BACURI - Os pais dos oito adolescentes que morreram no acidente em Bacuri e as vítimas que sobreviveram à tragédia prestaram depoimento na Delegacia de Polícia Civil em Bacuri durante toda esta terça-feira (6). As testemunhas foram ouvidas pelo delegado Felipe Gonçalves, titular do 1º Distrito Policial de Pinheiro. Na segunda-feira, o delegado ouviu o motorista do caminhão que se chocou contra a caminhonete que transportava os estudantes.
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De acordo com o delegado, não resta dúvida de que a camionete estava sendo conduzida pelo adolescente, identificado apenas como Alan, que é filho adotivo do motorista Rogério Azevedo Rocha. “Assim como o motorista do caminhão falou ontem em depoimento, as testemunhas de hoje afirmaram que um menor de idade é quem dirigia a D20. Mas quanto à posição do motorista da camionete na hora do acidente, o caminhoneiro disse que ele ia na parte de trás, mas quem 'tava' no veículo afirma que Rogério ia do lado de fora do carro”.
Ainda de acordo com Felipe Gonçalves, as vítimas que sobreviveram relataram que essa foi a primeira vez que Alan dirigiu a camionete. O acidente aconteceu porque o adolescente desviou do caminhão para proteger o pai que estava pendurado do lado de fora, quando o Rogério percebeu que o carro tinha mudado de direção puxou o volante, e a camionete perdeu o controle e colidiu com o caminhão. Após o acidente, Alan não foi mais visto na região. Há rumores de que ele fugiu para outro Estado.
O Imirante.com conversou com os pais dos estudantes que morreram. Eles relataram que o motorista da camionete costumava ingerir bebida alcoólica e não teria carteira de habilitação. “Ele foi muito irresponsável. Nós sabemos que ele bebe muito, inclusive no dia que foi buscar os meninos, ele bebeu. Ele não tem nem habilitação”, afirmou Nazilson Oliveira, pai da adolescente Nayara Pereira que morreu no acidente.
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Os pais disseram que, além de saberem que Rogério bebia, também sabiam que o transporte não era adequado para conduzir os estudantes, mas não adiantava reclamar, pois os gestores públicos não atendem aos revindicações da população. “A gente via as condições, mas sempre ficamos humilhados pelos administradores. Votamos neles e, depois, eles nos esquecem. E, quando a gente vai reclamar, eles não atendem”, desabafou Gilson Lima, padrasto de Audaleia Rabelo, 15 anos, que, também, morreu na tragédia.
Outro fato relatado pelos pais dos adolescentes foi que, há cerca de um mês, homens armados assaltaram a camionete no meio da estrada. Eles chegaram a procurar a prefeitura, mas ninguém os recebeu.
Atendimento médico
Os pais das adolescentes disseram, ainda, que foram mal recebidos pelo médico, identificado apenas como Patrick, no hospital municipal de Bacuri. Segundo Lauremilson Farias, pai das vítimas Samyly Costa Farias, 14 anos, e Emyly Costa Farias, 16 anos, no dia da tragédia, a sua filha mais velha chegou a ser socorrida, mas não havia equipamento, e o médico não queria atender as vítimas. “Minha filha foi para o hospital, mas quando chegou lá não tinha equipamentos, e o médico foi muito grosseiro. Se minha filha tivesse sido atendida de forma correta, talvez ainda estivesse viva”, declarou Lauremilson.
Após ouvir os depoimentos, o delegado Felipe Gonçalves afirmou que não resta dúvidas quanto à culpa do motorista da camionete. Ao ter dado a direção do veículo a um menor de idade, ele contribuiu para que o acidente acontecesse. E informou que vai oficializar os secretários de Educação e Transporte do município para saber como foi feita a contratação da empresa responsável pelo veículo que transportava os 25 alunos.
“Queremos saber qual a relação da prefeitura com o dono da D20 e se o veículo era legalizado. Além disso, o prefeito poderá ser chamado para prestar esclarecimentos”, afirmou.
Pais esperam justiça
“Eu sei que nenhum dinheiro, ou qualquer outra coisa vai trazer meu filho de volta, mas eu quero que os culpados paguem. Todos esses que morreram eram jovens cheios de vida e com muita coisa pela frente. Não podemos nos conformar com isso. Vou lutar para que haja justiça e outras pessoas não passem pelo que eu estou passando”, disse Maria Edileusa Rocha, mãe do adolescente Carlos Vinícius Rocha, 15 anos.
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