SÃO LUÍS – O ex-presidente da República e escritor José Sarney lança em São Luís, nesta sexta-feira (5), uma coletânea especial com três de seus romances mais reconhecidos: O Dono do Mar, Saraminda e A Duquesa Vale uma Missa.
Em entrevista ao Imirante, Sarney falou com franqueza sobre literatura, memória, política, suas raízes no Maranhão e a esperança de reconectar as obras com novas gerações de leitores.
José Sarney destaca importância do relançamento das obras
Durante a entrevista, José Sarney afirmou que o retorno dos romances ao mercado editorial foi uma proposta da Ciranda Cultural, editora responsável pela nova coleção. Segundo ele, as obras estavam esgotadas há anos, o que dificultava o contato das novas gerações com seus livros.
“Escolhi os três romances que tiveram repercussão nacional e internacional muito grande, que marcaram a minha presença quando iniciei a publicação a nível nacional”, justificou o escritor.
Sarney explicou que o relançamento “o rejuvenesce”, pois lembra o período em que era mais conhecido como intelectual do que como político. Ele ressaltou que, após décadas marcadas por sua atuação pública, sente renovado o desejo de reencontrar leitores.
“Deixei de procurar eleitores. Agora estou atrás de leitores novos”, disse
Para o ex-presidente, a republicação representa um convite às novas gerações. “Quero que os novos leitores tenham acesso aos livros que escrevi”, afirmou.
Obra ganha final alternativo
Entre as novidades, A Duquesa Vale uma Missa chega aos leitores com um final alternativo escrito especialmente para esta nova edição. Sarney contou que a mudança surgiu após reler o romance e manifestar à editora que não estava satisfeito com o desfecho original. A sugestão de criar uma nova conclusão partiu da própria editora, e o autor aceitou o desafio.
“A Duquesa Vale uma Missa tem agora um final alternativo. Eu reli o livro e disse à editora que não gostava muito do final, então me pediram que escrevesse um novo. E eu escrevi esse final, que está à disposição dos leitores”, contou.
Ele acredita que essa mudança permitirá aos leitores “um olhar novo” sobre a trama, ampliando sua relevância para as gerações atuais.
“Minha pátria começa no Maranhão”
Ao comentar a realização do lançamento em São Luís para o lançamento, Sarney falou com emoção sobre suas origens. “A minha pátria começa aqui no Maranhão. Jamais quero me libertar dessas raízes tão profundas na minha vida”, disse.
Ele afirmou que, mesmo com a carreira política e nacional, o Maranhão permanece como coração de sua identidade.
“Sou maranhense da alma. Aqui é onde nasci, cresci e construí minhas lembranças”, pontuou o ex-presidente.
Sobre saúde e memória familiar: comentário sobre Roseana Sarney
Durante a entrevista, Sarney falou com emoção sobre o tratamento de saúde da filha Roseana. Ele admitiu enfrentar preocupação constante, mas mostrou otimismo.
“Tenho certeza de que Deus tenha preservado a Roseana. Ela tem uma força interior extraordinária.”
Sobre a admiração que sente por ela, declarou: “Ela só me dá satisfação a vida inteira, me deu alegria e talento.”
E destacou o exemplo de coragem que Roseana representa.
“A maneira como ela enfrenta essa doença ajuda outros doentes, que veem sua força e têm esperança.”
Maranhão e política: tempo de diálogo e tranquilidade
Ao comentar o cenário político atual, José Sarney avaliou que o Maranhão vive um período de paz e estabilidade. Ele elogiou o governador Carlos Brandão, destacando seu perfil conciliador e de diálogo. “Hoje o nosso Estado cresce, vive um tempo de paz e tranquilidade”, pontuou.
Segundo o ex-presidente, o clima político local mudou.
“Deixamos de ter aquela política muito radical que tivemos durante muito tempo”, disse. Sarney acredita que a nova fase, marcada por diálogo e moderação, representa um avanço para o desenvolvimento regional.
O ex-presidente também relembrou sua trajetória na transição democrática brasileira, citando homenagens recebidas ao longo dos últimos 40 anos.
“A minha bandeira política sempre foi a democracia. Porque só com ela nós realizamos a existência de um regime do povo, para o povo e pelo povo”, afirmou.
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