Incompetência ou conivência do poder público na greve no transporte público
Empresários mantêm discurso de terra arrasada, rodoviários pressionam por reajuste salarial e prefeito Eduardo Braide sem mantém em silêncio diante do impasse que prejudica mais de 700 mil usuários.
SÃO LUÍS - São Luís amanheceu mais um dia sem transporte público. Os rodoviários, diante do impasse sobre reajuste salarial e outras reivindicações, decidiram cruzar os braços deixando nas garagens todos os ônibus mesmo depois de 40 dias greve com 60% da frota nas ruas somente.
Mas mesmo com todo este tempo e com todos os problemas causados para os mais de 700 mil usuários, o prefeito Eduardo Braide (Podemos) segue fingindo que a Prefeitura de São Luís nada tem a ver com o caso, que segundo a gestão, é uma questão trabalhista entre o empregador e o empregado.
Mas não é tão simples assim: o serviço de transporte público, constitucionalmente, deve ser garantido pelo município, que – no caso de São Luís – é concedida à iniciativa privada. Logo, de total responsabilidade do prefeito.
Neste caso específico do transporte público, a dúvida que fica se há incompetência ou conveniência de Braide na situação que é um recorde ruim para São Luís com maior tempo de greve de ônibus da história.
A ideia de conivência parece ser maior já que os empresários mantêm o discurso de terra arrasada, recebem subsídio, houve reajuste de tarifa e, ainda assim, estão irredutíveis quanto a negociação com os rodoviários e ficam confortáveis com menos ônibus nas ruas atendendo a mesma quantidade de usuários, ou seja, menos gastos para mais ganhos.
Ainda sobre conivência, os rodoviários decidiram arriscar nova paralisação total para voltar pressionar os empresários. O risco, no caso, é de novas prisões de sindicalistas já que a Prefeitura mira somente nos trabalhadores deixando os empresários tranquilos.
Resta saber quais os próximos passos (se houver realmente) do prefeito Eduardo Braide diante de mais um dia da capital sem transporte público.
Só discurso
“Para começar a transformar o transporte público de São Luís, tem que ser pelos ônibus. Hoje você espera muito tempo na parada. Tempo que você poderia estar com a sua família. As viagens são demoradas e os ônibus lotados e sem segurança. Essa história vai acabar”.
Este foi um dos discurso de Eduardo Braide durante a campanha eleitoral em 2020 quando era candidato a prefeito de São Luís.
No entanto, 15 meses depois, as características que ele descreveu em 2020 realmente foram alteradas, mas para pior. As paradas estão mais lotadas, ônibus mais antigos nas ruas e greve de mais de 40 dias.
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Sem articulação
E o inferno astral de Eduardo Braide não se resume à questão de sua gestão. Assim como na Prefeitura de São Luís, Braide está completamente perdido no que diz respeito ao diálogo político.
O candidato a presidente da Câmara Municipal de São Luís, Gutemberg Araújo, por exemplo, teve que abdicar de concorrer para evitar uma derrota já anunciada.
Sem qualquer articulação e diálogo, Braide viu o seu adversário ter mais de 70% do apoio dos vereadores da capital.
Apatia
Além da falta de diálogo, a apatia política de Eduardo Braide lhe custou um partido. A direção nacional do Podemos decidiu tirar o comando da legenda das mãos do prefeito e passou para o deputado Fábio Macedo.
Um dos motivos é a falta de organização partidária para formação de nominata para as disputas pela Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados.
E também a falta de posição na disputa eleitoral. Braide vinha sendo cobrado por uma postura na disputa pelo governo estadual.
Conseguiu, mas não foi o que queria
O Palácio dos Leões conseguiu colocar um aliado na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A opção não foi a desejada, mas, sim o que deu para conseguir. O governo garantiu a presidência da comissão para o deputado Ariston Ribeiro (Republicanos) após acordo com o presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto (PCdoB).
O ideal para o Leões era o deputado Marco Aurélio (PSB), que foi rifado porque o seu nome travou o avanço das conversas entre os governistas e Othelino.
Futuro partidário
O vereador Chico Carvalho (União Brasil) vai reunir com seu grupo na próxima quarta-feira, 30, para definir os rumos partidários para as eleições de 2022.
Os nomes de lideranças que acompanham Carvalho estavam filiados ao PROS, mas deixaram a legenda após a troca de comando estadual da sigla e também de apoio ao senador Weverton Rocha (PDT).
A outra opção seria o Podemos, mas os diálogos acabaram não se concretizando após investida do deputado Fábio Macedo.
Prazo terminando
Agora, Chico Carvalho vem apresentando opções, mas há resistências pontuais de ex-deputados e de lideranças do interior.
Carvalho quer mostrar as opções e lembrar que o prazo final para filiação partidária ocorre no próximo dia 2, ou seja, o tempo está se esgotando.
A reunião está prevista para acontecer na Câmara dos Vereadores às 16h, na quarta-feira, 30.
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