BRASÍLIA - O funeral da pernambucana Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, estudante de medicina assassinada com um tiro no peito no último dia 23 em Manágua, na Nicarágua, será realizado nesta sexta-feira (3), às 11h, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, região metropolitana do Recife.
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O corpo da estudante deve chegar à capital pernambucana ainda nesta madrugada. A chegada do voo que fará o traslado dos restos mortais de Raynéia está prevista para as 0h35 no Aeroporto Internacional de Guararapes, no Recife, informou a Secretaria de Justiça de Direitos Humanos (SJDH) de Pernambuco.
O secretário da pasta Pedro Eurico acompanhará a mãe e os familiares de Raynéia durante o recebimento do corpo. Também estarão presentes no local, representantes do Itamaraty. “A saída do corpo com destino ao Cemitério Morada da Paz, em Paulista, onde será velado e sepultado, se dará através do Terminal de Cargas do aeroporto”, diz a nota da secretaria.
Chamado para consultas pelo Itamaraty no dia seguinte à morte da estudante, o embaixador brasileiro na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos veio a Brasília e informou pessoalmente à chefia da pasta sobre as circunstâncias da morte da estudante.
“A Embaixada do Brasil em Manágua segue acompanhando de perto o processo judicial pertinente”, disse, por meio de nota, o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima foi morta na noite o último dia (23) com um tiro no peito que, segundo o reitor da Universidade Americana (UAM), Ernesto Medina, foi disparado por um “um grupo de paramilitares” no sul da capital Manágua.
Crise política
A Nicarágua vive uma crise sociopolítica com manifestações que se intensificaram desde abril contra o presidente Daniel Ortega que se mantém há 11 anos no poder em meio a acusações de abuso e corrupção. A repressão aos protestos populares já deixou entre 277 e 351 mortos, de acordo com organizações humanitárias locais e internacionais.
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O assassinato da estudante brasileira ocorreu horas depois de um fórum no qual o reitor Medina disse que o crescimento econômico e a segurança na Nicarágua, antes da explosão dos protestos contra Ortega, em abril, “era parte de uma farsa” porque “nunca houve um plano que acabasse com a pobreza e a injustiça”.
Em entrevista a uma emissora de TV local, o reitor da UAM acrescentou que as forças paramilitares “sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada”. De acordo com Medina, os grupos paramilitares estão envolvidos em morte e sequestro.
O governo de Daniel Ortega foi acusado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) pelos assassinatos, maus tratos, possíveis atos de tortura e prisões arbitrárias ocorridas em território nicaraguense.
Recomendações
Desde o início da crise no país, o Ministério das Relações Exteriores orienta que brasileiros não viajem à Nicarágua. Se a viagem for inevitável, o Itamaraty sugere as seguintes recomendações:
- Evite participar e aproximar-se de manifestações;
- Evite deslocamentos desnecessários. Caso seja necessário fazer um deslocamento, esteja acompanhado ou passe por vias com policiamento;
- Manter em dia e válido o passaporte para uma eventual saída emergencial do país;
- Carregue sempre uma cópia do passaporte ou de um documento de identificação válido. Mantenha uma cópia também no correio eletrônico;
- Avise pessoas próximas (parentes e amigos) sobre a localização e meios de comunicação;
- Evite viajar para o interior do país e o deslocamento por estradas para fora da capital, que têm sido bloqueadas por criminosos armados.
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