COLUNA
Ronaldo Rocha
Ronaldo Rocha é jornalista de política do Grupo Mirante.
Segurança Pública

Até quando assistiremos ao domínio de facções?

Morte de jovem na Cidade Operária após ataque de facção é o retrato da violência que tem se expandido por todo o Maranhão; a sociedade espera por respostas enérgicas do poder público.

Ipolítica

Armas de fogo são usadas por facções criminosas ((Divulgação))

SÃO LUÍS - A violência em São Luís passou a ser, na última década, um retrato cruel de uma cidade refém de facções criminosas que impõem medo, pânico nas comunidades e banalizam a vida. 

Há alguns anos era comum assistir a disputas pontuais entre grupos rivais - como as gangues -, por exemplo, na periferia. 

As disputas eram marcadas por pichações em muros e prédios altos, com conflitos e arrastões registrados na Praça Deodoro.

Leia sobre o tema: Jovem morre em ataque de facção na Cidade Operária; um dos feridos faz aniversário hoje

Em seguida houve o crescimento gigantesco do tráfico de drogas. 

E a coisa foi ganhando novos contornos, de proporções cada vez maiores.

Facções criminosas com vasta atuação em outros estados do país, como Rio de Janeiro e São Paulo, começaram a se instalar na capital.

A disputa por território passou a ser o norte dos faccionados, que abasteceram suas pequenas ilhas com armas de fogo e estratégias de guerra.

Jovens foram recrutados, treinados e usados com maior frequência. Guerras entre grupos rivais foram estabelecidas. A escalada da violência aumentou.

Facções impõem medo nas comunidades 

E o resultado é devastador: vidas interrompidas de forma brutal, famílias destroçadas e uma população apavorada, que se acostuma a conviver com o medo, dia e noite.

A tragédia desta terça-feira (21) no bairro Cidade Operária, em que um jovem de 19 anos perdeu a vida em meio a um ataque de faccionados, é mais uma página dolorosa nesse contexto. 

Eduardo Lemos Martins perdeu a chance de realizar sonhos e construir o seu futuro. Sua morte, como tantas outras, tende a cair no esquecimento — não pela família, mas sim pelas autoridades e pelo Estado -, ofuscada por novas estatísticas de violência.

Polícia precisa dar resposta enérgica contra o crime organizado

É necessário que haja uma resposta enérgica da polícia e uma estratégia de inteligência montada para o combate às facções. 

Políticas públicas precisam entrar nas comunidades, para que jovens não tenham sequer espaço para serem cooptados pelo crime. 

Não se pode continuar assistindo a tudo, como se solução e esperança, já não existissem.

Não dá para normalizar o que tem ocorrido em toda São Luís. Não é possível fechar os olhos a uma geração que tem sofrido o impacto devastador do crime organizado.

Tudo isso precisa mudar. A resposta, cabe ao poder público.


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