SÃO LUÍS - Após um ano do assassinato do funcionário público Fabrício Rodrigues dos Santos, de 38 anos, parentes e amigos da vítima se reuniram em frente ao Comando Geral da Polícia Militar do Maranhão (15), no Calhau, para pedir justiça. Fabrício foi morto a tiros pelo policial militar Jone Elson Santos Araújo em 15 de fevereiro do ano passado, dentro de uma loja de conveniência, no bairro Cohama, em São Luís.
Todo a ação foi registrada por câmeras de segurança do estabelecimento onde o crime aconteceu (veja vídeo abaixo). Após efetuar vários disparos dentro da conveniência, com diversas pessoas dentro, o PM, que não estava de serviço, mandou Fabrício sair do banheiro, onde ele se protegia dos tiros.
A câmera interna da loja mostra Fabrício saindo do banheiro com as mãos para cima, em sinal de rendição. Ainda assim, o policial Jone Elson esperou Fabrício chegar próximo da porta, mirou e atirou contra a vítima. O servidor público, cambaleando, passou pela porta da conveniência e caiu. Ainda lutando por sua vida, Fabrício tentou se mexer, mas apenas conseguiu virar o corpo para cima, morrendo no local.
"Fabrício era um bom filho, ele não queria sair de perto da família, ele tinha uma filha para criar. Esse criminoso não tirou só a vida do meu filho, ele destruiu toda a nossa família. Até hoje nós não temos paz, eu nunca mais vou ser a mesma. Nosso principal pedido hoje aqui é que a justiça seja feita", afirma dona Maria de Jesus, mãe de Fabrício.
Fabrício deixou uma filha que hoje tem oito anos de idade. De acordo com a mãe da criança, que na época do crime já estava separada da vítima, o servidor público era muito apegado à filha que hoje sente a falta do pai.
"O nosso sentimento hoje é de injustiça. Estamos aguardando que esse policial ser julgado, condenado, que ele perca a farda e pague pelo crime que ele cometeu. A gente considera que todo esse processo está muito lento, por isso que estamos fazendo essa manifestação em busca de respostas, em busca que a justiça seja feita", Denise Santos, mãe da filha de Fabrício.
Perícias
Desde que foi preso, no dia do crime, Jone Elson foi submetido a várias perícias. A primeira, em abril de 2023, foi solicitada pela defesa e pela família do policial e sugeriu que o ato criminoso foi cometido em decorrência de um transtorno psicótico agudo causado pela bebida.
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A segunda perícia, realizada em agosto do ano passada por determinação judicial, constatou no policial postura, gestos, falas e atitudes teatrais não condizentes com transtornos psicológicos, além de atitudes de dissimulação. A terceira perícia em janeiro deste ano, também por determinação judicial, sugere paciente portador de esquizofrenia e encaminhamento para tratamento por equipe multiprofissional.
Na tentativa de amenizar uma condenação do policial, a sua defesa tem alegado surto psicótico e sugerido transtorno esquizofrênico. Com o laudo que aponta esquizofrenia, a defesa de Jone Elson requereu a suspensão do processo administrativo que tramita na Polícia Militar. A família de Fabrício, por sua vez solicitou a anulação do laudo em questão.
No dia 1º de fevereiro, o juiz José Ribamar Heluy Júnior, da 3ª Vara do Tribunal do Júri, se manifestou pela anulação do laudo psiquiátrico que apontou esquizofrenia e informou que será feito novo laudo.
O que diz a defesa da família da vítima?
De acordo com advogado Thales Dyego de Andrade, que responde pela família de Fabrício, o autor dos disparos não possuía nenhum tipo de transtorno que afastasse a sua compreensão da situação no momento do crime.
“Para nós, é muito claro que Jone Elson sabia plenamente o que estava fazendo, pois era um policial da ativa, que estava trabalhando normalmente e que nos dias anteriores, e mesmo no dia do crime, não transparecia nenhum sinal de transtorno. Além disso, pessoas com o tipo de transtorno que a defesa alega que ele tem (esquizofrenia), não possuem o desenvolvimento mental dele nesta idade. Ele era professor de matemática, passou bem colocado no concurso da PM e nunca demonstrou nenhum sinal de que seu intelecto estava afetado”, alega o advogado.
Ainda segundo o advogado, é esperada uma condenação com pena exemplar, sobretudo porque o crime se torna muito mais grave quando praticado por alguém cuja função é defender a sociedade.
“Nossa expectativa é que o processo tenha um andamento mais célere e que, tão logo cheguemos ao plenário do júri, que a sociedade possa fazer justiça, condenando exemplarmente”, diz o advogado Thales Dyego.
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