BRASÍLIA - Em 2013 no Brasil, 254 brasileiros foram vítimas do crime de tráfico de pessoas, em 18 Estados do país. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (30) pelo Ministério da Justiça a partir de levantamento feito nas delegacias das polícias civis dos estados e constam no Relatório Nacional sobre Tráfico de Pessoas. São Paulo e Minas Gerais tiveram o maior número de vítimas no ano de 2013. Foram registradas 184 em São Paulo e 29 em Minas Gerais.
Segundo o documento, em 2013 foram constatados, entre as unidades da federação, registros de nove tipos diferentes de tráfico de pessoas ou crimes correlatos. Houve pelo menos um registro de entrega de filho ou pupilo, submissão de criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual e remoção de órgãos, tecidos, ou partes do corpo humano.
Os tipos mais comuns foram o tráfico para fins de exploração sexual, que respondeu por 134 do total de 254 casos, somando-se os crimes de tráfico interno e internacional (52,8% das ocorrências) e o trabalho escravo, que respondeu por 111 das 254 ocorrências registradas (43,7% das ocorrências).
Além das informações das polícias estaduais, foram apresentados dados de diferentes instituições. Segundo o relatório, essas informações envolvem a identificação do crime de tráfico de pessoas, desde a construção de seu conceito até a diversidade de fatores que levam à alta falta de notificação pelas diferentes instituições.
“Entre esses fatores está o próprio desconhecimento que muitas vezes as vítimas têm sobre a sua condição e a falta de conhecimento tanto do cidadão comum, quanto dos próprios agentes públicos encarregados de atuar sobre essas situações, mas que desconhecem as características do fenômeno e acabam não tomando as medidas cabíveis relativas à prevenção e o controle de ocorrências de tráfico de pessoas”, informa o relatório.
Dados da Divisão de Assistência Consular do Ministério das Relações Exteriores mostram que, em 2013, houve um total de 62 vítimas brasileiras no exterior. Destas, 41 (66%) foram de tráfico para exploração sexual e 21 (34%) de trabalho escravo.
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Outro dado importante apresentado no relatório foi da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República que registra um aumento de denúncias recebidas sobre tráfico de pessoas de 2011 a 2013, de 26 para 218, quadruplicado, entre 2011 e 2012. O número total de vítimas em 2013, de acordo com as denúncias feitas à secretaria, foi 309, cerca de dez vezes maior ao número de 2011 (32), e o dobro do ano anterior (170).
Disque 100
Para os dados do Disque 100 da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) há uma concentração maior de mulheres do que de homens em todos os anos. As vítimas se concentram nas faixas etárias correspondentes às crianças e adolescentes, e a maior parte das foi reportada pelos denunciantes como brancas, seguidas de pardas e de pretas.
No Ministério do Trabalho e Emprego observa-se que a partir de 2007, o número de pessoas resgatadas, em condições análogas à escravidão vem decrescendo. O número de trabalhadores imigrantes resgatados têm aumentado nos últimos anos.
Os dados do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes do Sistema de Informação de Agravos de Notificações do Ministério da Saúde apresentam informações semelhantes em que a maior parte dos casos atendidos foi de vítimas do sexo feminino, até 29 anos de idade. Quanto às características dos traficantes, o sistema fornece informações sobre o sexo dos suspeitos de tráfico de pessoas e, de acordo com as notificações feitas pelas vítimas, em cerca de 80% dos casos os agressores são do sexo masculino.
O relatório informa ainda que a Polícia Federal instaurou 343 inquéritos em 2013, não havendo alteração em relação ao ano de 2012, que foi de 348 procedimentos policiais. De acordo com os dados do Ministério Público Federal, no ano de 2013, foram registradas 30 denúncias e 24 ações penais autuadas sobre tráfico interno e internacional de pessoas para fins de exploração sexual.
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