Terras indígenas

STF retoma julgamento sobre marco temporal indígena nesta segunda-feira

Corte analisa ações contra lei do marco temporal enquanto Senado avança com proposta para incluir regra na Constituição.

Ipolítica, com informações do g1

Gilmar Mendes deve apresentar voto durante julgamento (Divulgação)

BRASÍLIA – O Supremo Tribunal Federal (STF) deve retomar, nesta segunda-feira (15), o julgamento das ações que questionam a lei que fixou o marco temporal indígena como critério para a demarcação de terras dos povos originários. A análise ocorrerá em plenário virtual, com previsão de encerramento no dia 18 de dezembro.

Relator dos processos, o ministro Gilmar Mendes deve apresentar o seu voto nesta nova fase do julgamento. Até o fim do prazo, os demais ministros poderão inserir seus posicionamentos na plataforma eletrônica do tribunal.

Divergência entre STF e Senado

Na última semana, Supremo e Senado adotaram caminhos distintos sobre o tema. Enquanto o STF passou a avaliar a constitucionalidade da lei do marco temporal, os senadores aprovaram uma proposta de emenda à Constituição que inclui expressamente o critério como regra para demarcação de terras indígenas.

A proposta foi aprovada em dois turnos no Senado e agora segue para a Câmara dos Deputados, onde também precisará passar por duas votações. Caso seja aprovada, a emenda será promulgada pelo Congresso, sem necessidade de sanção do presidente da República.

O que é o marco temporal

O marco temporal é uma tese segundo a qual os povos indígenas só teriam direito à demarcação de terras que estivessem sob sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal.

Indígenas e organizações indigenistas são contrários ao critério. Eles argumentam que a regra desconsidera a realidade de povos expulsos de seus territórios ao longo da história, especialmente durante o período da ditadura militar, além de não contemplar comunidades de tradição nômade.

Produtores rurais defendem o marco temporal, sustentando que o critério traz segurança jurídica e previsibilidade na resolução de conflitos fundiários.

Histórico da controvérsia

Em 2023, o STF decidiu que o marco temporal não pode ser aplicado na demarcação de terras indígenas e estabeleceu diretrizes para orientar decisões semelhantes em instâncias inferiores. Em reação, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei restabelecendo o critério.

A norma chegou a ter dispositivos vetados pelo presidente Lula, mas os vetos foram derrubados pelo Congresso em dezembro do mesmo ano. Com a lei em vigor, partidos políticos, entidades indígenas, ambientalistas e representantes do setor produtivo acionaram novamente o STF, resultando em quatro ações que pedem, alternativamente, a validação ou a anulação da norma.

Houve tentativa de conciliação no Supremo, mas não houve acordo quanto ao ponto central da legislação.

Próximos passos no STF

O julgamento foi iniciado na quarta-feira (10), com a apresentação dos argumentos das partes envolvidas. A partir desta segunda-feira (15), os ministros passam a votar no plenário virtual.

O resultado do julgamento poderá ter impacto direto sobre o futuro da lei do marco temporal e sobre o andamento da proposta de emenda constitucional em tramitação no Congresso, mantendo o tema como um dos principais focos de tensão entre os Poderes.

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