BRASÍLIA - O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), repudiou a tese de tentativa de golpe que tem sido defendida pela Polícia Federal (PF) após ter sido encontrada em sua sala, na sede do PL, uma minuta com a previsão de declaração de estado de sítio e decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Bolsonaro negou ter qualquer tipo de relação com o documento e afirmou que a peça pertencia a um processo solicitado por ele para tomar conhecimento.
“O presidente não decreta estado de sítio. Ouve o Conselho da República e encaminha para o Congresso. Isso não é golpe”, disse em entrevista à “TV Record”.
Os advogados do ex-presidente afirmam que, em 2023, após a apreensão de celulares do tenente-coronel Mauro Cid, a investigação encontrou as minutas de decretos de estado de sítio e GLO durante a análise dos aparelhos, e que o documento foi enviado ao celular de Bolsonaro no dia 18 de outubro.
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“Esses papeis que foram encontrados lá pela manhã vazaram e caiu o mundo na minha cabeça, de que ali estava a prova do golpe. Rapidamente conversei com os meus advogados e procurei saber como aqueles papeis estavam lá. Eram peças de um processo que o advogado havia conseguido junto ao ministro Alexandre de Moraes, que é o relator daquele outro inquérito. Então, era peça de processo”, pontuou.
Bolsonaro comentou ainda sobre a reunião de 5 de julho de 2022, que veio à tona na íntegra, e segundo a PF possui "dinâmica golpista". Ele disse que "não vê nada demais" no fato de seu ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ter falado sobre um plano de infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas eleitorais. Na gravação, Heleno fala ainda em "virada de mesa".
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“Em dado momento, o Heleno falou que ia seguir os dois lados, se inteirar dos dois lados... é o trabalho da Inteligência dele, que eu não tinha participação nenhuma. As Inteligências... eu raramente usava as Inteligências que nós temos: as Forças Armadas, a própria Abin, Polícia Federal. Não vejo nada demais naquilo”, pontuou.
O ex-presidente acrescenta que cortou o ministro do GSI na reunião porque ele "queria se estender sobre o assunto".
"Eu preferi cortar: "Olha, não é o caso de ficar entrando em detalhes aqui. Quer fazer operação, faça"", pontuou.
Ele também confirmou que não sabia que a reunião estava sendo gravada na íntegra.
“Não era nem para ter sido gravada, mas não dou importância para isso”, comentou.
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