Balneabilidade zero

Águas de março: veja os motivos da poluição nos mares de São Luís

O Imirante.com conversou com especialistas, que explicaram os principais pontos sobre o assunto.

Anne Cascaes/ Imirante.com

Atualizada em 31/03/2022 às 12h13

SÃO LUÍS - Hoje, 22 de março, é comemorado o Dia da Água. Para quem mora numa Ilha, espera-se que a data seja um marco para reconhecer um dos elementos naturais que, diga-se de passagem, temos em abundância. Contudo, pondo em destaque a água das praias de São Luís, a quantidade cria um embate com a qualidade.

A cidade presenteia os habitantes com espetáculos a céu aberto de orlas convidativas. Orlas estas que, em sua maioria, apresentam condições impróprias para banho. Para constatar que as praias estão próprias ou não, são coletadas e analisadas amostras de água de 21 pontos, distribuídos nas praias da Ponta d’Areia, São Marcos, Calhau, Olho d’Água, Praia do Meio e Araçagy.

Todos os 21 pontos analisados foram considerados impróprios para banho; (Foto: Paulo Soares/ O Estado).

O resultado dessas análises são emitidos, semanalmente, através dos laudos do Laboratório de Análises Ambientais (LAA), da Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão. Até o momento, todos os laudos publicados este ano apontaram o resultado de 100% das praias impróprias para banho. Todavia, é necessário ter em mente que a poluição da água do mar está associada à densidade populacional de cada região.

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De acordo com o cientista ambiental Márcio Vaz, há conceitos que precisam ser entendidos quando se trata de poluição das praias. O primeiro é o de balneabilidade, que está diretamente ligado à saúde pública. Segundo o consultor, “a balneabilidade é basicamente um conceito baseado na ocorrência de uma bactéria que ocorre no intestino humano, que indica que aquela água está contaminada por esgoto doméstico. Não quer dizer essa contaminação esteja comprometendo populações de peixes, moluscos e etc. Isso só aconteceria se nós tivéssemos grandes níveis de contaminação pelo esgoto”, pontua ele.

O cientista ambiental Márcio Vaz diferenciou conceitos essenciais para compreender a poluição marinha.

Apesar dos raios-x divulgados em relação à poluição marinha, o especialista afirma que, do ponto de vista ecológico, a condição de nossas praias apresenta-se relativamente saudável. Afinal, as praias tidas como 100% impróprias, encontram-se em regiões de maior densidade populacional e atividade industrial.

Ou seja, nessas áreas há maior incidência de lançamentos de esgotos in-natura na água e, ainda, outras ações humanas que se chocam com a falta de suporte do saneamento básico da cidade.

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O Doutor em Saúde Ambiental, engenheiro civil e sanitarista Lúcio Macêdo ressalta que “a problemática na poluição local requer investimentos em saneamento, para que seja realizado, de forma correta, o tratamento da carga orgânica de esgotos na capital maranhense, bem como a limpeza dos rios litorâneos”, declara.

Como estão as nossas águas?

“Se pegarmos o litoral do Maranhão, com seus 640 km de extensão, 500 mil hectares de manguezal e uma população restrita a pontos específicos como a cidade de Guimarães, Turiaçu e Barreirinhas, é provável que não haja problemas de poluição regional na zona costeira maranhense, com exceção de depósitos de plástico localizados”, considera o cientista ambiental Márcio Vaz.

De acordo com Márcio, as nossas poluições são todas locais e associadas a fatores como o descarte de efluentes domésticos e atividades industriais que não possuem licença ambiental. Ele reitera, ainda, que nem todas as praias de São Luís estão contaminadas.

“As [praias] que estão contaminadas, com balneabilidade comprometida, geralmente são essas praias da orla que vai da Ponta d’Areia até o Araçagy. Mas, é possível encontrar, sim, praias no Maranhão e na ilha de São Luís que não tenham nenhuma evidência de coliformes”, destaca.

Praias como a de Juçatuba possuem pouquíssima incidência de poluição.

Como exemplo, o especialista cita as regiões do Geniparana, Juçatuba e Tagipuru, com bacias inteiras marcadas pela ausência do fluxo que é costumeiro nas praias de áreas com maior concentração populacional fixa.

Urbanização informal

Uma das maiores barreiras para a instalação e a prática eficiente de saneamento básico é a formação não planejada da cidade, marcada por invasões de áreas e crescimento descontrolado, que torna o processo de qualificação e gerenciamento da poluição mais caro e complicado de ser realizado.

Meio Ambiente

Por sua vez, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informa que atua na fiscalização dos empreendimentos ao redor da orla de São Luís, no que tange ao lançamento de esgoto irregular. Quando constatadas irregularidades, adota todas as medidas cabíveis e pune os responsáveis. Além disso, realiza o Projeto Atitude Consciente nas Praias, com ações de educação ambiental, conscientizando os ambulantes, donos de bares e população, quanto à manutenção da balneabilidade das praias.

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