SÃO LUÍS - As lembranças de um rio limpo e muito bonito nada parece com o pequeno trecho de água escura e com forte mau cheiro que hoje é o rio Pimenta. Para a comerciante Íris Marques, que passou a infância brincando às margens, observá-lo, hoje, traz um sentimento de tristeza. “Há 40 anos esse rio era maravilhoso, a gente banhava, pescava e lavava até roupa. Era bem limpo, bem saudável. Hoje em dia a gente não pode nem pisar”, recorda a comerciante.
O rio Pimenta nasce no Turu e antes de ter como destino final, a praia da Litorânea, percorre os bairros Jardim Primavera, Parque Shalon, Cohajap e Jardim Olho d’ Água, com extensão de 2,5 km. A poluição do rio é o principal problema apresentado, atualmente, e tem como causas o despejo de esgoto in natura e o assoreamento de seu leito, devido a construções irregulares. O despejo de esgoto já foi flagrado diversas vezes por moradores que moram nas proximidades. “Os carros-pipa vêm despejar esgoto com frequência, principalmente no horário da noite pra ninguém ver. Já denunciamos para vários órgãos, mas nada é feito”, afirma Íris Marques. Ainda que a ação de sujar o rio seja feita na calada da noite, durante o dia, não há como tomar banho.
O que sobrou da ponte que passava sobre o rio, hoje serve como abrigo para alguns animais, e pessoas utilizam para consumir bebidas alcoólicas. A poluição do rio é um fator de risco para a saúde dos moradores, principalmente das crianças que moram próximo, como aponta o professor do departamento de Oceanografia da UFMA, Antônio Carlos Leal. “Esse esgoto lançado no rio é carregado de vírus e bactérias, que acabam causando sérios problemas de saúde na comunidade que vive no entorno. Como consequência, temos doenças de veiculação hídrica que causam problemas gastrointestinais”, afirma o professor.
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A fauna do ecossistema também é afetada pela poluição com a morte de animais marinhos. “Quando a maré enche, vai levando os peixes mortos para a beira da praia", declara Jamerson, um dos poucos comerciantes que ainda permanecem no local vendendo água de coco. Ele também reclama que o forte mau cheiro afasta os clientes “Quando o rio tá seco, fede muito, não aparece quase ninguém”, diz ainda o vendedor.
Em 2016, a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) foi condenada pelo Ministério Público do Maranhão a reparar os danos causados ao rio. A empresa foi obrigada a encerrar o lançamento de esgotos sem tratamento no manancial. Caso a decisão fosse descumprida, ela estaria sujeita a pagar uma multa diária de R$10 mil. No mesmo ano, o Governo do Estado anunciou o programa “Mais Saneamento”, que destinaria R$ 350 milhões para obras de revitalização da orla de São Luís.
Por meio de nota, a Caema informou que, dentre as obras do Programa “Mais Saneamento”, acontecem as retiradas de pontos de rios da ilha, incluindo o rio Pimenta. À respeito da poluição do rio Pimenta, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Maranhão (Sema) afirmou que atua na fiscalização dos empreendimentos ao redor da
orla, no que tange o lançamento de esgoto irregular. Quando são constatadas irregularidades, adota todas as medidas cabíveis e pune os responsáveis.
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