Caso Baldochi

Juiz Marcelo Baldochi explica sobre prisão de atendentes da TAM

O juiz foi impedido de embarcar por atraso.

João Rodrigues / Imirante Imperatriz

Atualizada em 27/03/2022 às 11h47
Marcelo Baldochi estava acompanhado do advogado Edmar Nabarro e do blogueiro Carlos Siqueira. (Foto: João Rodrigues/ Imirante Imperatriz)

IMPERATRIZ – O juiz Marcelo Testa Baldochi, da 4ª Vara Civil de Imperatriz, negou em entrevista coletiva, no fim da manhã desta sexta-feira (19), na Associação Comercial, que tenha chegado atrasado no aeroporto de Imperatriz para voo com destino a Ribeirão Preto (SP), ocasião em que mandou prender funcionários da TAM que o impediram de embarcar.

O magistrado disse ter estranhado a forma como a investigação foi conduzida pela Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) em que não foi notificado da sindicância. Ele pediu nova investigação.

Durante a entrevista de mais de quase uma hora de duração, o magistrado falou detalhadamente sobre o episódio do último dia 6 de dezembro, em que deu voz de prisão a funcionários da companhia aérea.

O juiz começou se queixando da associação que os meio de comunicação fizeram entre o episódio do aeroporto e os demais, como o do trabalho degradante em sua fazenda, a denúncia do tabelião Robson e o ataque de um flanelinha.

“São fatos independentes que comportam apuração específica e se mostram, ao querer vincular uma situação a outra intenção, me perdoem, um tanto quanto difamatória e alheia as circunstâncias”, disse.

Sobre a prisão dos funcionários da companhia aérea, ele negou que tivesse chegado atrasado para o embarque como foi amplamente divulgado.

“Quanto ao episódio da TAM, diversamente do que tem sido divulgado em momento nenhum eu cheguei atrasado para o voo. O bilhete de viagem, o qual vou deixar à amostra para que os senhores olhem, o check-in foi feito às 12h49 do dia 6. Cheguei para o embarque antes das 20h32”, argumentou.

Marcelo Baldochi acrescentou que uma deficiência da aparelhagem da Infraero não tornou possível a leitura do bilhete eletrônico, o que o obrigou a procurar o guichê da companhia aérea para fazer a impressão.

“No guichê da TAM chegou às 20h32, onde lá já se encontrava a segunda passageira, a senhora Camila que, nas mesmas condições, teve o seu check-in cancelado pela empresa e barrado o voo sob explicação alguma. Simplesmente o check-in tinha sido cancelado”, acrescentou.

O magistrado fez questão de dizer que o bilhete de passagem emitido pela TAM diz que o horário embarque iniciava-se às 20h21, o que reforçaria sua tese de não ter chegado atrasado.

“Tanto que na borda do bilhete, no canto, está escrito com letra pequena, mas grafado: o embarque se encerra quinze minutos antes da decolagem, cujo horário marcado eram as 21h01. Portanto, durante todo o minuto das 20h46 era ainda horário de embarque. Nesse ponto as imagens da Infraero, que foram divulgadas pela Rede Globo, inclusive, mostram claramente o horário e, portanto, vêm desmentir, desmistificar a versão do atraso”, explicou o magistrado.

A prisão

Marcelo Baldochi disse que mandou conduzir o funcionário da TAM porque este se negou a dar informações e, ainda, o agrediu com palavrões. Ele disse que a viagem à São Paulo era de necessidade premente, pois seu padrasto, que o criou desde os 8 anos, havia morrido.

Diante da falta de informação, contou que insistiu pela procura do funcionário, que segundo ele, estava se escondendo em uma saleta ao lado do balcão. Essa situação, ainda conforme o magistrado, foi testemunhada pela passageira Camila, que estava nas mesma condições dele, com o check-in não autorizado.

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“O atendente da TAM se isolou. O outro atendente da TAM que estava ao lado nos colocou numa situação ridicularizante como se lixo fóssemos. Com total desprezo, dizendo que o senhor se vira. Não é problema meu. Chamando outras pessoas que estavam na fila e atendidas e, surpreendentemente, embarcadas no voo”, alegou.

Ao voltar a procurar o primeiro atendende para saber como ficaria sua situação dele e da passageira Camila o juiz disse ter ouvido a seguinte resposta: “Ele simplesmente virou as costas e disse rapaz vai se f... , Problema seu, vai se f... Nesse momento eu falei você vai aprender a respeitar consumidor. Insisto nessa fala várias vezes. Ou o senhor nos atende ou vou chamar a polícia para conduzí-lo”, arrematou, dizendo que em nenhum momento se identificou como juiz.

Baldochi disse que mandou prender apenas um funcionário, os demais foram a delegacia em solidariedade ao conduzido.

O magistrado, também, se queixou da sindicância aberta para apurar sua conduta e disse que vai esperar o encerramento das investigações, mas questionou alguns pontos sobre essa investigação.

"Domingo foi divulgado por toda a imprensa a chegada da comissão processante, sob a presidência do desembargador Bayma, que ao descer no aeroporto já dispara pré-julgamento dizendo, aspas “fatos são fatos. Houve abuso sim”. Então nesse momento, ao meu ver, lastimavelmente já se revela uma indesejada parcialidade", declarou o juiz, que alegou não ter sido notificado para responder a sindicância.

Baldochi, também, pediu uma nova sindicância, mas disse que vai aguardar o fim da atual.

Resposta da TAM

Procurada pela reportagem do portal Imirante Imperatriz, a TAM apresentou uma resposta suscinta: "A TAM não vai comentar as declarações do juiz".

Resposta da CGJ

Por telefone, o desembargador Antonio Fernando Bayma Araújo disse que o juiz Marcelo Baldochi se apresentou espontaneamente à sindicância, dispensando a notificação.

O corregedor em exercício, disse, ainda, que o juiz assinou um documento para a realização dos trabalhos. E que decidiu pelo afastamento do magistrado para poder investigar outras denúncias.

. Ouça, abaixo, trecho da entrevista do juiz:

Texto alterado às 18h30 para acréscimo de informações.

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