Julgamento

Caso Ana Caroline: réu pelo homicídio de jovem, encontrada morta sem olhos, deve ser julgado nesta quarta (5)

Elizeu Castro, suspeito de praticar o crime, responde por homicídio triplamente qualificado. Ana Caroline foi encontrada morta em dezembro de 2023.

Imirante.com

Atualizada em 05/11/2025 às 09h41
Ana Caroline foi encontrada morta, sem a pele do rosto e os olhos arrancados, quando voltava do trabalho em Maranhãozinho. (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

MARANHÃOZINHO - Está marcado para esta quarta-feira (5), o julgamento de Elizeu Carvalho de Castro, preso suspeito de matar a jovem Ana Caroline em dezembro de 2023. A jovem foi encontrada morta, sem a pele do rosto e os olhos arrancados, quando voltava do trabalho em Maranhãozinho. Elizeu Carvalho de Castro está preso desde 2024, suspeito de ter praticado o crime. 

Imagens de câmera de segurança mostram momentos antes de jovem ser assassinada

Imagens de câmera de segurança mostram o momento antes de Ana Caroline ser assassinada. O vídeo mostra a jovem fazendo o trajeto pela Rua Nova Um, via que dá acesso à estrada para Cachimbós. 

Momentos depois, um homem de camiseta branca surge em uma moto fazendo o mesmo trajeto de Ana Caroline. O Ministério Público (MP) aponta que o homem é Elizeu.

O réu passará por júri popular por homicídio triplamente qualificado, com agravantes de emboscada, tortura e feminicídio (à época da denúncia, ainda não havia o artigo específico e feminicídio era considerado um agravante do assassinato).

Em julho, o júri foi adiado até a nova data nesta quarta (5). São esperadas cinco testemunhas de acusação, além de depoimentos da defesa.

Mãe de Ana Caroline, Carmelita Sousa ainda aguarda por respostas que vão além da condenação do suspeito.

"Eu nunca tive esse assunto. 'Olha, aconteceu isso, Dona Carmem (como é conhecida a mãe de Ana), o cara ficou observando tantos dias'. Nunca tive esse tipo de conversa", diz, sem perder a esperança de receber tal resposta.

Carmelita relembra a última conversa que teve com a filha. Ela contou que a jovem não aparentava preocupações ou disse ter sido ameaçada.

“Quem perdeu fui eu. Ele tirou minha filha”, relata mãe de Ana Caroline

"Não sei nem dizer. Espero que ele seja condenado e cumprir essa pena todinha, se for 20 anos, 30 anos, 40 anos. Eu só tenho a dizer é que quem vai perder é só eu, quem perdeu fui eu. Ele tirou minha filha. Esse motivo, eu ainda não tive essa resposta", afirma.

O corpo de Ana Caroline foi encontrado por familiares próximo à Rua Getúlio Vargas, a cerca de 300 metros da rua onde ela teria virado com sua bicicleta. Os parentes encontraram primeiro sua bicicleta antes de achar seu corpo.

Luto para criar o tipo penal ‘lesbocídio’

Advogada da família e assistente de acusação do MP, Luanna Lago afirma que o caso de Ana Caroline se trata de um crime de ódio cometido contra uma mulher lésbica, o que é chamado de lesbocídio.

Ainda de acordo com ela, o fato de o réu passar por um júri popular (quando a pessoa é julgada por outros cidadãos em vez de um juiz de carreira) pode ser representativo a depender da decisão que envolva o caso de Carol, como Carmelita a chamava.

"Quando essas pessoas compreendem a dinâmica do crime, a gravidade da situação e condenam esse indivíduo, a gente conclui que o povo não aceita mais que as mulheres, que as pessoas lésbicas sejam desumanizadas, sejam tratadas de forma monstruosa", afirma.

Segundo ela, uma eventual condenação fortalece a luta para que o lesbocídio vire um tipo penal, processo similar ao que ocorreu com o feminicídio. Caso a proposta avance, seria um crime agravado da mesma forma que um assassinato de mulheres é enquadrado desta maneira. 

"É importante trazer essa visibilidade, mostrar porque nós existimos, que esses casos estão acontecendo aqui", afirma Ana a ativista Maria Esteves, integrante do Coletiva Lesbo Amazônidas, que critica a invisibilidade de crimes de ódio praticados contra mulheres que se relacionam com mulheres.

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