Greve

Greve dos funcionários dos Correios atinge 15 estados e DF

De acordo com a Fentect, os trabalhadores do Maranhão também aderiram à greve.

Flávia Albuquerque / Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h39
(Fernando Frazão / Agência Brasil)

BRASÍLIA - A greve dos funcionários dos Correios já atinge 15 estados e o Distrito Federal. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais (Fentect), 85% dos trabalhadores já aderiram à greve, o que engloba 21 sindicatos. De acordo com a federação, os estados atingidos são: São Paulo, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, Rio de Janeiro e Tocantins.

O diretor nacional da Fentect, Rogério Ubine, informou que os funcionários reivindicam 12% de reajuste salarial, mais R$ 200 de reajuste linear, a não alteração do plano de saúde, realização de concurso para a contratação de 17 mil novos funcionários, melhoria da segurança nas agências. “Além disso, queremos que o governo assuma a responsabilidade com relação a um rombo de R$ 5 bilhões no nosso fundo de pensão.”

Ubine ressaltou que a federação está esperando que os Correios abram nova rodada de negociação e faz assembleias diárias em todo o país. Entretanto, ele não soube detalhar onde estão ocorrendo atos, mas disse que as atividades estão sendo organizadas regionalmente em cada sindicato.

O diretor de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e Zona Postal de Sorocaba (Sintect-SP), Douglas Melo, informou que, dos sete sindicatos paulistas, cinco aderiram à greve. “Já há 80% dos trabalhadores paralisados em toda a área operacional, que inclui carteiros, atendentes, motoristas, motociclistas, operadores de triagem.”

Na manhã de hoje (16), foram feitos atos em dois complexos estratégicos da empresa, um no edifício-sede, no bairro do Jaguaré, e outro na Vila Maria. Outros atos devem ocorrer no decorrer da semana e haverá nova assembleia segunda-feira.

“A empresa ofereceu zero de aumento e bônus de R$ 150 mensais durante 12 meses e quer retirar dependentes do nosso plano de saúde e começar a cobrar mensalidade. Dessa forma, fica inviável qualquer tipo de acordo, sendo que a empresa não quer nem repor inflação no período. Estamos tentando negociar há 60 dias, e a greve foi a última alternativa para conquistar alguma coisa”, disse Melo.

A reportagem visitou duas agências de grande circulação dos Correios na cidade de São Paulo, e o serviço estava normal em ambas. Uma delas funcionava com quadro reduzido de trabalhadores, mas sem comprometimento do atendimento.

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De acordo com a Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do estado, o consumidor que contratar serviços, como entrega de encomendas e documentos, que não forem prestados, tem direito a ressarcimento ou abatimento do valor pago. Em caso de danos morais ou materiais pela falta de prestação do serviço, cabe também a indenização por meio da Justiça.

O Procon-SP informou ainda que, se o consumidor tiver adquirido produtos de empresas que fazem a entrega pelos Correios, estas são responsáveis por encontrar outra forma de entregá-los ao comprador no prazo contratado. Empresas que enviam cobrança por correspondência postal são obrigadas a oferecer outra forma de pagamento que seja viável para o consumidor, como internet, sede da empresa e depósito bancário.

Entretanto, o Procon-SP alertou para o fato de que não receber a fatura, boleto bancário ou qualquer outra cobrança não isenta o consumidor de fazer o pagamento. “Se não receber boletos bancários e faturas, por conta da greve, o consumidor deverá entrar em contato com a empresa credora, antes do vencimento, e solicitar outra opção de pagamento, a fim de evitar a cobrança de eventuais encargos, negativação do nome no mercado ou ter cancelamentos de serviços.”

Correios garantem operação normal

Em nota publicada em seu site, os Correios informam que as agências estão abertas e operam com normalidade, inclusive os serviços do Banco Postal e de Sedex. Segundo a empresa, levantamento parcial feito hoje indica que 90,69% dos funcionários estão trabalhando, o que corresponde a 108.185 empregados. O movimento concentra-se na área de distribuição — dos 28.569 carteiros que deveriam trabalhar nesta quarta-feira nas localidades em que há paralisação, 9.750 não compareceram (34,13%). A empresa informa que, se houver necessidade, no fim de semana, pode haver mutirões para entrega.

Segundo os Correios, em busca de acordo, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) ofereceu aos trabalhadores reajuste linear de R$ 200 em forma de gratificação (R$ 150 em agosto de 2015 e R$ 50 em janeiro de 2016), o que representa cerca de 15% de aumento sobre o salário base inicial dos carteiros, atendentes e operadores de triagem e transbordo. Atualmente, a remuneração (salário mais adicionais) de um carteiro com dois anos de empresa é R$ 1.676.34. Pela proposta do TST, em agosto de 2016, a remuneração iria para R$ 1.940,34. A proposta inclui ainda manutenção do plano de saúde da forma atual e reajuste de 9,56% em benefícios como vales-cesta, alimentação e refeição, auxílio para dependentes especiais e auxílio creche/babá a partir de agosto deste ano.

A empresa informa ainda que sua proposta foi aceita por 16 dos 36 sindicatos da categoria e que está tomando as medidas necessárias para que garantir a completa normalização dos serviços no menor prazo possível.

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