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É economista com experiência nacional e internacional em análises macroeconômicas e microeconômicas. Possui habilidade em análises setoriais, gestão do capital humano, orçamentos e finanças.
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A Logística de exportação dos grãos no Brasil

A infraestrutura logística do país, tem se mostrado insuficiente para atender todo esse aumento de produção e demanda do mercado internacional.

Wagner Matos

Atualizada em 19/11/2024 às 10h15
Foi divulgado um estudo da Escola Superior de Agricultura Luíz de Queiróz, Grupo de Extensão em Logística (ESALQ-LOG/USP), que avaliou a participação do transporte de grãos no país para exportação. (Foto: Divulgação)

O Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo, especialmente soja e milho. No entanto, a forma como esses produtos são transportados dos campos até os portos com vocação graneleira tem sido um grande desafio. A infraestrutura logística do país, tem se mostrado insuficiente para atender todo esse aumento de produção e demanda do mercado internacional.

Foi divulgado um estudo da Escola Superior de Agricultura Luíz de Queiróz, Grupo de Extensão em Logística (ESALQ-LOG/USP), que avaliou a participação do transporte de grãos no país para exportação. Dentre os modais avaliados estão os rodoviários, ferroviários e hidroviários.

O estudo logístico apurou que todo o investimento feito em infraestrutura do período de 2010 a 2023 não conseguiram atender o crescimento das exportações, que aumentaram em 250% para a soja e 416% para o milho. Os dados da produção do período analisado da soja indicam crescimento de 125% e do milho em 135%. O crescimento da área plantada de soja e o aumento da produção de grãos nos últimos anos demonstram o potencial do agronegócio brasileiro, confira os gráficos 1 e 2.

Os dados da produção do período analisado da soja indicam crescimento de 125% e do milho em 135%. (Foto: Divulgação)

Os dados apontam que aumentaram a dependência do transporte rodoviário nas rotas de exportação de grãos, principalmente, o do milho e da soja. No levantamento, foi apurado que no transporte do milho aos portos exportadores, o modal rodoviário teve aumento de 20% em 2010 para 45% em 2023. Já no transporte que utiliza as hidrovias (barcaças) a participação foi de 3% para 16%. No caso da soja, foi identificado que no transporte rodoviário, tanto o doméstico quanto o de exportação, diminuíram de 75% em 2010 para 69% em 2023, essa redução, cedeu espaço para o transporte ferroviário que saiu de 20% para 22% e o hidroviário (barcaças) que saiu de 5% para 9%, ou seja, o estudo mostrou que o transporte hidroviário tirou participação do transporte ferroviário e não do rodoviário.

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Especificamente, no transporte das exportações de grãos, foi apurado que o modal hidroviário aumentou de 8% para 12%, o rodoviário aumentou 9 pontos percentuais, indo para 12%, enquanto o ferroviário caiu de 47% em 2010 para 34% em 2023. Só que, nos últimos dois anos, as condições climáticas mais severas afetaram o volume de águas nas hidrovias. Consequentemente, o transporte hidroviário reduziu e foram substituídos por caminhões. O estudo confirma o aumento da movimentação rodoviária no porto de Paranaguá que saiu de 76% para 78%, no Rio Grande saiu de 57% em 2010 para 90% em 2023. No Porto do Itaqui, em seu site, a movimentação da soja em 2010 foi de 2.063.178 toneladas e expandiu para 13.069.472 toneladas em 2023. Já no milho a movimentação em 2010 era zero e fechou em 2023 com movimentação de 7.159.957 toneladas, a maior parte foi entregue por rodovia, um crescimento expressivo para um porto da região. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), apurou que em torno de 25% do custo total para o transporte de soja para China, vem do frete, sendo que 19% seria do modal rodoviário e o restante do frete marítimo. O resultado é uma elevação no custo do produto exportado e maior demora na entrega.

É nesse contexto, temos a dependência excessiva do transporte rodoviário nas rotas de exportação de grãos, o que tem gerado diversos problemas, como o aumento dos custos, maior tempo de transporte e maior emissão de gases poluentes. Além disso, as condições climáticas adversas, como as secas que afetam as hidrovias, têm agravado ainda mais a situação. Veja a movimentação da produção de grãos no gráfico 3.

Além disso, as condições climáticas adversas, como as secas que afetam as hidrovias, têm agravado ainda mais a situação. (Foto: Divulgação)

Na época da safra, quando todo mundo precisa de caminhão para levar a produção, o frete fica muito caro. Outro ponto a ser observado é a falta de armazenagem, que impacta diretamente o preço dos grãos e a renda dos produtores. Uma forma de contornar essa situação, seria mais investimentos em armazenagem de grãos pelo país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a produção vem crescendo significativamente. Por isso, é importante ter um planejamento onde envolvam a parceria público privado (PPPs) para viabilizar cada vez mais a exportação fora do ciclo da colheita, onde os preços são mais oportunos.

Numa avaliação final, concluo que a logística de exportação de grãos no Brasil, apesar do potencial do nosso agronegócio, enfrenta desafios significativos. A dependência excessiva do transporte rodoviário, a falta de investimentos em infraestrutura e a sazonalidade da produção impulsionam os custos e comprometem a competitividade dos nossos produtos no mercado internacional. Para superar essas dificuldades, é fundamental investir em soluções como a expansão das ferrovias, a modernização dos portos, a ampliação da capacidade de armazenagem e a adoção de tecnologias que otimizem a gestão da cadeia logística. Com essas medidas, o Brasil poderá consolidar sua posição como um dos maiores exportadores de grãos do mundo, gerando mais renda, empregos e arrecadações de impostos que se transformarão em mais investimentos a sociedade. 

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