SÃO LUÍS - Um raio-X sobre as Eleições 2020 no Maranhão mostra que a população de maioria negra ainda tem pouca representatividade nas câmaras e prefeituras.
Quando comparada a cor da população maranhense com a cor dos prefeitos eleitos no Estado, verifica-se uma disparidade: 76,5% dos eleitores do Maranhão são pretos ou pardos, mas o percentual de prefeitos declarados pretos/pardos ficou abaixo: 57,6%. O eleitorado branco maranhense é de 21,9%, enquanto o percentual de prefeitos brancos eleitos é de 41,9%.
Entre os vereadores eleitos em São Luís, negros são minoria. Paulo Victor (PCdoB) foi o candidato negro mais votado (6.035 votos).
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No Estado, 50,4% do eleitorado são mulheres, e os outros 49,6% são homens. Porém, a maioria dos prefeitos eleitos são homens (78,3%) e apenas 21,7% são mulheres. Os dados são do TSE e IBGE (2010).
Veja a reportagem completa da TV Mirante.
Em todo o país, pouco mais de 32% dos prefeitos eleitos em primeiro turno nas eleições 2020 são negros, categoria que engloba pretos e pardos. É uma proporção ainda distante dos 56% que esse grupo representa na população brasileira, mas é um avanço: nas eleições municipais de 2016, os prefeitos negros somaram 29,2%.
Um destaque foi para a população quilombola. Foram eleitos 56 vereadores em vários Estados, além do vice-prefeito de Alcântara (MA), Nivaldo Araújo, e um prefeito. Vilmar Sousa Costa, conhecido como Vilmar Kalunga, vai ser o primeiro remanescente de escravos a comandar o município de Cavalcante, no norte de Goiás, que tem pouco mais de 9 mil habitantes.
Racismo estrutural
O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) afirma que ações afirmativas têm feito o sistema eleitoral avançar. Em agosto deste ano, por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que os recursos do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral sejam destinados de forma proporcional às campanhas dos candidatos negros. O parlamentar destaca, no entanto, que medidas como essa não são suficientes, porque as condições de vida diminuem a chance de participação política da população negra.
“Enquanto as condições socioeconômicas e as políticas de educação, trabalho, renda, saúde e as próprias oportunidades não conseguirem romper as barreiras do racismo estrutural que persistem na estrutura do Estado brasileiro, a sub-representação vai perdurar por muito tempo”, diz.
Joseildo Ramos acrescenta que, apesar dos números das eleições deste ano, a questão não é somente quantitativa. “De nada adianta ter negros nos espaços de poder se os que lá estiverem neguem a luta pela completa emancipação do povo preto”.
Minorias
Para o cientista político Márcio Coimbra, o Brasil necessita se modernizar e incluir na representação política efetiva as chamadas minorias, que, no caso dos negros e das mulheres, por exemplo, nem são numericamente inferiores. Ele ressalta a importância da união desses grupos no processo político e cita o exemplo dos Estados Unidos quando elegeu Barack Obama presidente da República.
“Obama conseguiu mobilizar todas as outras minorias (mulheres, hispânicos, etc), setores organizados que foram fundamentais para a sua eleição e para a governabilidade”, declarou.
Nas eleições municipais deste ano, houve outro recorde: pela primeira vez desde 2014, quando o critério “raça” passou a ser computado pela Justiça Eleitoral, o número de candidatos negros na disputa foi maior do que o de pessoas brancas.
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