Sexo com Nexo: O tempo que a gente dividiu com outra pessoa faz parte de quem somos
(Não adianta tentar apagar)
Enquanto assistia a uma nova campanha de carros, fui tocada por uma emoção inegavelmente gostosa. Ver a Elis Regina cantando "Como Nossos Pais" com a Maria Rita, despertou meu lado criança tentando entender outra música que ela interpretava sem igual: "Atrás da Porta".
É que naquela época, não fazia o menor sentido (na minha cabeça) você amar tanto alguém e ser capaz de "maldizer o lar, sujar seu nome e humilhar pra se vingar a qualquer preço". Adorar pelo avesso é uma contradição que só interpreta quem experimenta, só sabe quem vive. Eu, criança, jamais teria aquele repertório.
E então a gente cresce. Mesmo que a maturidade emocional demore mais um pouquinho (algumas vezes a gente parte e ela nem chega), os relacionamentos começam a acontecer e o repertório que a gente não tinha, vai sendo construído no álbum de fotografias.
Costumo pensar que as pessoas permanecem nas nossas vidas o tempo suficiente para ensinar e aprender. Depois que já ensinamos e aprendemos, os relacionamentos findam. Isso é simples. O não-simples é a dor que todo esse processo carrega. Viver em sociedade exige disputa, luta, conflito e confronto. Tudo isso machuca. Tudo isso dói.
Então, na dor, alguns rasgam as fotos, outros apagam dos registros, mas fica na memória um álbum acessado unicamente por nós, com pelo menos três momentos felizes já vividos em cada relação.
Lamento a sua dor e lamento a minha dor também, porque ninguém apaga o tempo. E o tempo que a gente dividiu com outra pessoa faz parte de quem somos.
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E sobre o tempo, ele é inapagável mesmo. Não importa se foram 2 meses ou 20 anos. Ninguém pode comprar de volta esse tempo que passou e direcioná-lo para outra pessoa. O tempo, além de inapagável, também é impagável.
E é aqui que entra a minha lembrança e viagem na música "Atrás da Porta". Amar é um processo de aprendizagem que às vezes dói. Ver o fim de um processo que nos custou tempo de vida para aprender, dói também. A nossa luta é sobre o tempo, porque o tempo é a nossa vida.
E sobre o que não temos controle, porque já aconteceu, só nos resta de consolo um grito e alguns palavrões pra aliviar. É o que acontece quando tropeçamos numa pedra. Sabe aquelas topadas que arrancam a unha, e instantaneamente sai da nossa boca uma palavra não bem quista, e aos berros?
Eu já dividi meu tempo várias vezes. Já dei vários tropeços em pedras diferentes no caminho. Muitas vezes eu suportei a dor. Outras vezes, frágil e imatura, olhei pra trás e xinguei "pedra feia".
Quem nunca agiu como criança, buscando um culpado pela dor que experimenta, que atire a primeira pedra.
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