BRASIL - A má conservação das rodovias brasileiras aumentou em 32,7% o custo operacional do transporte de cargas em 2023. O problema tem impacto negativo no preço do frete e, por consequência, dos produtos que chegam aos consumidores. Os dados fazem parte da mais recente edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Diretor-executivo da CNT, Bruno Batista afirma que, quanto pior a qualidade do pavimento das rodovias, mais os veículos consomem combustível. Isso ocorre porque em trechos pouco conservados há necessidade de os motoristas frearem e reacelerarem com maior frequência, além de trafegarem em velocidade inferior à prevista na via.
"Isso faz com que, na nossa avaliação, no ano passado, tenham sido consumidos mais de um bilhão de litros de diesel de forma adicional. Isso custou para os transportadores R$ 7,5 bilhões de reais. E por que esse número é importante? Porque com esse valor as empresas poderiam ter comprado, por exemplo, mais de 7.000 caminhões novos ou recuperar quase 160 mil hectares de floresta", aponta.
O desperdício de combustível impacta não apenas o preço do frete e dos produtos que chegam aos consumidores, mas também o meio ambiente, aponta o levantamento. O diesel extra queimado por conta da pavimentação deficitária resultou na emissão de mais de 3 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera, segundo a CNT.
Vander Costa, presidente do Sistema Transporte, destacou que o investimento em boas rodovias traz inúmeros benefícios. "Rodovia de qualidade faz com que ônibus e caminhões transitem gastando menos combustível e poluindo menos. Além de poluir menos, traz mais vida. É menos acidente, menos pessoas sofrendo em decorrência disso."
O problema também impacta a vida humana. O custo dos acidentes em função da baixa qualidade da maioria das rodovias chega a R$ 13 bilhões por ano.
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"É preciso trabalhar melhor o nível de segurança das rodovias, sobretudo sinalização, que é um tipo de intervenção mais rápida, mais barata, que promove um grande crescimento do nível de segurança, para que o número de acidentes caia, as mortes diminuam, e os custos econômicos, perdas materiais e demandas no setor previdenciário possam cair", completou Batista.
Levantamento
A pesquisa da CNT classificou duas em cada três rodovias brasileiras como regulares, ruins ou péssimas. Apenas uma em cada três foi tida como ótima ou boa.
A MA-106, entre os municípios de Governador Nunes Freire e Alcântara, é a quinta pior rodovia do Brasil, segundo ranking da CNT, divulgado na semana passada.
De acordo com o levantamento, as rodovias concedidas à iniciativa privada são melhores, na média, do que as que estão sob os cuidados do poder público. Cerca de 64% das rodovias concedidas foram consideradas ótimas ou boas, enquanto apenas 22,9% das públicas atingiram esse patamar.
O estudo avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, dos quais cerca de 67 mil são de malha federal e 44 mil dos principais trechos estaduais.
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