A solidão da mulher que tem companhia
(uma lacuna quase impossível de preencher)
Arlete é casada com Carlos. Estão juntos há muitos anos, e apesar de compartilharem a mesma casa todos os dias, ela ainda se sente sozinha. O marido é presente e carinhoso, mas existe uma solidão silenciosa que a acompanha. Não sabe explicar, mas sente. Não sabe de onde vem, mas quer aprender a se livrar dela.
Me pergunta se é normal se sentir assim, mesmo com alguém tão parceiro ao lado. Digo que a solidão não é sobre estar fisicamente sozinha, mas a minha resposta não parece ter ajudado muito. Ela chora. Se sente incompreendida. Por fim, começa a me falar de uma barreira invisível entre eles, uma lacuna quase impossível de preencher.
Quando juntos, ela tenta se conectar. Diz que tenta mesmo. Tem consciência de que compartilhar seus pensamentos e sentimentos mais profundos pode ajudar. Mas existe uma parte dela que se mantém sempre reservada, com medo de ser julgada ou incompreendida. Taí. É a falta de conexão emocional que é percebida por ela como solidão. E assim o grito ecoa num esvaziamento doloroso.
Naquele momento, questionamentos diversos: "a culpa é minha?", "Existe algo errado comigo?", "Sou exigente demais, esperando por algo que não existe?" (...) mas observar pessoas em relacionamentos sinceros nos aponta para uma possibilidade de conexão genuína. Sugeri processo terapeutico e assim ela fez.
Não foi preciso tanto tempo até que ela aprendesse que a solidão que sentia não poderia ser solucionada por outra pessoa. Não era responsabilidade do marido curar essa dor. Ela precisava "encontrar o seu próprio caminho para a felicidade".
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Embarcou em uma jornada de autoconhecimento e autodescoberta. Aprendeu a explorar o seu corpo, os seus sentimentos e as suas paixões - até encontrar prazer no que realmente a fazia feliz. Buscou conexão com outras pessoas que compartilhavam suas ideias e crenças, aprofundou suas amizades mais próximas.
Sua autonomia chegou, a solidão começou a diminuir. Ela já não dependia de outra pessoa para encontrar sua felicidade. Arlete já enxergava aquela solidão como um sinal de que ela precisava se amar e se superar. Sem isso, não podemos nos conectar plenamente com ninguém.
O relacionamento mudou. O sexo mudou. Ela estava mais aberta e disposta. Eles começam a se comunicar mais intensamente. Construíram uma conexão emocional verdadeira.
Aquela sensação de solidão não desapareceu completamente, mas Arlete agora sabe lidar com ela de maneira saudável. Mesmo com um marido amoroso, tem momentos em que a gente precisa do nosso próprio espaço. Quem tem a si mesma, nunca está sozinha.
E isso tudo fala sobre a sexualidade. Percebe disso?
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