Agravo Regimental

Assembleia aponta “teatro político” e pede ao STF fim de impasse sobre vaga no TCE

Agravo Regimental foi apresentado ao STF pedindo reforma de decisão do ministro Flávio Dino; documento aponta "interesses políticos disfarçados de técnica" em ação no Supremo.

Ipolítica

Atualizada em 14/08/2025 às 09h15
Assembleia Legislativa do Maranhão (Divulgação / Agência Assembleia)

SÃO LUÍS - A Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (Alema) apresentou um Agravo Regimental ao Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de reforma de uma decisão monocrática do ministro Flávio Dino e fim de impasse a respeito do preenchimento de vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA).

No documento o Legislativo Estadual denuncia a ação que barra o preenchimento de cargo, como "usurpação" do controle concentrado de constitucionalidade por "interesses políticos disfarçados de técnica". 

O processo de escolha de membro da Corte de Contas do Estado está parado há mais de 1 ano.

O documento, endereçado ao próprio Flávio Dino, busca a revisão de uma decisão proferida nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) nº 7.603, 7.605 e 7.780/MA, em que o Partido Solidariedade figura como requerente e a Assembleia como interessada.

Principais pedidos 

A Assembleia Legislativa formula uma série de pedidos cruciais em seu Agravo Regimental, visando restaurar a normalidade institucional e processual. Abaixo, os principais:

• Exclusão de determinação de Inquérito Policial: a Alema solicita o reconhecimento expresso de que jamais houve pedido de sua parte para a abertura de inquérito policial contra terceiros. A decisão agravada teria criado uma "percepção equivocada" ao vincular a manifestação da Assembleia a tal providência, o que não encontra amparo na realidade processual nem no teor dos pedidos feitos. A Assembleia defende que sua atuação se limitou a pugnar pelo indeferimento do ingresso da advogada Clara Alcântara Botelho Machado como amicus curiae, preservando a objetividade e a técnica do controle concentrado de constitucionalidade.

• Reconhecimento da Perda Superveniente do Objeto das ADIs: o documento enfatiza que as normas impugnadas nas ADIs nº 7.603, 7.605 e 7.780 foram integralmente revogadas ou substancialmente reformuladas. Essa alteração legislativa sanou os vícios alegados e foi reconhecida pela Advocacia-Geral da União (AGU), pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e, inclusive, pelo próprio autor das ações, o Partido Solidariedade. Diante desse consenso institucional e do "desaparecimento da matéria controvertida", a Assembleia requer a extinção das ADIs e a revogação imediata das medidas cautelares anteriormente concedidas.

• Restituição das Competências Constitucionais: com a extinção das ações e a revogação das cautelares, a Assembleia busca retomar, sem novos obstáculos, o processo constitucional de escolha dos membros do Tribunal de Contas do Estado, restabelecendo a plenitude de suas competências institucionais.

• Interpretação Conforme à Constituição (Subsidiariamente): na remota hipótese de não ser reconhecida a perda de objeto, a Alema pleiteia que o julgamento seja proferido com uma interpretação conforme à Constituição, garantindo a harmonização entre a decisão judicial e a plena execução das competências do Legislativo estadual.

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Procrastinação e "Interesses Políticos"

Um dos pontos de maior relevância do Agravo Regimental é a denúncia de que o cenário das ADIs transcende o debate jurídico, adentrando um terreno onde "interesses políticos se disfarçam de argumentos técnicos para imobilizar a jurisdição constitucional".

A Alema acusa a advogada Clara Alcântara Botelho Machado e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) de promoverem uma "estratégia cuidadosamente articulada por segmentos da oposição maranhense", cujo real objetivo seria "impedir que o Supremo Tribunal Federal profira decisão de mérito". O documento descreve a atuação como "expedientes fabricados" e "incidentes processuais artificiais" para prolongar a paralisia institucional.

A Assembleia argumenta que o controle concentrado de constitucionalidade "não foi concebido para servir a estratégias eleitorais ou disputas partidárias", e permitir que seja capturado por "interesses particularistas" compromete a credibilidade do STF. A Alema afirma que a Suprema Corte não pode ser "refém de expedientes protelatórios", sob pena de se tornar "coadjuvante de um teatro político que nada tem a ver com o direito".

A Alema também pede uma resposta "firme e definitiva" do STF, com o julgamento imediato do mérito, a fim de encerrar a instabilidade "artificialmente criada" e reafirmar que o controle concentrado é "espaço de técnica, não de tática".

Abaixo, a íntegra do Agravo Regimental apresentado pela Assembleia Legislativa do Maranhão ao STF.

Agravo Regimental da Assembleia Legislativa do Maranhão ao STF

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