IMPERATRIZ – Membros da Comissão Nacional da Verdade (CNV) começam a cumprir uma extensa agenda de trabalho em Porto Franco, a 102 km de Imperatirz, a partir desta segunda-feira (21).
Até quarta-feira (23) os integrantes do Grupo de Trabalho que investiga crimes e atrocidades praticados pela ditadura militar colherão depoimentos e amostras de sangue de familiares do líder camponês Epaminondas Gomes de Oliveira, morto sob custódia do Exército em 20 de agosto de 1971.
“Existem algumas audiências e, também, uma parte pericial com a coleta de DNA e a tentativa do reconhecimento de uma prótese dentária. Então é uma parte mais técnica e uma mais política, de recolher o depoimento de pessoas que conhecem o caso”, explicou Daniel Lerner, coordenador do grupo ao desembarcar ontem à noite no aeroporto Prefeito Renato Moreira, em Imperatriz.
Nessa segunda visita ao Estado, a CNV pretende dar continuidade ao trabalho realizado em Brasília, onde foi realizada em setembro deste ano, a exumação dos restos mortais de Epaminondas Gomes de Oliveira. Também serão tomados depoimentos de pessoas que tiveram relação com a história de Epaminondas e com outras histórias do período do regime militar no Maranhão.
Não existe número fechado sobre a quantidade de crimes e casos de atrocidades ocorridas no período da ditadura militar, mas desde que foi criada em maio de 2012, a Comissão Nacional da Verdade trabalha para esclarecer 140 casos de desaparecidos políticos no Brasil.
“Então isso para nós é o número principal, mas a quantidade de graves violações de direitos humanos, de prisões e torturas é incontável”, arrematou o coordenador do grupo.
Prazos
Todas as amostras de sangue e depoimentos serão levados pela CNV para Brasília, onde serão analisados para montar o quebra-cabeças em torno da identificação definitiva de Epaminondas Oliveira. O prazo previsto para a apresentação do relatório é maio de 2014, mas pode ser prorrogado.
O resultado da exumação realizada em Brasília deverá ser conhecido antes, mas Lerner evita falar em datas.
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“A gente espera que possa sair antes, não é um prazo que esteja sob nossa governabilidade. A gente espera que possa sair um pouco antes”, ressaltou.
Aparentemente emocionado, Epaminondas Neto, disse que há dois meses, desde quando o caso veio à tona com maior intensidade, toda a família do líder camponês está muito abalada.
“Praticamente nesse período que veio à tona, de dois meses para cá, se desestruturou toda a família porque não estamos falando de um caso banal, mas de tortura, morte e violência praticadas contra um membro de nossa família, o meu avô”, relatou.
A família de Epaminondas Oliveira está muito otimista com a vinda da CNV ao Estado para apurar o caso.
“Com a Comissão Nacional da Verdade abriu-se esse espaço, é um trabalho sério. Posso te afirmar, pesquisei a vida de todos eles”, concluiu Epaminondas Neto.
Programação
A CNV deverá realizar uma visita na manhã desta segunda-feira a juízes, promotores de Justiça entre outras autoridades. As audiências serão realizadas na sede da Maçonaria, em Porto Franco. No terceiro dia os membros da CNV deverão ir a Tocantinópolis (TO) e visitar uma ilha que foi usada como base no período da ditadura militar.
A Comissão Nacional da Verdade é formada por sete membros: José Carlos Dias; Rosa Maria Cardoso; Paulo Sérgio Pinheiro; José Paulo Cavalcante; Pedro Dalari e Gilson Dipp. O Grupo que chegou a Imperatriz ontem à noite é composto pelo coordenador Daniel Lerner; o médico legista Aluísio Trindade; Suelen Maciel e os assessores Marcelo Oliveira e Tiago Vilela. A sexta integrante é uma psicóloga que foi direto para Porto Franco.
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