COLUNA

Allan Kardec
É professor universitário, engenheiro elétrico com doutorado em Information Engineering pela Universidade de Nagoya e pós-doutorado pelo RIKEN (The Institute of Physics and Chemistry).
Coluna do Kardec

A revolução dos bio robôs

Integrar biologia com máquinas é importante para a Humanidade?

Allan Kardec

 

Recordo os novos prédios da Universidade de Nagoya, Japão. Estava em meu doutorado, creio que plena primavera e aqui e acolá caia uma chuva para dessedentar as flores exuberantes nas calçadas. 

Perguntei “o que farão ali?”. “Serão prédios onde integrarão as diferentes Ciências, sem distinção. Direito com Engenharia ou Física com Sociologia. O Ministério da Educação do Japão entende que o futuro está na integração dos conhecimentos”. Aqueles eram os anos finais da década de 1990 do século passado.

Não demorou. A revolução da integração de tecnologias, muitas vezes chamada de convergência tecnológica, está ocorrendo de forma robusta e multidimensional, impactando vários setores ao mesmo tempo. Essa convergência está permitindo novos tipos de funcionalidades, produtos e serviços que não seriam possíveis com tecnologias isoladas.

Talvez o exemplo mais familiar de convergência tecnológica são os smartphones, que combinam funcionalidades de telefonia, câmera digital, computador pessoal, player de mídia, GPS e muito mais em um único dispositivo. Com a adição de sensores e capacidades de conexão, eles se tornaram uma plataforma para inúmeras outras inovações e aplicativos, impactando praticamente todos os aspectos da vida moderna.

Mas não para por aí. Os trabalhos envolvendo robôs e carcaças de baratas são um exemplo de bio-híbridos, onde componentes biológicos são integrados com sistemas mecânicos para criar dispositivos que podem ter aplicações únicas, especialmente na área de pesquisa e resgate ou exploração de ambientes inacessíveis.

Alguns projetos vão ainda mais longe, tentando controlar insetos vivos por meio de implantes eletrônicos que podem estimular o sistema nervoso do inseto para direcionar seu movimento, essencialmente transformando-os em drones biológicos.

A ideia por trás desses trabalhos é usar a carcaça ou o exoesqueleto de uma barata como "chassi" para um pequeno robô. O objetivo é tirar proveito das capacidades naturais das baratas, como sua habilidade de se mover em espaços pequenos e sua durabilidade, complementando essas características com tecnologia, como sensores e dispositivos de controle remoto.

Um exemplo está aqui nesse vídeo, da Nanyang Technological University, de Singapura, onde cientistas controlaram remotamente um grupo de baratas:

Esses robôs podem ser usados para explorar áreas que seriam muito pequenas ou perigosas para humanos, como escombros após desastres naturais. Também poderiam ser utilizados para coleta de dados em ambientes hostis ou de difícil acesso e perigosos para seres humanos.

A implementação prática dessas tecnologias enfrenta desafios técnicos, como a miniaturização de componentes eletrônicos e a criação de sistemas de controle eficazes que possam operar em pequena escala.

Além disso, a utilização de insetos ou suas partes em robótica levanta questões éticas, especialmente quando insetos vivos são modificados ou controlados para fins experimentais. São trabalhos que estão na fronteira da tecnologia e da biologia, oferecendo perspectivas únicas sobre como as máquinas do futuro podem ser desenhadas e utilizadas.

*Allan Kardec Duailibe Barros Filho, PhD pela Universidade de Nagoya, Japão, professor titular da UFMA, ex-diretor da ANP, membro da AMC, presidente da Gasma

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