Ouro para o Maranhão

Professor de matemática da rede pública do Maranhão leva ouro em olimpíada nacional

Rubens Lopes Netto ficou entre os 10 medalhistas de ouro com as melhores iniciativas no ensino da matemática no país, na Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio.

Fabiana Serra/Imirante.com

Atualizada em 28/03/2024 às 14h01
Professor maranhense vem recebendo o reconhecimento dos seus esforços ao longo dos anos. (Foto: Maciel Cabral)

MARANHÃO - O professor da rede pública do Maranhão Rubens Lopes Netto conquistou, na noite dessa quarta-feira (27), o Ouro na primeira edição da Olimpíada de Professores de Matemática do Ensino Médio (OPMBr). Docente no Centro de Ensino Deputado Júlio Pires Monteles, em Anapurus, no interior do Estado, ele ficou entre os 10 medalhistas com as melhores iniciativas no ensino da matemática no país.

"Para mim, foi uma sensação incrível. Quando eu fiz a inscrição, fiz para me desafiar. Sempre tive desejo de participar de uma olimpíada", disse o professor em entrevista ao Imirante. "Ter ficado entre os dez medalhistas é literalmente estar vivendo um sonho. Para mim, ainda não caiu a ficha. O reconhecimento é a valorização de toda a vida como profissional, como professor de matemática."

Para acompanhar a cerimônia de premiação, que foi realizada de forma on-line para facilitar a participação de inscritos de norte a sul do país, Rubens conta que foi montado um espaço com um telão na escola em que trabalha, com a participação de alunos, professores, familiares e outros convidados.

"Primeiro divulgaram os medalhistas de prata e quando eu vi que meu nome não estava lá, eu não aguentei, tentei ficar forte, mas as lágrimas tomaram de conta. Chorei bastante, mas um choro de alegria imensa", disse.

No total, 600 professores de todo o Brasil participaram da competição, que premiou 48 professores na categoria bronze, 9 na categoria prata e 10 na categoria ouro. 

Viagem à China

O prêmio da competição é uma viagem de 15 dias de intercâmbio técnico e cultural à Xangai, na China, que está sempre entre os países com os melhores desempenhos no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Agora, o professor embarcará em setembro para o país asiático, onde irá conhecer o Centro de Educação para Professores da Unesco (TEC Unesco), na Universidade Normal da China.

Rubens conta que já está se preparando para a viagem e se inscreveu em um curso de inglês para não depender só de intérpretes. "Muito ânimo para conhecer como é o sistema educacional de lá, o que eles fazem de diferente que a gente pode aplicar aqui, e voltar para dar uma melhorada na educação de matemática do nosso país. O verdadeiro motivo é esse."

Segundo Adauto Caldara, do comitê executivo da OPMBr, o Brasil tem um desempenho abaixo das expectativas na área de matemática no Pisa. “Ocupamos hoje a 65ª posição no ranking de 81 países que participaram do último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), divulgado no final ano passado. Por outro lado, fazemos parte da elite da Matemática mundial (nível 5 da Internacional Mathematical Union – IMU) com pesquisadores e professores reconhecidos mundialmente.” 

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A equação mal resolvida fez com que um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) se mobilizasse para mudar a situação do país. 

“Ali surgia a ideia da olimpíada que colocamos em prática no ano passado e que agora tem seus primeiros premiados. É motivo de orgulho e satisfação ter reunido tantos bons professores, não só os que conquistaram o ouro, mas também classificados nas categorias prata e bronze. São histórias de superação e amor à Matemática e ao ensino que merecem ser reconhecidas e replicadas”, diz Caldara.

Depois da viagem para Xangai, o trabalho continua. “No retorno, o próximo passo previsto é a realização de 50 workshops – cada um dos premiados ministrará cinco – em 50 cidades definidas em parceria com o Ministério da Educação”, explica. 

Paixão que vem de berço

O amor pela matemática foi herdado do pai, que também era professor de matemática em uma escola de ensino médio. Nascido em Teresina, no Piauí, mas criado no Maranhão, Rubens afirma que se interessou desde cedo pelos números.

Graduado em matemática pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e mestre pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o docente já está inscrito para concorrer ao doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Para Rubens, a melhor maneira de facilitar o ensino da matemática é aplicar os conceitos no dia a dia dos alunos. Para tanto, ele utiliza a etnomatemática, que inclusive é o tema do projeto de doutorado do docente. 

“O método que eu desenvolvi para trabalhar com os alunos é aproximar a matemática do cotidiano dos alunos. Sempre trouxe os conteúdos matemáticos para o contexto deles, como uma forma de atrair atenção”, explica o professor. 

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