Estudantes da rede pública produzem software de foguete de Alcântara
A atividade concretiza as ações do projeto Cientistas de Alcântara e representa um marco histórico ao aproximar estudantes quilombolas das tecnologias espaciais e do CLA.
ALCÂNTARA - Estudantes do Centro Educa Mais Professor Aquiles Batista Vieira, da rede estadual de ensino, participam, nesta quarta-feira (17), em Alcântara, do evento de observação do lançamento do primeiro foguete orbital espacial Hanbit-Nano, realizado pela empresa sul-coreana Innospace. A atividade concretiza as ações do projeto Cientistas de Alcântara e representa um marco histórico ao aproximar estudantes quilombolas das tecnologias espaciais e do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA).
A participação dos alunos ocorre no âmbito do projeto Cientistas de Alcântara, iniciativa desenvolvida em parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), a Agência Espacial Brasileira (AEB), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a Fundação Sousândrade e a Secretaria de Estado da Educação (Seduc). O projeto promove a educação científica e tecnológica com foco na inclusão social, no engajamento comunitário e no desenvolvimento de soluções para desafios locais.
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15 escolas do município de Alcântara participantes
Ao todo, participaram 15 escolas do município de Alcântara, cerca de 300 estudantes e 30 professores, a partir de um processo de escuta ativa das comunidades, capacitando professores e estudantes para o desenvolvimento de pesquisas de iniciação científica, utilizando tecnologias espaciais e uma abordagem multidisciplinar que integra Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (STEAM). Durante o projeto, também foram elaboradas oficinas de foguetes, robótica e inteligência aeroespacial, onde os estudantes do Centro Educa Mais Professor Aquiles Batista se destacaram e foram selecionados para integrar diretamente a missão espacial, representando todos os estudantes maranhenses.
Produção do software embarcado do satélite educacional PION-BR2
Segundo o coordenador do projeto e professor do curso de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Maranhão, Alex Barradas, a escola passou a atuar na produção do software embarcado do satélite educacional PION-BR2 – Cientistas de Alcântara, desenvolvido em cooperação tecnológica com a empresa Pion. “O projeto contou com a participação direta de vinte estudantes e três professores do Centro Educa Mais Aquiles Batista na programação e na montagem do software que foi inserido no satélite”, destacou.
A participação dos professores da rede estadual no processo de integração do satélite ao foguete também representa um feito inédito para a educação pública maranhense. Atuando de forma direta e qualificada, os educadores acompanharam as etapas técnicas de integração da carga útil, vivenciando, na prática, procedimentos até então restritos a especialistas do setor aeroespacial. Esse envolvimento consolida o protagonismo das comunidades de Alcântara no primeiro lançamento comercial orbital realizado a partir do território brasileiro.
Protagonismo das comunidades quilombolas em Alcântara
Para o gestor do Centro Educa Mais, Domingos Pedro Amorim, o projeto representa um passo fundamental para romper barreiras históricas e fortalecer o protagonismo das comunidades quilombolas. “Foi possível aproximar nossos alunos das tecnologias espaciais e mostrar que o alcantarense pode participar desse processo. Nossa escola tem capacidade de se envolver em projetos científicos de alta complexidade”, afirmou.
O lançamento representa não apenas um avanço para o setor espacial brasileiro, mas também um marco formativo para as comunidades estudantis envolvidas. Essa vivência fortalece a autoestima científica, inspira novas trajetórias acadêmicas e demonstra, de maneira concreta, que o futuro da tecnologia espacial brasileira também é construído por mãos maranhenses, quilombolas e estudantis.
Além do desenvolvimento tecnológico, o satélite levará ao espaço mensagens dos estudantes de Alcântara, que poderão ser captadas por estações de telemetria em diversas partes do mundo. Após o lançamento, uma estação será instalada na escola, permitindo que os estudantes acompanhem o satélite em órbita e interajam com as mensagens transmitidas.
A estudante Anne Vitória Ribeiro Carvalho, de 17 anos, da 3ª série do Ensino Médio, relata que as formações em programação, ondas de rádio e matemática contribuíram diretamente para seu projeto de vida. “Foi uma experiência empolgante. Eu sempre aprendia algo novo e consegui me aproximar ainda mais do meu objetivo de seguir na área de Ciências e Tecnologia”, contou.
A participação de estudantes da própria comunidade de Alcântara é uma iniciativa que reforça o protagonismo e valoriza a educação pública, valorizando saberes locais e ampliando as oportunidades para os estudantes da rede estadual.
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