Protesto

Após um ano, família de servidor público morto por PM em São Luís cobra por justiça

Crime aconteceu em 15 de fevereiro de 2023 em uma conveniência do bairro Cohama, em São Luís.

Imirante.com

Atualizada em 07/11/2024 às 06h44
Manifestação realizada em frente ao Comando Geral da PM. (Foto: Adriano Soares / Imirante.com)

SÃO LUÍS - Após um ano do assassinato do funcionário público Fabrício Rodrigues dos Santos, de 38 anos, parentes e amigos da vítima se reuniram em frente ao Comando Geral da Polícia Militar do Maranhão (15), no Calhau, para pedir justiça. Fabrício foi morto a tiros pelo policial militar Jone Elson Santos Araújo em 15 de fevereiro do ano passado, dentro de uma loja de conveniência, no bairro Cohama, em São Luís.

Todo a ação foi registrada por câmeras de segurança do estabelecimento onde o crime aconteceu (veja vídeo abaixo). Após efetuar vários disparos dentro da conveniência, com diversas pessoas dentro, o PM, que não estava de serviço, mandou Fabrício sair do banheiro, onde ele se protegia dos tiros.

A câmera interna da loja mostra Fabrício saindo do banheiro com as mãos para cima, em sinal de rendição. Ainda assim, o policial Jone Elson esperou Fabrício chegar próximo da porta, mirou e atirou contra a vítima. O servidor público, cambaleando, passou pela porta da conveniência e caiu. Ainda lutando por sua vida, Fabrício tentou se mexer, mas apenas conseguiu virar o corpo para cima, morrendo no local.

Homicídio foi registrado em loja de conveniência da Cohama. (Foto: Nice Ribeiro / TV Mirante)

"Fabrício era um bom filho, ele não queria sair de perto da família, ele tinha uma filha para criar. Esse criminoso não tirou só a vida do meu filho, ele destruiu toda a nossa família. Até hoje nós não temos paz, eu nunca mais vou ser a mesma. Nosso principal pedido hoje aqui é que a justiça seja feita", afirma dona Maria de Jesus, mãe de Fabrício.

Fabrício deixou uma filha que hoje tem oito anos de idade. De acordo com a mãe da criança, que na época do crime já estava separada da vítima, o servidor público era muito apegado à filha que hoje sente a falta do pai.

"O nosso sentimento hoje é de injustiça. Estamos aguardando que esse policial ser julgado, condenado, que ele perca a farda e pague pelo crime que ele cometeu. A gente considera que todo esse processo está muito lento, por isso que estamos fazendo essa manifestação em busca de respostas, em busca que a justiça seja feita", Denise Santos, mãe da filha de Fabrício.

Familiares e amigos em protesto por justiça após um ano do assassinato de Fabrício. (Foto: Adriano Soares / Imirante.com)

Perícias

Desde que foi preso, no dia do crime, Jone Elson foi submetido a várias perícias. A primeira, em abril de 2023, foi solicitada pela defesa e pela família do policial e sugeriu que o ato criminoso foi cometido em decorrência de um transtorno psicótico agudo causado pela bebida. 

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A segunda perícia, realizada em agosto do ano passada por determinação judicial, constatou no policial postura, gestos, falas e atitudes teatrais não condizentes com transtornos psicológicos, além de atitudes de dissimulação. A terceira perícia em janeiro deste ano, também por determinação judicial, sugere paciente portador de esquizofrenia e encaminhamento para tratamento por equipe multiprofissional.

Na tentativa de amenizar uma condenação do policial, a sua defesa tem alegado surto psicótico e sugerido transtorno esquizofrênico. Com o laudo que aponta esquizofrenia, a defesa de Jone Elson requereu a suspensão do processo administrativo que tramita na Polícia Militar. A família de Fabrício, por sua vez solicitou a anulação do laudo em questão.

No dia 1º de fevereiro, o juiz José Ribamar Heluy Júnior, da 3ª Vara do Tribunal do Júri, se manifestou pela anulação do laudo psiquiátrico que apontou esquizofrenia e informou que será feito novo laudo.

O que diz a defesa da família da vítima?

De acordo com advogado Thales Dyego de Andrade, que responde pela família de Fabrício, o autor dos disparos não possuía nenhum tipo de transtorno que afastasse a sua compreensão da situação no momento do crime.

“Para nós, é muito claro que Jone Elson sabia plenamente o que estava fazendo, pois era um policial da ativa, que estava trabalhando normalmente e que nos dias anteriores, e mesmo no dia do crime, não transparecia nenhum sinal de transtorno. Além disso, pessoas com o tipo de transtorno que a defesa alega que ele tem (esquizofrenia), não possuem o desenvolvimento mental dele nesta idade. Ele era professor de matemática, passou bem colocado no concurso da PM e nunca demonstrou nenhum sinal de que seu intelecto estava afetado”, alega o advogado.

Ainda segundo o advogado, é esperada uma condenação com pena exemplar, sobretudo porque o crime se torna muito mais grave quando praticado por alguém cuja função é defender a sociedade. 

“Nossa expectativa é que o processo tenha um andamento mais célere e que, tão logo cheguemos ao plenário do júri, que a sociedade possa fazer justiça, condenando exemplarmente”, diz o advogado Thales Dyego.

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