

Prefeito anuncia projeto como iniciativa da gestão, mas omite que estrutura cumpre determinação da Vara de Interesses Difusos e Coletivos.

Rodrigo Bomfim/Ipolítica

Atualizada em 10/12/2025 às 17h43
Justiça condenou a Prefeitura a remanejar lanches no Filipinho (Reprodução)

A implantação de um "food park" no Filipinho, celebrada pelo prefeito Eduardo Braide como se fosse um investimento da Prefeitura de São Luís, foi na verdade determinada por uma condenação judicial.

O gestor apresentou o projeto como realização de sua administração, mas não contou que a criação do espaço é uma obrigação imposta pela Justiça para resolver a ocupação irregular de comerciantes informais na Avenida João Pessoa.

Anúncio de Braide busca capitalizar em cima de obra obrigatória

O anúncio foi feito nas redes sociais pessoais do prefeito - não pelos canais oficiais e redes da Prefeitura - em uma tentativa de atribuir à gestão municipal a iniciativa da obra.

Braide afirmou que o novo equipamento dará “nova vida” ao entorno da Igreja de Santa Terezinha, mas não mencionou que o Município está apenas cumprindo ordem judicial.

A apresentação do prefeito sugere uma ação planejada pela gestão, quando, na realidade, o prazo para entrega do espaço foi imposto pela Justiça em abril deste ano.

Justiça determinou construção e reorganização urbana no Filipinho

A sentença da Vara de Interesses Difusos e Coletivos obriga a Prefeitura a criar um local adequado para os trabalhadores informais no prazo de dois anos. Depois disso, o Município deverá retirar as ocupações irregulares da via e realizar obras estruturais, como:

  • alinhamento do meio-fio;
  • reconstrução de calçadas;
  • adequações de acessibilidade conforme normas da ABNT.

Todas essas medidas são determinações expressas, e não iniciativas voluntárias da administração.

Problemas ignorados pela gestão motivaram ação do MP

A ação do Ministério Público do Maranhão, que resultou na condenação judicial, apontou riscos sanitários, desorganização urbana e prejuízos ao trânsito causados por comerciantes que atuavam de forma improvisada no canteiro central da Avenida João Pessoa.

O MP destacou que o uso comercial de áreas públicas é irregular e compromete o direito de ir e vir, especialmente de pessoas com deficiência.

A omissão desses problemas por Braide em sua divulgação evidencia o esforço de reposicionamento político da ação.

Juiz criticou “apropriação brutal” e responsabilidade do Município

Na decisão, o juiz Douglas Martins afirmou que cabe ao Município garantir o ordenamento territorial e o uso adequado dos bens públicos.

Ele classificou a situação encontrada na Avenida João Pessoa como “apropriação brutal” das calçadas, apontando flagrante ilegalidade com impacto negativo no patrimônio público e na ordem urbana.

O Food Park do Filipinho não nasce de planejamento estratégico da Prefeitura... mas de uma obrigação legal decorrente de falhas acumuladas de fiscalização e gestão urbana por parte do Município.


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